Polícia

Médica não pediu medida protetiva contra ex-marido para preservar carreira dele

Segundo o secretário André Garcia, há indícios de que Milena Gotardi sofria violência doméstica praticada por Hilário Frasson


A médica Milena Gottardi Tonini Frasson, de 38 anos, assassinada na última quinta-feira (14), teria se recusado a pedir uma medida protetiva contra ex-marido, o policial civil Hilário Frasson, para preservar a carreira dele. A informação é da Polícia Civil, que na tarde desta quinta-feira (21) apresentou mais detalhes sobre as investigações a respeito do crime, que continuam em andamento.

De acordo com o secretário de estado da Segurança Pública, André Garcia, há indícios de que Milena era vítima de violência doméstica praticada pelo ex-marido.

"Essa é uma característica da mulher que se preocupa com a família e com o outro, mas muitas vezes o outro não merece essa proteção. No caso do Hilário, nós temos elementos que comprovam que havia episódios de violência doméstica contra a doutora Milena. Ela só não fez o pedido de medida protetiva de urgência, o MPU, previsto na Lei Maria da Penha, para não prejudicar a carreira dele. Vejam que tipo de sentimento nobre, que infelizmente foi premiado com sua morte", afirmou o secretário.

Em uma carta escrita em abril deste ano, cujo conteúdo foi divulgado nesta quinta-feira, a médica informou que sofria ameaças do ex-marido. No documento ela explicou que se sentia refém dentro da própria casa e que a relação deles sempre foi de posse.

"Me sinto uma refém dentro da minha própria casa. Está insuportável! Não quero brigar com ele, mas também não consigo ter uma conversa, um diálogo. Ele não permite isso", destacou. Ela também disse que "ele sempre demonstrou muita obsessão a minha pessoa, mesmo antes do namoro".

A médica também afirma que temia pela vida das duas filhas, uma de nove anos e outra de um ano e dez meses. Além disso, ela já pensava na possibilidade de ser morta. "Tenho medo que essa agressividade verbal se concretize em atitudes. Temo em ele tirar sua própria vida e como vemos em muitos casos tirar a minha vida também. Poderia ir na delegacia e relatar meus temores, mas não quero prejudicá-lo. Desejo muito que a situação seja resolvida pacificamente", explicou na carta.

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