Polícia

Contratado pelo pai de juiz, advogado muda de opinião e é aguardado no júri

Nesta quarta, o Conselho de Sentença vai seguir ouvindo as testemunhas arroladas pela defesa do ex-policial civil Claudio Luiz Andrade Baptista, o Calu

Alexandre Martins foi morto em 2003 Foto: Divulgação

O júri popular de dois dos três acusados pelo Ministério Público Estadual (MPES) de serem os mandantes do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho prossegue na manhã desta quarta-feira.

Nesta quarta, o Conselho de Sentença vai seguir ouvindo as testemunhas arroladas pela defesa do ex-policial civil Claudio Luiz Andrade Baptista, o Calu.  

As testemunhas são: Giliarde Ferreira, Odessi Martins da Silva, o Lumbrigão – ambos condenados como executores do juiz – André Luiz Cunha, delegado da Polícia Civil, Antônio Franklin Cunha, advogado e Mauro Nadvorny, perito.

Das testemunhas de defesa, o depoimento mais aguardado é o de Antônio Franklin Cunha, advogado contratado por Alexandre Martins de Castro, pai do juiz, para atuar como assistente de acusação.

No entanto, logo no início do processo, o advogado largou o caso e escreveu uma carta, anexada ao processo, afirmando que o crime era um latrocínio (assalto seguido de morte). Cunha faz parte das testemunhas de defesa de Cláudio Luiz Andrade Baptista.

A previsão é que os réus prestem depoimento na quinta-feira (27).  Na sexta-feira (28), está previsto um debate entre defesa e acusação. A sentença deve ser proferida na madruga de sábado. A absolvição ou condenação é feita individualmente. O julgamento começou na última segunda-feira (24).

Segundo dia de julgamento

Logo pela manhã de terça-feira (25), foi ouvida a segunda testemunha de acusação arrolada pelo MPES, o delegado da Polícia Civil do Espírito Santo, Danilo Bahiense, que chefiava a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na época do assassinato do juiz.

O depoimento do delegado durou quase três horas. Danilo Bahiense, que hoje é superintendente de Polícia Técnico-científica da PCES, afirmou que ficou sabendo em casa da morte do juiz Alexandre. Ele afirmou que, desde antes do crime, já ouvia falar nos nomes de Ferreira e Calu relacionados a crimes de extorsão. 

De acordo com o delegado, o depoimento foi tranquilo. Para ele, não resta dúvida de que o crime foi de mando. "Não tenho dúvidas. Não foi latrocínio, foi crime de mando mesmo. Durante o depoimento só respondi o que me perguntaram. Sei de outras coisas, mas só pude responder o que me perguntaram", afirmou. Todos os depoimentos das testemunhas de defesa de Walter Ferreira ocorreram na parte da tarde. 

Relembre o primeiro dia

No primeiro dia do júri, o juiz Carlos Eduardo Lemos foi ouvido pelo Conselho de Sentença. Colega de trabalho de Alexandre Martins na Central de Inquéritos e na 5ª Vara Criminal de Vitória, Lemos foi arrolado como testemunha pelo MPES. No entanto, como já havia participado dos processos dos executores do crime, o juiz Marcelo Soares Cunha deferiu a participação de Carlos Eduardo na condição de informante. 

O depoimento do magistrado começou por volta das 16h25 e se encerrou após as 21 horas. Ele prestou esclarecimentos ao presidente do Júri, aos advogados e aos promotores. Em seu testemunho, o magistrado relatou os fatos acontecidos na época do crime.

O crime
Alexandre Martins de Castro Filho foi assassinado na porta de uma academia de ginástica em Itapoã, Vila Velha, no dia 24 de março de 2003. Na época, ele comandava investigações contra o crime organizado no Espírito Santo. Os acusados de serem executores do crime - Odessi Martins da Silva, o Lumbrigão, e Giliard Ferreira de Souza - foram presos, julgados e condenados a mais de 24 anos de prisão. Também foram condenados, como intermediadores do crime, os sargentos Heber Valêncio e Ranilson Alves da Silva; Fernandes de Oliveira Reis, o "Cabeção"; André Luiz Barbosa Tavares, o "Yoxito"; e Leandro Celestino dos Santos, o "Pardal". 

Durante todos esses anos, o processo se arrastou nos tribunais do Espírito Santo porque, além dos inúmeros recursos apresentados pela defesa dos acusados de serem os mandantes do crime, nove juízes foram considerados impedidos de julgarem o caso. Eles alegaram ter algum tipo de relação com uma das partes - ou réu ou vítima - e, por esse motivo, o julgamento poderia ser considerado sem validade.

O outro apontado pela polícia como mandante do assassinato é o juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira, que ainda aguarda a tramitação de recursos junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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