Um homem, de 39 anos, preso em flagrante por ter pedido dinheiro a um empresário em troca da suposta intermediação de um contrato de prestação de serviço com a Prefeitura de Viana, teria dito à vítima que a quantia serviria para “molhar a mão” de autoridades e servidores municipais.
O suspeito havia garantido à vítima, empresário do ramo de manutenção de ar-condicionado, que conseguiria um contrato de prestação de serviços para ela junto à Prefeitura de Viana. Para isto, era necessário o pagamento de R$ 6 mil.
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Segundo a vítima, o suspeito chegou a citar as autoridades que supostamente seriam subornadas nominalmente, além de se apresentar como cunhado do prefeito de Viana, e assim conseguiria facilitar a contratação.
Segundo o titular da Delegacia Regional de Viana, Ygor Pereira, o empresário se interessou pela possibilidade de ter um facilitador com a prefeitura e chegou a combinar o pagamento com o suspeito.
“Esse empresário com o objetivo de conseguir uma facilidade na contratação perguntou se ele conhecia o prefeito, de onde era, esse investigado disse que era cunhado do prefeito, e disse que entrada na prefeitura, que conseguia facilidades, utilizou o nome de autoridades municipais, de servidores públicos”, relatou.
Ainda de acordo com o delegado, ao desconfiar da proposta, a vítima compareceu à delegacia e relatou que havia marcado uma reunião com o suspeito em uma padaria no bairro Campo Grande, em Cariacica, para repassar o dinheiro a ele, na última segunda-feira (13).
“De conhecimento dessa reunião que seria realizada às 13h, nós realizamos uma operação policial, nos deslocamos até o ponto de reunião, aguardamos a chegada do empresário e do investigado”, afirmou o delegado.
A Polícia Civil então montou um cerco em torno do local e logo após a entrega do dinheiro, prenderam o suspeito em flagrante por tráfico de influência.
“Eles tiveram uma conversa de cerca de 10 minutos, na qual houve a entrega dos valores, em uma sacola preta, que o investigado colocou no bolso, e logo após esse recebimento nós demos a voz de prisão em flagrante delito”, completou.
Empresário havia comunicado outros crimes
Antes de contar à polícia sobre a suposta contratação para serviços com a prefeitura, o empresário compareceu à delegacia no último dia 10. Ele teria relatado aos policiais que acreditava ser vítima de um crime de estelionato.
Segundo o empresário, ele havia adquirido passagens aéreas no valor de R$ 20 mil com o suspeito, mas que os bilhetes ainda não haviam sido emitidos. Do valor total, R$ 18 mil já haviam sido pagos.
Mais do que isso, o empresário teria adquirido produtos como roupas e outros acessórios, no valor de R$ 2.500, que também nunca foram entregues.
“Primeiro fato foi que ele havia adquirido passagens aéreas no valor de R$ 20 mil, que foram pagas de forma parcelada. Ele já havia pago cerca de R$ 18 mil e essas passagens ainda não haviam sido emitidas. Outro fato foi que com essa mesma pessoa ele adquiriu roupas, tênis e relógio no valor de cerca de R$ 2.500, esses produtos não foram entregues a contento”, disse.
Suspeito admitiu não conhecer servidores da prefeitura
Após a prisão em flagrante, o suspeito confessou o crime aos policiais e também confirmou não conhecer servidores ou autoridades de Viana e que teria afirmado conhecê-las para convencer a vítima. Ele também negou ser cunhado do prefeito.
De acordo com o delegado, as investigações não apontaram participação de nenhum servidor ou autoridade de Viana nos crimes cometidos pelo suspeito. Os servidores citados por ele também são vítimas no caso.
Além disso, o suspeito já tinha passagens pela polícia por crime de estelionato no Espírito Santo e também no estado do Amazonas.
O suspeito passou por audiência de custódia nesta quarta-feira (15) e a prisão preventiva foi convertida para medidas cautelares. Ele foi indiciado pelo crime de tráfico de influência.
Segundo o delegado, o empresário não será investigado por nenhum crime e também é tido como vítima na investigação.
“Embora a conduta desse empresário do ponto de visto social seja imoral, a nossa doutrina entende que essa pessoa que busca obter uma vantagem não comete crime e é vítima também”, afirmou.
O que diz a Prefeitura de Viana
Por nota, a prefeitura de Viana informou que a vítima inicialmente procurou a Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito relatando que uma pessoa tentava aplicar golpe para facilitar uma possível participação em licitação.
Para isso, o golpista utilizava indevidamente o nome de servidores da prefeitura. Com base na confirmação de que se tratava de um golpe, a vítima foi orientada a procurar a Polícia Civil e formalizar o ocorrido.
“A Prefeitura afirma que não há servidor da prefeitura envolvido na suposta tentativa de golpe e possui contrato de manutenção de ar-condicionado vigente, não tendo, portanto, licitação aberta ou planejamento de nova contratação”, afirmou a Prefeitura.
Além disso, a prefeitura também alertou que o processo licitatório na Prefeitura de Viana segue “um rigoroso fluxo de legalidade e transparência”, que começa com o planejamento da contratação, seguido de pesquisa de preços e elaboração do edital.
Este processo, segundo a prefeitura, e passa por diversas instâncias de conferência — como a Procuradoria Jurídica, o Controle Interno e a Secretaria de Finanças — garantindo conformidade legal e disponibilidade orçamentária.
Além disso, após esta etapa o edital é publicado e o processo de impugnações e esclarecimentos é aberto.
“Em seguida, ocorre a sessão pública eletrônica, na qual a disputa acontece de forma transparente, imparcial e sigilosa até o encerramento dos lances. É importante ressaltar que as licitações em Viana são realizadas exclusivamente por meio eletrônico, permitindo que qualquer pessoa, de qualquer lugar do mundo, possa participar dos certames”, informou a prefeitura.
Por fim, a prefeitura informou que segue colaborando integralmente com as investigações.
Repórter
Formado em Jornalismo, é repórter do Folha Vitória desde 2023. Amante de música e cinema.
