Polícia

Falso médico liga para quarto de hospital e tenta aplicar golpe de R$ 5 mil

No telefonema, o golpista teria dito que o filho da vítima estaria com câncer e que precisaria passar por um novo procedimento

Foto: Divulgação

Um golpista, se aproveitando do momento frágil de uma mãe com o filho internado no hospital, se passou por médico e tentou aplicar um golpe de R$ 5 mil ligando para o quarto em que o filho da vítima estava. Por telefone, o falso médico teria dito que o filho dela tinha câncer.

João Pedro, um adolescente saudável e que pratica exercícios físicos, deu entrada no hospital com dores abdominais. O diagnóstico: apendicite.

Foto: Reprodução TV Vitória
João Pedro foi diagnosticado com apendicite
"Era umas 2h20 quando ele foi internado para fazer a cirurgia, porém nós fomos orientados de que não tinha equipe de cirurgião pediátrico no hospital e que eles iriam entrar em contato, que a equipe iria para o hospital mas que eles não conseguiriam nos passar um horário definido. Colocaram ele em um repouso porque não tinha leito, mas ele ficou bem acomodado e na medicação", contou a mãe do adolescente, a secretária Tatiana de Carvalho Batista.

A cirurgia foi delicada e a mãe ficou preocupada. Tatiana lembra que foi ao lado do filho no quarto de hospital que recebeu a ligação inesperada. Do outro lado da linha, o suposto médico do filho se apresentou.

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De acordo com ela, o homem se apresentou como "Dr. Marcelo", que seria responsável pela equipe de laboratório do hospital e que estava com os exames de João Pedro.

Com o tempo, a conversa com o suposto médico foi ficando ainda mais preocupante. "A gente está em reunião porque encontramos algumas alterações no sangue dele e eu preciso do contato da senhora", teria dito o falso médico por telefone, que também questionou sobre quem iria acompanhar o garoto durante a internação.

Nervosa e aflita com tudo o que estava escutando, a mãe do adolescente decidiu gravar a ligação. Ela falou que teve medo de não lembrar das palavras do homem que se dizia doutor, que chegou, inclusive, a utilizar termos da medicina parecendo dominar o assunto.

Veja abaixo algumas das frases utilizadas pelo golpista:

Foto: Reprodução TV Vitória
Foto: Reprodução TV Vitória
Foto: Reprodução TV Vitória
Foto: Reprodução TV Vitória

Mãe do adolescente começou a juntar o dinheiro

Acreditando no suposto médico, Tatiana começou a levantar esse dinheiro entre familiares e a tentar achar as causas do filho desenvolver uma leucemia sem histórico na família e sem ingerir medicamentos.

"Eu perguntei se meu filho tomava alguma coisa na academia e ele dizia que só o pré-treino que comprava na academia e até me mandou as informações", disse a mãe, que enviou os detalhes do produto para o médico.

Tudo mudou quando a avó de João Pedro decidiu enviar os áudios da gravação para uma médica da família. Na mesma hora ela percebeu que havia algo de errado na história.

Até procurar a equipe do hospital, Tatiana passou algumas horas desesperada. Foi quando a mãe se dirigiu ao balcão da enfermeiras e explicou a situação. Elas teriam a alertado de que esse tipo de situação se tratava de um golpe.

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Uma das enfermeiras explicou que nenhum médico entra em contato por telefone, nem mesmo passa um diagnóstico dessa maneira e que se tivesse alguma coisa com o filho dela, tudo seria tratado pessoalmente. 

Mesmo com o hospital atestando o golpe, Tatiana demorou a acreditar. Com isso, ela resolveu entrar em contato com o médico novamente, mas ele sumiu. A equipe de jornalismo da TV Vitória/Record TV tentou conversar com o falso médico, mas sem sucesso.

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A mãe do adolescente registrou um boletim de ocorrência e no serviço de atendimento ao consumidor (SAC) do hospital ela foi avisada que a instituição possui outros registros de casos semelhantes e que estão investigando se são funcionários que estão passando informações confidenciais de pacientes.

A Polícia Civil informou que o caso seguirá sob investigação do 13º Distrito Policial e nenhum suspeito foi detido até o momento.

O Vitória Apart Hospital informou que emite alertas constantes aos pacientes e responsáveis de que não realiza contato telefônico solicitando qualquer operação financeira. O hospital afirma ainda que possui rígido código de ética e conduta e rigorosa política de proteção de dados pessoais.

* Com informações da repórter Nathalia Munhão, da TV Vitória/Record TV.