Polícia

Ministério Público denuncia envolvidos no assassinato da médica Milena Gottardi

Os seis denunciados haviam sido indiciados no inquérito concluído pela Polícia Civil no último dia 18. Vítima foi morta no dia 14 de setembro

O Ministério Público Estadual (MPES) encaminhou à Justiça, no final da tarde desta sexta-feira (27), denúncia contra os seis indiciados pela Polícia Civil por participação no assassinato da médica Milena Gottardi. O policial civil Hilário Antônio Fiorot Frasson, ex-marido de Milena Gottardi, o pai dele, Esperidião Carlos Frasson, além de Valcir da Silva Dias, Hermenegildo Palauro Filho e Dionathas Alves Vieira foram denunciados pelos crimes de homicídio qualificado, feminicídio e fraude processual. Já Bruno Rodrigues Broetto foi denunciado pelo crime de feminicídio.

Além disso, foi pedida a conversão da prisão temporária em prisão preventiva dos seis denunciados, como forma de garantia da ordem pública e da instrução processual. Segundo a manifestação ministerial, a morte de Milena foi praticada com extrema frieza, premeditação e planejamento, por motivo abjeto, sem qualquer preocupação dos denunciados em deixar duas crianças sem a convivência com a mãe. Dessa forma, segundo o MPES, os denunciados são indivíduos de alta periculosidade, com histórico de envolvimento em crimes e temidos na região em que residem e que, em liberdade, intimidarão testemunhas.

Outra manifestação foi pelo encaminhamento das provas obtidas para serem juntadas ao procedimento administrativo disciplinar (Investigação Sumária), que tramita na Corregedoria-Geral da Polícia Civil contra Hilário, e em eventual procedimento administrativo (PAD) dele decorrente.

Inquérito

O inquérito da Polícia Civil foi concluído no último dia 18 e, em seguida foi encaminhado para o MPES, onde foi analisado por quatro promotores. Conforme os autos do inquérito policial, no dia 14 de setembro, por volta das 19 horas, no estacionamento do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hospital das Clínicas), Dionathas, a mando de Hilário e Esperidião e com a participação de Valcir, Hermenegildo e Bruno, efetuou disparos de arma de fogo contra Milena, que morreu no dia seguinte.

Segundo os autos, Hilário era casado com a vítima há 13 anos e passou a apresentar um comportamento agressivo e obsessivo para com a médica, o que levou ao fim da relação conjugal. O fato não foi aceito por ele e pelo sogro da vítima, Esperidião, que tomou a separação como uma ofensa à família. Dessa forma, segundo as investigações, ambos decidiram matar a médica e, com o auxílio de Valcir e Hermenegildo, contrataram Dionathas, pelo valor de R$ 2 mil, para cometer o crime. De acordo com a polícia, Bruno foi quem repassou a Dionathas a motocicleta usada na execução do crime.

Ainda segundo as investigações, no dia e hora do assassinato, Valcir e Hermenegildo foram ao hospital e entregaram a Dionathas a arma utilizada para efetuar os disparos. Por volta das 18 horas, Hilário teria telefonado para a vítima para se certificar de que ela estava no local e o horário que sairia de lá. Em seguida, telefonou para Esperidião, que repassou as informações para Valcir, de modo a concretizar a prática do homicídio.

Quando a vítima deixou o hospital e se aproximou do veículo com outra médica, no estacionamento, Dionathas anunciou um assalto, determinando que ambas entregassem os pertences. Sem que esboçassem reação, Dionathas efetuou disparos em regiões letais exclusivamente contra Milena, fugindo do local, em seguida, numa motocicleta.

Recompensa

Consta nos autos que o crime foi praticado por Valcir, Hermenegildo e Dionathas mediante promessa de recompensa feita por Hilário e Esperidião, denotando a torpeza da prática do crime pelos cinco denunciados. O crime revelou-se de motivação torpe em relação a Hilário, também, por ter determinado a morte da esposa em razão de não aceitar que ela pusesse fim ao casamento. Já Esperidião também agiu por motivo torpe, pois, com Hilário, determinou a morte de Milena por considerar um ultraje à família o fim do casamento.

Incide ainda no caso a qualificadora do feminicídio. O crime foi praticado contra mulher por razões do sexo feminino, com violência doméstica e familiar contra Milena, que foi executada por determinação de Hilário e Esperidião, cônjuge e sogro, respectivamente, situação que era do conhecimento de Hermenegildo, Valcir e Dionathas.

A execução da vítima arquitetada por Dionathas, Valcir, Hermenegildo, Hilário e Esperidião consistia em matar Milena simulando um roubo, para despistar a autoria do delito. Assim, de acordo com o combinado e agindo por determinação dos mandantes, após a execução do homicídio, Dionathas levou com ele o telefone celular de Milena, inovando artificiosamente o estado de coisa a fim de induzir a erro o juiz do caso, com a intenção de fazer parecer que se tratava de um crime de latrocínio para desviar a elucidação do crime e ocultar os verdadeiros autores do delito. Dionathas se desfez do aparelho logo após o crime e o celular não foi encontrado até o final das investigações.

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