Polícia

Caso de advogada morta por ex-noivo em 2017 na Serra vai a júri popular

Gabriela Silva de Jesus foi torturada, estrangulada e atropelada por Rogério Costa de Almeida, ex-noivo da vítima, com auxílio do amigo dele, Alexandre de Souza

Isabella Arruda

Redação Folha Vitória
Foto: Arquivo da Família

Finalmente um desfecho para um caso de feminicídio ocorrido em 24 de agosto de 2017 poderá ser obtido nesta quarta-feira (19), quando deverá ocorrer, na 3ª Vara Criminal da Serra, o júri popular dos acusados.

Trata-se da morte da advogada Gabriela Silva de Jesus, que foi torturada, estrangulada e atropelada por Rogério Costa de Almeida, ex-noivo da vítima, com auxílio do amigo dele, Alexandre Santos de Souza, em Colina de Laranjeiras, na Serra. Durante os mais de cinco anos que se passaram, os réus permaneceram presos preventivamente.

Sobre o caso, o advogado da família da vítima e assistente à acusação, Fábio Marçal, afirmou preferir se manifestar após o julgamento. De todo modo, antecipou que “está confiante na condenação dos réus”, disse.

Foto: Reprodução/Instagram

À ocasião do crime, os acusados estiveram com Gabriela por mais de cinco horas. Para dissimular o estrangulamento, causa da morte, os dois atropelaram a vítima com um veículo Fiat Idea, de cor preta.

À autoridade policial, à época, Rogério primeiro negou o crime, porém, mais tarde, chegou a confessar, informando sobre a participação de Alexandre. Durante audiência de custódia, os dois assumiram a autoria do feminicídio.

O ex da vítima não aceitava o término do relacionamento e, inclusive, teria se mudado para perto da residência de Gabriela, em Colina de Laranjeiras, na Serra, com a intenção de vigiá-la.

Na decisão que converteu a prisão em flagrante dos dois homens em prisão preventiva, o juiz Douglas Demoner Figueiredo chegou a frisar que o caso é mais um de lamentável machismo que continua a assombrar o Espírito Santo. Veja:

“No caso em testilha, além da violência e tortura perpetradas pelos autuados, se verifica a forma e o poder do patriarcado e do sexismo, onde o homem, achando-se proprietário da mulher, não respeita sua vontade de terminar o relacionamento e sobre ela impõe sua ira, resultando em crimes bárbaros como o presente. Frisa-se que nosso Estado lidera estatísticas nacionais de violência contra mulheres, em especial violência doméstica e feminicídio”.

Depoimento do pai da vítima

O pai da vítima, Francisco de Jesus, afirmou ao Folha Vitória, nesta terça-feira (18), que os últimos cinco anos foram de muitas batalhas para que este julgamento fosse marcado.

"Com muita tristeza e ansiedade esperamos cinco anos pela boa vontade da Justiça brasileira, que é uma vergonha pela demora no julgamento. Foram anos de muitas batalhas para que este julgamento fosse marcado, por algumas vezes foi e depois desmarcado. Felizmente está confirmado para amanhã (19), às 13h", desabafou.

Francisco também afirmou que a família, os amigos e toda a sociedade espera que os réus sejam condenados e paguem por cada crime que cometeram. "Esperamos por uma condenação no mínimo 50 anos para os dois acusados", finalizou.

Outro lado

À reportagem, o advogado Rafael Almeida de Souza, responsável pela defesa de Alexandre, afirmou que pretende demonstrar que a conduta do cliente é diferente do narrado na denúncia oferecida pelo Ministério Público. 

“Alexandre está preso preventivamente há cinco anos, esperando a oportunidade de comprovar sua versão dos fatos perante o Conselho de Sentença”, disse.

O advogado Josimar Lopes, responsável pela defesa de Rogério, afirmou à reportagem que a expectativa é que o resultado esteja a favor da justiça.

"Esperamos fazer uma defesa sólida para que a sentença seja mais favorável ao sentimento de justiça. No mesmo sentido caso venha uma condenação, que seja nos limites da lei."
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