
Os quatro policiais civis suspeitos de desviar drogas em delegacia para uma facção criminosa de Vitória agora são réus. Eles já estavam afastados das atividades da corporação por conta do suposto envolvimento com o tráfico de drogas e o Primeiro Comando da Capital (PCC).
A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) contra os quatro policiais do Departamento Especializado de Narcóticos (Denarc), além de outros quatro investigados acusados de integrar o esquema. Os crimes imputados incluem tráfico de drogas, associação para o tráfico, corrupção ativa e passiva, além de peculato.
O caso é um desdobramento da Operação Turquia, deflagrada em novembro. Segundo as investigações, os agentes são suspeitos de desviar drogas apreendidas, repassar informações sigilosas e receber propina para favorecer a facção.
Um dos policiais é apontado como o orientador estratégico do grupo criminoso e está preso desde o mês passado.
A decisão foi proferida pela 4ª Vara Criminal de Serra e a Justiça Estadual aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO).
O Sindicato dos Policiais Civis afirmou para a reportagem da TV Vitória que soube nesta sexta-feira (19) que a denúncia foi aceita, mas não comentou sobre o assunto.
Entenda o caso
As investigações começaram em fevereiro de 2024, após a prisão de um dos principais líderes do tráfico de drogas na Ilha do Príncipe, em Vitória.
A partir deste caso, os agentes identificaram indícios de desvio de parte das drogas apreendidas em operações policiais. “Pelos elementos colhidos, uma fração do entorpecente não era registrada nos boletins de ocorrência e acabava sendo repassada a intermediários indicados pelo grupo”, explica a Polícia Federal, em nota.
De acordo com as investigações, um dos policiais era responsável por repassar informações sigilosas extraídas de um portal de base restrita das forças de segurança, para beneficiar o PCC e neutralizar grupos rivais. Os policiais também são investigados por omissão funcional, deixando de efetuar prisões para atuar em favor do crime.
Policiais foram afastados em Operação Turquia
Três dos policiais civis investigados já haviam sido afastados em uma ação da Operação Turquia, deflagrada no dia 7 de novembro pela Polícia Federal e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Espírito Santo (MPES).
Além das ordens de afastamento, a operação cumpriu dois mandados de prisão temporária e outros cinco de busca e apreensão em Vila Velha, Serra e Vitória.
O nome da operação, “Turquia”, faz referência ao codinome “Turco”, usado pelo líder do tráfico para se referir a um dos policiais investigados.