Foto: Polícia Civil/ Divulgação
Foto: Polícia Civil/ Divulgação

A Polícia Civil concluiu as investigações do assassinato do pintor Ozenal Honorato Santos, de 36 anos, ocorrido no dia 26 de abril deste ano, no bairro Feu Rosa, na Serra. Segundo a polícia, ele foi morto brutalmente por ter urinado em um poste na frente de crianças, o que teria revoltado traficantes que atuam na região.

O corpo de Ozenal foi localizado no dia 5 de maio, em uma cova com profundidade entre 2 a 3 metros, em uma região de mata entre Feu Rosa e Ourimar. Ozenal estava amarrado com cordas e tinha o corpo coberto com cal.

Ozenal Honorato Santos tinha 30 anos quando foi executado. Foto: Polícia Civil/ Divulgação

Em coletiva à imprensa na manhã desta quinta-feira (09), a polícia revelou a motivação da execução e a prisão de sete pessoas que participaram do crime. Eles fazem parte da quadrilha batizada de “Gangue do Poorf”, considerada uma das mais violentas da Serra.

Os presos são:

  • Lucas Raich, de 30 anos, considerado o “chefe do tráfico”
  • Junio da Cruz Bezerra, de 38 anos
  • Luiz Kaique Siqueira da Silva, de 31 anos
  • Paulo Henrique Mattos da Silva, de 20 anos
  • Kennedy da Silva Gonçalves, de 20 anos
  • Klemer de Souza Lima Santos, de 25 anos
  • Riquelme Alves da Silva, 20 anos

Lucas, Junio, Luiz Kaique, Paulo, Kennedy e Klemer foram presos no dia 5 de agosto em uma operação policial que foi realizada em Feu Rosa.Já Riquelme foi detido em 5 de setembro, no mesmo mesmo bairro.

Cadela dos Bombeiros encontrou o corpo:

Discussão iniciada por causa de dívida

Segundo o chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, delegado Rodrigo Sandi Mori, Ozenal – que não tinha ligação com o tráfico de drogas – e Júnior trabalharam juntos dias antes do crime em um serviço de pintura. Em função do serviço, Júnior ficou devendo uma quantia para a vítima.

Na noite do crime, após Ozenal ingerir bebidas alcoólicas, ele foi até Júnior cobrar a quantia. O fato desagradou Júnior e os dois iniciaram ali uma discussão acalorada.

Rodrigo Sandi Mori, delegado

Depois da discussão, Ozenal teria parado em um poste na Rua dos Eucaliptos, local de intenso tráfico de drogas, e urinou perto dos filhos de Júnior, de 5 anos, o que teria iniciado as agressões.

Pintor foi agredido com mangueira e pedras

O delegado descreve que a dinâmica do crime foi dividida em três momentos. Na primeira etapa, Júnio, Lucas, Klemmer, Kennedy e Paulo Henrique passaram a agredir a vítima com um pedaço de mangueira, pedras, além de chutes e socos.

No segundo momento, as agressões duraram aproximadamente dez minutos e a vítima foi deixada na Rua Pau Ferro, embaixo de uma árvore em um cruzamento. Ozenal ficou no local por aproximadamente uma hora sem socorro ou auxílio.

Uma hora depois, Luiz Kaique foi até o local para verificar se Ozenal estava morto, mas percebeu que ele ainda respirava.

Ele levantou, mesmo debilitado, se dirigiu ao beco que dá acesso à casa. Paralelamente, Kaique foi até uma distribuidora e avisou aos indivíduos que Ozenal estava vivo. Eles foram até o beco, interceptaram a vítima, começaram a agredi-la novamente. É o início do terceiro momento das agressões.

Rodrigo Sandi Mori, delegado

Lucas, Kennedy, Paulo Henrique e Rick Elvis carregaram o pintor, ainda vivo, até o beco que dá acesso a uma mata. Enquanto isso, Júnior, Klemer e Kaique ficaram no beco vigiando a polícia e limpando o sangue da vítima.

No final do beco, segundo o delegado, Lucas pegou um objeto cortante e desferiu golpes no tórax e abdômen de Ozenal, que resultaram no óbito.

“Em seguida, Lucas, que atuava como chefe do tráfico no local, determinou que Paulo Henrique, Kennedy e Rick Elvis enterrassem o corpo numa área de manguezal, que era uma espécie de brejo”, detalhou Sandi Mori.

Corpo foi enterrado duas vezes

No dia 30 de abril, três dias após o “enterro”, diante das fortes chuvas registradas na data, o corpo do pintor acabou boiando e foi para a superfície. Com isso, traficantes pegaram o corpo e o enterraram.

Três dias após a vítima ser enterrada, em razão das chuvas, o corpo começa a boiar. Os traficantes são informados da situação, pegam o corpo, carregam mais 200 metros mata adentro e enterram novamente.

Rodrigo Sandi Mori

O Corpo de Bombeiros iniciou as buscas pela região e, com o auxilio da cadela Fênix, conseguiu localizar o corpo no dia 5 de maio, em uma região de difícil acesso.

“Junto ao corpo havia pedaços de pau, cordas que foram utilizadas. Ele se encontrava amordaçado com cordas em volta do pescoço, estava com as mãos amarradas. Com muitos requintes de crueldade, também jogaram cal”, acrescentou o delegado.

Área pode ter mais corpos enterrados

Rodrigo Sandi Mori disse acreditar que a “Gangue do Poof” tem o hábito ocultar os corpos de suas vítimas para dificultar a localização e identificação.

Além disso, segundo o delegado, na área onde Ozenal foi enterrado a polícia acredita que possam estar enterrados, no mínimo, outros três corpos.

Estimamos que naquela área tem no mínimo mais uns três corpos enterrados, que ainda nós não conseguimos localizar porque os traficantes adotam essa prática de executar e depois enterrar.

Rodrigo Sandi Mori

Os sete acusados que foram presos foram indiciados pelo crime de homicídio qualificado, cometido por motivo torpe e meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima, além de ocultação de cadáver.

Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória

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