
Uma investigação que se estendia desde 2023 foi concluída com o indiciamento de 29 pessoas por tráfico de drogas e organização criminosa em Vitória. A “Operação Octopus” tinha como objetivo chegar aos principais líderes do Primeiro Comando de Vitória (PCV). O resultado da apuração foi o desmonte de parte da estrutura da facção e a descoberta de bocas de fumo em área nobre da capital.
Segundo o delegado Leonardo Vanaz, do Centro de Inteligência e Análise Telemática (Ciat), a operação esclareceu a forma como a facção opera no Estado, revelando estruturas hierárquicas e a divisão de tarefas entre membros da organização.
“Era uma operação de alto risco, movimentou mais de 60 policiais, muitos desses investigados já tinham histórico de confrontos com a polícia. A partir desta investigação a gente conseguiu compreender parte da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas dentro dessas facções”, relatou.
A estrutura da organização
Durante as investigações, a polícia conseguiu identificar Yuri Andrade Bento, de 27 anos, conhecido como Jamaica, como principal líder do tráfico de drogas em bairros da Grande Vitória e membro influente da facção.
Yuri é irmão de Joãozinho 12, fundador do PCV, além de também ser irmão de outros dois criminosos: Vaninho, já preso e Anderson de Andrade Bento, conhecido como Andinho, morto em uma operação policial em março deste ano.
Segundo a polícia, mesmo preso, Yuri era o responsável por chefiar gerentes do tráfico na região do Bairro da Penha.

Logo abaixo dele estava Wanderson Maciel dos Santos, de 33 anos, conhecido como W.S, que tinha função parecida com a de Yuri. Ele também foi preso. Outro gerente, João Manoel Fraga, de 30 anos, também já foi detido.
Além disso, os policiais também identificaram Igor dos Santos Souza e Leonardo Catarino Fraga como responsáveis pelo abastecimento de drogas no Bairro da Penha.
Pedro Henrique de Jesus Santos e Marcos Vinícius Nunes de Oliveira, também detidos, agiam na contenção, o braço armado do tráfico de drogas.

O gerente é aquele indivíduo que organiza o ponto de venda de drogas, trabalha na logística, no abastecimento, é um membro da facção que tem certa importância, porque tem contato tanto com o material, quanto com o dinheiro oriundo do tráfico. Outras funções que nós identificamos são de contenção, que são aqueles indivíduos que têm disposição para agir como braço armado das facções, seja para confrontar a polícia ou grupos rivais.
Leonardo Vanaz, delegado
Tráfico em área nobre
Longe das áreas periféricas, também foram presos outros dois traficantes que agiam na Praia do Canto, bairro nobre de Vitória.
João Emanuel Xavier Fraga, 30 anos e Caroline Dias do Espírito Santo, de 29 anos, gerentes do tráfico, também foram presos.

A prisão dos dois ocorreu durante um desdobramento da operação também no Bairro da Penha, quando além dos gerentes, outras cinco pessoas foram presas. Nenhum tiro foi disparado na ocasião.
A polícia agora procura por dois foragidos: Wellington Claudio Bandeira Júnior, conhecido como Frutinha, responsável por gestão financeira e controle de vendas de drogas e Deildo Souza dos Santos, o Vacão, fornecia e abastecia os pontos gerenciados pelo Wellington com maconha, na Praia do Canto.

“O trabalho de combate às organizações criminosas é permanente, então as investigações são fixas. A gente reconhece que a facção tem o poder de repor muito rapidamente os indivíduos presos. Mas o objetivo não é só a prisão, é que sejam processados pelo MP e condenados pelos crimes”, disse.
*Com informações do repórter Caio Dias, da TV Vitória/Record