Polícia

Número de mortes cometidas por PMs se deve ao aumento do efetivo, diz corregedoria

Essa é a avaliação do corregedor da PM sobre o resultado do 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que constatou crescimento na quantidade de pessoas mortas por militares

Pesquisa apontou aumento no número de pessoas mortas por policiais no Espírito Santo Foto: TV Vitória

O aumento do número de pessoas mortas por policiais no Espírito Santo pode ser explicado pela maior quantidade de PM's novatos em atividade. Essa é a avaliação do corregedor da Polícia Militar, coronel Ilton Borges, que, no entanto, não confirma que os dados apresentados pelo 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que constatou o crescimento do índice, sejam os mesmos da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).

De acordo com o corregedor, pelos números da pesquisa é possível concluir que a variação mais significativa ocorreu nos casos envolvendo policiais militares de folga. Segundo o levantamento, o número de pessoas mortas por PM's fora de serviço, no Espírito Santo, subiu de quatro para 13, entre 2013 e 2014. Para o coronel, uma das causas desse crescimento pode ser o aumento do efetivo da corporação.

"Tivemos um significativo aumento no efetivo da Polícia Militar nesse período. Portanto, em uma avaliação preliminar, podemos dizer que esses policiais recém-incluídos na corporação, que em sua grande maioria são jovens e saem de casa para se divertir, em seus momentos de folga, acabaram se envolvendo em grande parte dessas ocorrências. Até porque, muitas vezes, eles são vítimas da ação de delinquentes. Além disso, há uma frequência maior do encontro do policial com o indivíduo infrator", comentou o corregedor.

Ilton Borges ressaltou ainda que, mesmo com o crescimento apontado pela pesquisa, a proporção de policiais que se envolvem na morte de cidadãos é muito pequena se comparada a outros estados. "Em São Paulo e no Rio, por exemplo, a quantidade de policiais envolvidos em crimes é muito maior. E além do número muito alto de vitimização, muitas vezes são crimes que chocam a população, com abuso de autoridade. Nossa realidade é totalmente diferente e o número é baixo até mesmo em relação ao nosso efetivo. Mas isso não significa que estejamos em uma situação confortável", frisou o coronel.

O corregedor destacou também que a Polícia Militar tem se esforçado no sentido de aprimorar a atuação dos policiais e, consequentemente, diminuir a quantidade de ocorrências envolvendo militares. "Trabalhamos com base em duas vertentes, que é a do treinamento do policial e a do controle interno de sua conduta. Por um lado orientamos e treinamos os policiais na questão da abordagem, do manuseio e da utilização da arma e, do outro, reprimimos aquele que age com excesso", salientou.

O coronel Ilton Borges aproveitou para orientar a população a sempre procurar a Corregedoria da PM quando perceber que um policial cometeu algum excesso. "Nosso funcionamento é 24 horas por dia. Qualquer pessoa que tenha se sentido vítima de um policial militar ou tenha presenciado uma ação abusiva por parte dele pode nos procurar, que estamos disponíveis para receber essa denúncia, tanto por telefone quanto de forma presencial".

A Corregedoria da Polícia Militar fica no cruzamento da Rodovia Serafim Derenzi com a Avenida Maruípe, ao lado do Quartel da PM. O telefone é o 3636-8791.

Pesquisa

Dados do 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontaram que 25 pessoas morreram, em 2013, vítimas de ação policial, enquanto esse número subiu para 35 no ano seguinte. As mortes ocasionadas por policiais em serviço ficaram no mesmo patamar, passando de 16 para 17 nesse período. Já os policiais em folga foram responsáveis por quatro mortes em 2013 e 13 em 2014.

A pesquisa também aponta que, no ano passado, em todo país, 3.022 pessoas foram mortas pela polícia, uma alta de 37,2% em comparação com o ano anterior.

Ainda no Espírito Santo, outro ponto abordado pela pesquisa foi o número de policiais mortos em confrontos. Em 2013 foram registradas seis mortes e esse número caiu pela metade em 2014.

O levantamento do anuário também contou com uma pesquisa realizada em julho de 2015 pelo Datafolha em 84 municípios brasileiros com mais 100 mil habitantes. Essa pesquisa mostrou que 50% população acredita que bandido bom é bandido morto. Os dados revelaram também que 62% dos brasileiros têm medo de ser vítima por parte da Polícia Militar e 53% por parte da Polícia Civil.

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