A adolescente Sophia Vial, de 15 anos, morta a tiros no último sábado (9) na Grande Santa Rita, Vila Velha, era descrita pela família como uma jovem alegre, dedicada e cheia de sonhos. Evangélica, participava ativamente da mocidade da igreja, cantava no grupo de louvor.
Segundo familiares, a jovem possuía uma voz marcante, capaz de emocionar quem a ouvia. “Quando ela abria a boca para cantar, a unção de Deus era sentida. Qualquer um percebia”, relembrou Juliete Vial, tia de Sophia.
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Sophia estava no primeiro ano do ensino médio e ia começar a trabalhar no seu primeiro estágio como menor aprendiz em uma empresa da região. A jovem já havia preparado vários currículos e estava comemorando a vaga. “Ela estava muito feliz. Dizia que agora ia poder comprar tudo o que queria”, contou a mãe, Aline.
O sonho da adolescente era cursar Engenharia Mecânica, profissão que admirava e queria seguir no futuro. Além da escolha do futuro curso, a jovem era apaixonada por carros, igual seu pai e queria seguir carreira nesse ramo.
Vaidosa e independente
Sophia também era conhecida pelo cuidado com a aparência. Gostava de maquiagem, mantinha o cabelo sempre arrumado e sempre estava impecável nas fotos e vídeos em que aparecia.
Ela amava maquiagem. Sempre estava perfeita, cabelo impecável. Era vaidosa e sonhava com independência quando completasse 18 anos.
Juliete Vial, tia de Sophia
O dia do crime
Sophia voltava de um grupo de oração com a família no momento em que foi baleada. A menina de 15 anos chegou a ser socorrida e foi levada às pressas ao Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves, mas não resistiu.
Segundo a Polícia Civil, o ataque foi resultado da guerra entre facções que disputam o controle do tráfico de drogas na região. Os autores já foram identificados como dois adolescentes de 17 anos. Um deles foi apreendido nesta segunda-feira (11).
A família afirma que não vai se calar diante da violência. “Ontem foi a Sofia. Não queremos que outra família passe por essa dor. Nós somos prisioneiros do tráfico, e isso tem que acabar”, disse a irmã durante um ato realizado no bairro nesta segunda (11).
Familiares e amigos da família realizaram outro protesto pacífico na noite desta segunda-feira, na praça de Santa Rita, em Vila Velha, em prol da paz no bairro.
Nós somos prisioneiros do tráfico, moradores, trabalhadores, comerciantes, somos todos prisioneiros e isso precisa acabar. Isso aqui é tudo pela Sophia, nós não vamos parar.
Juliete Vial, tia de Sophia
Repórter
Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e especializada em Povos Indígenas.
