Polícia

Em sete meses, 10 crianças foram vítimas de bala perdida no Espírito Santo; três delas morreram

A maior parte das vezes, o fato aconteceu em áreas dominadas pelo tráfico, em confrontos entre criminosos

Foto: Reprodução TV Vitória

Em um período de sete meses, 10 crianças foram atingidas por bala perdida no Espírito Santo, destas, três não resistiram e morreram. Na maior parte das vezes, o fato aconteceu em áreas dominadas pelo tráfico, em confrontos entre criminosos.

No mesmo período do ano passado, o número era um pouco maior. Um total de 12 crianças foram vítimas de bala perdida. Apesar da leve redução, a quantidade ainda assusta.

Uma dessas vítimas é uma menina de 12 anos, baleada na barriga. Ela ainda se recupera, mas as consequências ainda seguirão por um longo período.

A bolsa de colostomia e as cicatrizes na barriga agora são parte da rotina da menina. Ela foi baleada em fevereiro deste ano no Morro do Romão, em Vitória, quando voltava da casa da tia.

A mãe dela, que tem medo de ser identificada, lembra da angústia que passou. "Foram atingidos três órgãos dela: uretra, bexiga e intestino. Eu só pensava no pior. Pedia a Deus pelo melhor, mas só pensava no pior”, diz.

A filha dela foi mais uma que entrou para as estatísticas de violência. A realidade invadiu a vida da dona de casa e mudou os hábitos. "A gente fica uma pilha, você tem medo de tudo. É algo que muda a rotina da gente, porque a gente fica com medo”, conta.

Baleada no colo da mãe

Em maio deste ano, uma criança foi baleada quando estava no colo da mãe no bairro das Laranjeiras, na Serra. Os dois desciam de um ônibus quando um carro passou com os ocupantes disparando.

Já em março, um menino, de apenas um ano, foi baleado no pé durante um tiroteio em Nova Brasília. Um mês antes, uma menina, de 3 anos, foi atingida na barriga durante um confronto armado em Santo Antônio, na Capital.

Para o defensor público Hugo Fernandes Matias, as famílias vítimas desse tipo de violência precisam procurar por seus direitos, “A Defensoria Pública do Espírito Santo já está organizada pelos seus núcleos para o atendimento. O atendimento principal, nestas situações, são a orientação jurídica. Muitas pessoas têm dúvidas e a Defensoria está preparada para atender essas pessoas”, afirmou.

No caso da menina de 12 anos, ela não pode nem ir à escola e enfrenta dificuldades financeiras para prosseguir com o tratamento. “Não pode nem ir a escola, com medo de machucar ou pegar uma infecção. Nem sempre a gente tem a passagem para buscar o que é preciso para o tratamento.”, disse a mãe.

Ainda com medo de tanta insegurança, a família da criança preferiu se mudar de bairro. “Do jeito que tá, só tende a piorar. Nós que somos mães, precisamos sempre orientar aos nossos filhos”, desabafa.