Polícia

Aposentada diz ter sido estuprada por suposto enfermeiro em hospital de Vila Velha

Crime teria acontecido no último sábado, quando a vítima foi internada na unidade. Ela afirma que estava dopada quando sofreu os abusos

Uma aposentada de 48 anos afirma ter sido vítima de abuso sexual enquanto estava internada em um hospital particular de Vila Velha. O crime teria sido cometido por um homem que se apresentou como enfermeiro da unidade de saúde, no último sábado (18).

A vítima afirma que possui uma doença respiratória grave e que estava dopada e respirando com a ajuda de um balão de oxigênio quando os abusos ocorreram. Pelo celular, a mulher conseguiu fazer um vídeo que mostra parte da ação cometida pelo suposto enfermeiro.

A aposentada havia dado entrada no hospital no sábado e, assim que chegou ao quarto, foi recebida por um homem, que se apresentou como enfermeiro do plantão. Ela afirma que os assédios começaram assim que o suspeito entrou no quarto.

"Ele já foi logo falando umas palavras que não tinham nada a ver com a profissão dele, pedindo para me examinar. E começou a enfiar a mão na minha blusa, por dentro, passando a mão nas minhas costas, pegando no meu bumbum. Aí eu saía fora dele, pedia para ele parar. Ele saía, batia a porta e voltava. Mas ele continuava dentro do quarto e, nisso que ele veio, já veio com tudo, tentando me levar para o banheiro para ter relação comigo", contou.

A mulher conta que depende de um balão de oxigênio e de dezenas de medicamentos para viver. A vítima afirma que estava dopada e entubada quando foi molestada.

"Eu fico totalmente lesada. Eu sinto que as pessoas estão ali, eu sinto que elas estão mexendo comigo, mas eu apago. Eu acordo, mas eu não tenho reação. Para tentar me livrar dele, do que eu estava passando, eu aceitei colocar a mão. E ele continuou ali comigo, em cima de mim. Não deu para filmar, porque eu sabia que se ele visse ele ia me estrangular e eu tenho insuficiência respiratória crônica", contou.

A aposentada disse ainda que teve medo de comunicar o fato à direção do hospital. "Se eu contasse, como a direção não tomou providência nenhuma, nem apareceu ninguém, eu tinha medo que eles falassem que era mentira e pegassem meu celular e quebrassem ou me estrangulassem", afirmou.

A paciente conta que, no dia seguinte ao fato, acionou o Ciodes. A Polícia Militar foi até o hospital, mas o plantão já tinha acabado e o funcionário ido embora.

"Eu liguei para a polícia e eles perguntaram: 'minha senhora, você tá passando mal, sentindo dor'. Eu falei: 'não, foi tentativa de estupro'. Aí o policial falou: 'vou mandar deslocar uma viatura agora para aí'. Em menos de três minutos já tinha uma viatura, já tinham uns policiais dentro do quarto. Peguei o vídeo que eu tinha feito, passei para os policiais e eles falaram: 'nós não temos condições de tirar a senhora nesse estado que a senhora está. A senhora está lesada'. Naquele dia que eu conversei com os policiais eu ainda estava sob efeito de muita medicação", lembrou.

Os PMs ouviram a vítima e encaminharam o caso para a Polícia Civil. A investigação é conduzida pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Vila Velha.

A defensora pública Gabriela Larrosa, do Núcleo de Direitos Humanos, analisou as imagens feitas pela vítima. Para a defensora, o vídeo expõe claramente uma tentativa de estupro.

"Aparentemente essa pessoa se coloca como não desejando estar naquela situação, então poderia ser caracterizado como estupro. E, para além disso, por ela estar acamada e fazendo uso de medicamento, pode-se entender, ao longo das investigações, que ela não estava em condições de discernir o que estava acontecendo. Então, dentro dessa situação de não poder discernir, de não ter capacidade de dizer sim ou não a determinados atos, pode ser compreendido também que a vítima é uma vulnerável. Aí se enquadraria em um estupro de vulnerável", explicou.

"Primeiramente vai ser feita uma investigação e, se houver indícios suficientes de autoria e materialidade, pode já ser decretada a própria prisão preventiva, por ser um crime grave. E além dessa persecução criminal, com prisão preventiva e, posteriormente, uma sentença condenatória a uma pena em regime fechado ou semiaberto, dependendo das condições do réu, ele pode ser também responsabilizado pelo Código de Ética da profissão e, inclusive, o próprio hospital também pode ser responsabilizado por ter colocado um profissional que agiu dessa forma antiética e cometendo crimes contra os próprios pacientes", completou a defensora.

As imagens também foram apresentadas para o enfermeiro fiscal do Conselho Regional de Enfermagem, que afirmou que o suspeito pode sofrer sanções.

"A gente está vendo um recorte em que me parece uma situação de assédio e a gente precisa apurar. O Código de Ética disciplina cinco penalidades, que vão de uma advertência verbal, multa, censura, suspensão do exercício da profissão por até 90 dias ou até a cassação, que é a perda do registro profissional", ressaltou.

Hospital

A reportagem da TV Vitória/Record TV está em contato com o Hospital Vila Velha desde segunda-feira (20). Já foram pedidas informações pessoalmente na recepção, mas a reportagem ainda não foi atendida. Por telefone, a assessoria de imprensa não deu retorno e, por e-mail, o hospital informou que está apurando internamente o ocorrido e pediu mais tempo para responder.

O hospital não confirmou nem mesmo o nome e a função do homem que aparece no vídeo. A vítima não soube informar o nome completo do homem e disse que ele se apresenta como enfermeiro do hospital e estava com crachá.

A paciente afirma que, depois de sábado, não viu mais o homem que a teria molestado. Ela recebeu alta na segunda-feira à tarde e também alega que não conseguiu levar para casa uma cópia do prontuário médico, documento ao qual tem direito e onde são registrados os nomes de todos os profissionais que a atenderam.

"Pretendo tomar minhas providências, já falei com meu advogado. Não vai ficar assim, porque foi muito humilhante. Se ele é capaz de fazer isso comigo, que tem problema, imagina com outras pessoas", frisou.

Veja o vídeo:


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