Polícia

Espanha suspende imunidade de diplomata acusado de matar mulher em Vitória

Alto comissário, Jesús Figón, de 64 anos, era Conselheiro de Interior, trabalhava em Brasília e era responsável por mediar a investigação de crimes envolvendo cidadãos espanhóis no Brasil

Jesús agora vai responder pelo crime no Brasil. Ele confessou que matou a esposa a facadas. Foto: Reprodução

O Governo espanhol comunicou, na tarde desta quarta-feira (13), que vai suspender a imunidade diplomática do comissário Jesús Figón, que confessou assassinar a esposa a facadas na última terça-feira em Jardim Camburi, em Vitória

O anúncio foi feito pela assessoria de Imprensa do Ministério das Relações Exteriores. O pedido foi feito pelo Governo brasileiro. Com a decisão, o diplomata vai responder o processo judicial no Brasil.

De acordo com o titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), delegado Adrolado Lopes, responsável pela investigação, a polícia pode pedir a prisão de Jesús Figón já nesta quinta-feira (14).

"Hoje [quarta-feira] não é possível fazer esse pedido, mas amanhã, se a gente entender que há essa necessidade, vamos fazer o pedido à 1ª Vara Criminal de Vitória. Caso ele entenda que há os requisitos e decrete prisão, nós sairemos no encalço dele, no sentido de prendê-lo", disse o delegado, em entrevista exclusiva ao programa Cidade Alerta, da TV Vitória/Record.

Com a perda da imunidade diplomática, o processo do assassinato de Rosimary Justino Lopes, de 56 anos, tramitará normalmente na 1ª Vara Criminal de Vitória, como qualquer outro. "Agora ele será tratado como um cidadão qualquer. Um estrangeiro que cometeu um assassinato contra um cidadão brasileiro dentro de solo brasileiro", ressaltou.

Ainda segundo Adroaldo, com a perda da imunidade diplomática, Figón pode ficar proibido de sair do Brasil. "Solicitamos hoje ao juiz da 1ª Vara de Vitória o recolhimentos de dois passaportes e a inclusão dele no Simp, fazendo com que ele fique proibido de viajar. O juiz ficou de analisar o pedido e até o momento em que deixamos a delegacia, não tínhamos essa resposta", ressaltou o delegado.

Ameças 
O comissário do governo da Espanha, Jesús Figón, de 64 anos, pediu para a Polícia Federal que fosse mandado de volta para Brasília, alegando ter sofrido ameaças em Vitória por parte de familiares da esposa, a cabeleireira Rosemary Justino Lopes. Adroaldo Lopes confirmou a informação. Porém, segundo ele, o acusado continua em solo capixaba.

"Eu estava com um delegado da Polícia Federal na minha sala no momento em que o adido diplomático chegou com essa notícia. E esse delegado ficou responsável por tomar as precauções da ida dele para Brasília. Mas soube agora à noite que não foi feito esse acompanhamento para Brasília", disse Adroaldo.

O titular da DHPM frisou ainda que o diplomata disse que preferia permanecer no Brasil, alegando que seria preso caso pisasse em solo espanhol. "Agora, com essa decisão [da perda da imunidade], a coisa muda de figura. E espero que a mentalidade dele também mude", destacou o delegado.

Exclusivo

A equipe de reportagem da TV Vitória/Record conseguiu entrar com exclusividade no prédio em que  Rosemary Justino Lopes, de 56 anos, foi assassinada pelo diplomata do governo da Espanha, Jesús Figón. O local foi isolado pela Polícia Civil para perícia. 

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Penas diferentes

Quando o comissário do governo da Espanha se apresentou à polícia e confessou que matou a esposa a facadas, Jesús Figón, de 64 anos, teria aberto mão da imunidade diplomática, para, então, ser julgado Brasil, como um cidadão comum.

As diferenças entre o código penal para crimes hediondos no Brasil e na Espanha não são muito grandes, mas há alguns pontos que puderam ter peso na hora da decisão do assassino confesso de usar ou não a imunidade diplomática.

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