Radiopatrulha da Polícia Federal
Fonte: Divulgação/Polícia Federal

Foi preso um dos três policiais civis do Departamento Especializado em Narcóticos (Denarc) investigados pela Operação Turquia, deflagrada nesta sexta-feira (7). A ação investiga um esquema para desviar drogas apreendidas pela polícia. Os entorpecentes teriam sido repassados a traficantes que atuam na Ilha do Príncipe, em Vitória. Os outros dois agentes foram afastados das funções.

A operação foi deflagrada pela Polícia Federal em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) para cumprir dois mandados de prisão temporária, um deles contra o policial civil, três de afastamento de função pública e cinco mandados de busca e apreensão. As ações ocorreram em Vitória, Vila Velha e Serra.

O segundo preso na operação é um intermediário que era responsável por levar drogas e dinheiro para o traficante e para o policial civil, segundo a Polícia Federal.

Como era o esquema para desviar drogas apreendidas

Segundo a Polícia Federal, as investigações começaram após a prisão em flagrante de um dos principais líderes do tráfico de drogas na Ilha do Príncipe, em fevereiro de 2024. Com o avanço das apurações, surgiram fortes indícios de que o criminoso mantinha uma relação com os policiais civis, o que indicaria cooperação ilícita durante diligências policiais.

As investigações apontam que parte das drogas apreendidas em operações oficiais era desviada e repassada para a própria organização criminosa. O esquema funcionava da seguinte forma: uma fração do entorpecente não era registrada nos boletins de ocorrência e acabava nas mãos de intermediários ligados ao grupo, segundo a PF.

Os suspeitos são investigados por tráfico de drogas, associação para o tráfico e participação em organização criminosa. No caso dos policiais, também há indícios de peculato e corrupção passiva, enquanto os traficantes podem responder por corrupção ativa.

O nome da operação, “Turquia”, faz referência ao codinome “Turco”, usado pelo líder do tráfico para se referir a um dos policiais investigados.

O que diz a polícia civil?

A Polícia Civil informou em nota que, por meio da Corregedoria Geral, prestou apoio à Polícia Federal e ao Ministério Público do Espírito Santo na operação. O servidor detido foi encaminhado ao Alfa 10 (presídio para os policiais civis), em Vila Velha. 

“A PCES reforça que não compactua com qualquer prática ilícita e que todas as condutas de seus integrantes serão rigorosamente apuradas. A Corregedoria Geral instaurará os devidos procedimentos administrativos internos para verificar eventuais responsabilidades disciplinares dos servidores envolvidos”, disse em nota. 

Leiri Santana, repórter do Folha Vitória
Leiri Santana

Repórter

Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e especializada em Povos Indígenas.

Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e especializada em Povos Indígenas.