Polícia

Greve PM: 204 mortes registradas e nem todos os crimes foram solucionados

A polícia afirma que a falta de preservação do local dos crimes atrapalha as investigações

Durante os mais de 20 dias sem policiais nas ruas do Espírito Santo, muitos crimes foram cometidos. O cenário era de medo entre os capixabas, que tinham receio de sair de casa. Foram 204 mortes durante a paralisação da Polícia Militar. Todas estão sendo investigadas pela Polícia Civil.

Até o momento, a polícia não diz quantos casos foram esclarecidos e se as pessoas envolvidas com os assassinatos foram presas. Segundo a polícia, os números só serão divulgados quando os inquéritos forem concluídos. 

Segundo o Sindicato dos Policiais Civis do Estado (Sindipol-ES), a única certeza que se tem é de que a maioria das vítimas eram negras, homens jovens e moravam na periferia. "Nós acreditamos que destes 200 e tantos homicídios, o índice de resolutividade vai ser muito baixo, porque nós não temos pessoas suficientes e também porque o perfil da classe é mais pobre", afirmou o vice-presidente do Sindipol, Humberto Mileip.

Por causa da falta de policiais nas ruas na primeira semana do movimento, uma onda de saques, arrastões e homicídios aconteceu em diversos municípios capixabas, fazendo com que comércios e repartições públicas fossem fechados e serviços suspensos.

Apenas no primeiro dia, 4 de fevereiro do ano passado, oito pessoas foram assassinadas, de acordo com o Sindipol. Já no dia seguinte, 5 de fevereiro, foram contabilizadas 17 mortes. No terceiro dia da greve, 42 pessoas foram assassinadas. 

Familiares estavam desesperados por conta da superlotação no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, que não tinha espaço para os corpos. Segundo policiais civis, haviam corpos colocados no chão esperando uma vaga na geladeira e para conseguirem fazer o exame serem liberados.

Por conta da criminalidade, inúmeras lojas e estabelecimentos foram alvos de ações criminosas. Foram 200 lojas saqueadas em 24 horas, segundo a Federação do Comércio e Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES), e o prejuízo foi de R$ 2 milhões

A Polícia Civil informou, por meio de nota, que abriu inquérito para investigar todos os homicídios registrados no período da paralisação. Parte das investigações foram concluídas e os autores foram presos. No entanto, disse que por falta de preservação do cenário do crime, algumas investigações foram dificultadas. 

Ainda segundo a nota, a polícia disse que os casos solucionados já foram remetidos à Justiça e os demais seguem em investigação. Denúncias com intuito de colaborar  podem ser feitas pelo Disque-Denúncia, 181.

Denúncias

Em julho do ano passado, o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) ofereceu à Justiça denúncia contra mais de mil pessoas por crimes praticados durante a greve da Polícia Militar. Ao todo, mais de 700 denúncias foram apresentadas e, dentre elas, dez contra policiais militares. Os números foram divulgados na época pelos promotores de justiça que compõem a força-tarefa criada para apurar os crimes cometidos durante a greve.

Procurado para informar como andam os processos, o MPES informou, também por meio de nota, que aguarda a aprovação do relatório de um ano da criação da força que acompanha as investigações referentes aos crimes praticados no período do movimento paredista dos policiais militares. Informou ainda que assim que for concluída a análise, divulgará as informações. Até o fechamento dessa reportagem, nenhum dado foi repassado.

Policiais 

Durante o fracasso das negociações para que os policiais voltassem a atuar nas ruas, alguns militares acabaram sendo indiciados. No total, mais de 700 policiais militares foram indiciados por crime de revolta, que é um motim realizado por PMs armados. A lista com os nomes de cada um foi publicada no Diário Oficial do Estado. A Justiça acabou autorizando a prisão de militares


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