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Migração ilegal no ES: recrutados pagavam até 30 mil dólares para investigados pela PF

De acordo com a Polícia Federal, os recrutados foram encontrados em condições precárias, inclusive, em barracas de camping em uma residência localizada em Fundão

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação/Polícia Federal

Uma dupla investigada pela Polícia Federal por promover migração ilegal do Espírito Santo para os Estados Unidos cobrava dos recrutados uma taxa de até 30 mil dólares. De acordo com a PF, a quantia era paga pelo “pacote de serviços” que garantiria a chegada em solo americano.

Os agentes cumpriram na manhã desta sexta-feira (24) um mandado de busca e apreensão em uma residência na cidade de Fundão, onde foram encontradas 10 pessoas, entre elas, duas crianças com três e nove anos e outros dois adolescentes, de 14 e 17 anos. 

Na casa, segundo a PF, a dupla estabeleceu um local onde os migrantes aguardavam pela preparação de documentos, compra de passagens e demais arranjos necessários para a entrada irregular no país americano.

Os recrutados foram encontrados em condições precárias, inclusive, em barracas de camping. Inicialmente, eles confirmaram as suspeitas da PF e seguiram para a Superintendência para serem ouvidos e liberados. Os investigados não foram detidos. Tanto a dupla, quanto às vítimas são mineiras.

De acordo com a PF, os investigados atuariam recrutando pessoas no Espírito Santo e Minas Gerais com a finalidade de promover sua emigração ilegal do Brasil para os Estados Unidos, passando pela fronteira do México.

O delegado Ivo Roberto conversou com a produção da TV Vitória/ RecordTV e explicou sobre os perigos no percurso das viagens. 

"A região de fronteira é muito hostil. Para essa travessia a pessoa precisa saltar um muro de quase 30 metros de altura, caminhar por um deserto em ambiente desconhecido das pessoas com temperaturas altíssimas, tem que cruzar rios, saber nadar e, às vezes, infelizmente, muitas pessoas falecem nesse percurso", relatou. 

O delegado ainda informou que as pessoas que estavam aguardando para embarcar foram ouvidas e orientadas a retornarem à cidade de origem. 

"Elas confirmaram que aguardavam para iniciar a viajem e que pagaram o valor estipulado. Foram orientadas a não embarcarem na viagem e a regressarem as cidades locais", esclareceu ele. 

Uma das pessoas investigadas, inclusive, já foi indiciada e presa pelo mesmo crime em investigações realizadas pelo Grupo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e ao Contrabando de Migrantes da Polícia Federal no Estado de Minas Gerais.

Segundo informações da polícia, os investigados poderão responder pela prática do delito de Promoção de Migração Ilegal (Art. 232-A do Código Penal). A pena que pode variar de dois a cinco anos e multa.

ES é o terceiro estado em número de migrantes ilegais

O número de brasileiros tentando ingressar ilegalmente nos Estados Unidos disparou neste ano. Estima-se que 150 brasileiros sejam detidos diariamente pelas agências policiais americanas, chegando a quase 5 mil por mês.

Não há dados que indiquem quantos brasileiros conseguem realizar a travessia organizada por grupos criminosos conhecidos por “coyotes”.

Em 2018, foram documentadas 1.589 apreensões de brasileiros que ingressaram ilegalmente no país. Já em 2019, esse número saltou para 17.890 apreensões. Em relação ao ano de 2020, em razão da pandemia da covid-19, o número de apreensões de brasileiros diminuiu, totalizando 7.014 casos.

Com a flexibilização das restrições, em 2021 foi registrado o recorde de apreensões de brasileiros. Até julho, foram 30.508 casos.

Os capixabas compõem o terceiro maior grupo nesse universo de detidos, atrás somente de Minas Gerais e Rondônia. 

A Polícia Federal alerta que apesar da mudança no governo americano com a eleição de Joe Biden, as regras migratórias americanas não foram flexibilizadas, que a travessia ilegal pela fronteira mexicana, além de cara, é perigosa e traz riscos inúmeros às pessoas.

 

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