Polícia

Caso Gabriela Chermont: quatro testemunhas de acusação são ouvidas no primeiro dia do júri

Jovem morreu em setembro de 1996, após cair do 12º andar de um apart hotel, na avenida Dante Michelini, em Vitória. Júri já tinha sido adiado nove vezes

Foto: Reprodução / Facebook

Depois de mais de 24 anos de espera, começou nesta terça-feira (10) o júri popular do caso Gabriela Chermont, que morreu em setembro de 1996, após cair do 12º andar de um apart hotel, na avenida Dante Michelini, na orla de Camburi, em Vitória. O réu no processo é o empresário Luiz Cláudio Ferreira Sardenberg, então namorado da vítima.

Quatro testemunhas de acusação foram ouvidas durante o primeiro dia do julgamento, que ocorre no Fórum Criminal de Vitória, na Cidade Alta. Os trabalhos tiveram início no período da manhã e terminaram à noite. 

A primeira testemunha a prestar depoimento foi a mãe da jovem, Eroteides Regattieri. Em seguida, foi ouvida uma amiga de Gabriela, que trabalhava com a jovem no Ministério Público na época dos fatos e que estava com ela no dia em que a estudante morreu.

Também foram ouvidos, ao longo desta terça-feira, o delegado que investigou o caso na época e o médico legista que participou da perícia. Para esta quarta-feira (11), está previsto o último depoimento das testemunhas de acusação. Na ocasião, será ouvido o psiquiatra da jovem.

Além disso, a expectativa também é de que comecem a serem ouvidas as testemunhas de defesa do empresário. Em tese, após o depoimento de todas as testemunhas, o réu será ouvido.

De acordo com o assistente de acusação, Cristiano Medina da Rocha, a previsão é de que os debates aconteçam na quinta-feira (12), quando também deverá ser proferida a sentença.

Relembre o caso

Gabriela Regattieri Chermont morreu aos 19 anos, no dia 21 de setembro de 1996, após cair de um prédio na orla de Camburi, em Vitória. A hipótese de suicídio foi descartada logo no início das investigações e Luiz Cláudio Ferreira Sardenberg passou a ser o principal suspeito pelo crime. 

Para os promotores do Ministério Público à época, ele teria empurrado e jovem da sacada do apartamento. No entanto, a defesa do empresário alega que Gabriela cometeu suicídio.

O caso aconteceu em um flat da família do empresário. Segundo familiares de Gabriela, os dois haviam rompido o namoro e Luiz Cláudio não aceitava o fim do relacionamento.

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O acusado, que está solto, chegou a ter a prisão decretada e ficou nove meses foragido, em 1997. No entanto, a prisão foi revogada pela Justiça. 

Ao longo desses mais de 24 anos após a morte da estudante, o júri popular foi adiado nove vezes. O último adiamento aconteceu em abril deste ano, devido à pandemia do novo coronavírus.

Em nota, a defesa citou os argumentos do empresário e garantiu que a jovem tirou a própria vida. "Há depoimentos e laudos técnicos que apontam para o fato de que Gabriela Chermont cometeu suicídio. Essa é a tese da defesa no júri. Acreditamos que o julgamento após tantos anos vai acabar com o sofrimento na vida de duas famílias, trazendo a verdade. Luiz Cláudio Ferreira Sardenberg é inocente e espera por esse julgamento há mais de duas décadas. E vai mostrar que o suicídio, na época um tema tratado como tabu, foi o real motivo da morte de Gabriela", diz a nota da defesa.

Os advogados argumentam ainda que "um laudo médico que consta dos autos aponta que a vítima morreu de politraumatismo, em consequência do impacto violento da queda do 12º andar do prédio, em movimento causado pela própria vítima".

"Além disso, a perícia mostra que não houve luta corporal, nem vestígios de sangue no apartamento atestado pelo exame de DNA. A defesa acredita que a verdade vai ser restabelecida a partir deste júri", finaliza a nota da defesa.

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