Polícia

Menina de 14 anos é baleada durante confronto com a PM em festa julina em Cariacica

Confusão aconteceu na madrugada deste sábado (16) no bairro Santo Antônio. A vítima passou por uma cirurgia e segue internada em um hospital de Vila Velha

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Menina de 14 anos foi ferida na perna

Uma menina de 14 anos foi baleada na madrugada deste sábado (16), enquanto voltava de uma festa julina da comunidade do bairro Santo Antônio, em Cariacica. O disparo foi pela Polícia Militar, durante um confronto entre moradores e policiais, ocorrido por causa de carros de som.

Moradores que estavam no local registraram momentos da confusão. Nas imagens, é possível ver a fumaça provocada pelas granadas de gás lacrimogêneo e militares com armas de cano longo, disparando tiros de borracha. Veja abaixo:

Antes do ocorrido, a praça do bairro estava ocupada com famílias e crianças que se divertiam durante a festa julina da comunidade. Um homem de 54 anos que estava no evento contou que, de repente, começou uma correria.

Durante a ação para dispersar os participantes, a vítima de 14 anos acabou sendo ferida. Ela foi baleada no joelho por um tiro de arma de fogo enquanto voltava para a casa da amiga.

Um dos organizadores da festa disse que não saber o motivo da confusão. Ele afirmou que a festa tinha autorização da Prefeitura de Cariacica e contava com a presença de policiais militares. 

De acordo com o boletim de ocorrência, um reforço foi chamado porque havia carros de som tocando música com volume alto no entorno da pracinha. Seria por volta de meia-noite e, segundo o documento, a festa da comunidade já havia acabado.

Os policiais militares que já estavam no local, por causa da festa, haviam pedido algumas vezes para que os donos dos veículos abaixassem o volume da música, mas assim que os PMs se afastavam, eles aumentavam novamente.

Ainda de acordo com o boletim, quando os militares do reforço chegaram, foram recebidos com pedradas e garrafadas. Por isso lançaram granadas de gás lacrimogêneo. 

Mas algumas pessoas continuaram lançando pedras e garrafas. Foram disparados mais de 30 tiros de balas de borracha. Quando a situação foi controlada, um carro avançou na direção dos policiais. 

Um deles, então, atirou duas vezes com a arma de fogo para evitar que um colega fosse atropelado. Ele acertou o pneu dianteiro do veículo, mas atingiu também a perna da menina, que estava em uma calçada.

O Samu foi acionado e uma ambulância levou a adolescente para o hospital. De acordo com a irmã da adolescente, ela passou por uma cirurgia e continua internada no Hospital Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha. 

O motorista do carro que, segundo o boletim de ocorrência, avançou na direção dos militares, foi identificado. Um outro homem de 26 anos foi conduzido para a Delegacia Regional de Cariacica por ter resistido à abordagem policial.

Na pracinha, ainda ficaram as bandeirolas e até mesmo uma das barraquinhas. O evento, que tinha ate banner de divulgação, foi organizado pelos comerciantes e continuaria neste sábado. Mas o clima já não é mais o mesmo.

Prefeitura de Cariacica diz que evento não tinha autorização

A Prefeitura de Cariacica foi procurada e informou que não havia autorização para realização da festa na praça. Também não havia autorização da Gerência de Trânsito da Secretaria de Defesa Social (Semdefes) para a interdição da rua. "Em relação ao policiamento, ele é solicitado pela organização do evento à Polícia Militar", complementa a nota.

Porém, um dos organizadores da festa julina enviou para a reportagem um documento referente à autorização para interdição da via para o evento nos dias 15 e 16 de julho, das 20h às 22h. O documento é assinado pela PM e pela prefeitura.

Foto: Reprodução/ WhatsApp TV Vitória

Novamente procurada, a prefeitura respondeu que a Gerência de Trânsito da Secretaria de Defesa Social informou que é a Polícia Militar que deve homologar a autorização de eventos em espaços públicos. "Diante da negativa da PM em autorizar o evento, a autorização previamente concedida pela Prefeitura de Cariacica torna-se sem efeito", acrescentou.

A Polícia Militar foi questionada sobre o seu parecer emitido no documento. Quando houver resposta, a matéria será atualizada.

Em nota, a Polícia Civil informou que o homem que dirigia o carro assinou um termo circunstanciado pelo crime de resistência e foi liberado após assumir o compromisso de comparecer em juízo. 

*Com informações da repórter Fernanda Batista da TV Vitória/Record TV

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