Polícia

Seis pessoas são detidas em reintegração de posse em PE

Seis pessoas são detidas em reintegração de posse em PE Seis pessoas são detidas em reintegração de posse em PE Seis pessoas são detidas em reintegração de posse em PE Seis pessoas são detidas em reintegração de posse em PE

Recife – Seis pessoas detidas, três feridos e muito tumulto foi o saldo de uma reintegração de posse cumprida pela Polícia Militar de Pernambuco na manhã desta terça-feira, 17, no Cais José Estelita, no bairro de São José, em Recife. A ação foi condenada, em nota de repúdio, pelo Ministério Público Federal que a considerou “arbitrária e com medidas típicas de cumprimento de ordens contra criminosos”.

Desde o dia 21 do mês passado, ativistas – a maioria estudantes e profissionais liberais – ocupavam a área onde um consórcio de empreiteiras – integrado pela Moura Dubeux, Queiroz Galvão, Ara Empreendimentos e GL Empreendimentos – pretende implantar o projeto imobiliário Novo Recife, com investimento de R$ 800 milhões. A obra está embargada judicialmente.

O clima de tensão e confrontos se estendeu por todo o dia no local. Depois de retirados, os ativistas se mantiveram nas proximidades e no final da manhã tentaram impedir a entrada de tratores e funcionários do consórcio no terreno. Houve nova ação policial, com bombas de gás lacrimogêneo e de borracha. A assessoria do consórcio informou que o objetivo era o de colocar tapumes e fechar aberturas do muro que circunda o terreno de 1,3 quilômetro de extensão, a fim de evitar nova invasão. Acionada pelo MPF, a Polícia Federal foi ao local, para informar que nada poderia ser feito na área, que se encontra sob embargo. Um engenheiro do consórcio foi à sede da PF prestar esclarecimentos.

À tarde, houve movimentação para fechar a avenida José Estelita no sentido centro-subúrbio. Os policiais impediram. Manifestantes chegaram a atear fogo em pneus interditando o viaduto Capitão Temudo, nas proximidades, provocando engarrafamento. “Os policiais voltaram a agir de forma ainda mais truculenta”, de acordo com o integrante da comissão de comunicação do #Ocupe Estelita, Petrus Tibúrcio. “Estamos encurralados”, disse ele. “Não podemos ficar nem no entorno do terreno”.

A situação acalmou no início da noite, de acordo com a PM. O local continuava sendo policiado. Os ativistas pretendem montar acampamento do lado de fora da área e planejam um protesto nesta sexta-feira, 20.

Em negociação

 

A alteração do projeto está sendo negociada sob mediação da prefeitura de Recife, depois de mobilização do grupo Direitos Urbanos, via redes sociais, sob o lema #Ocupe Estelita. Também desde o dia 21 o consórcio está impedido de demolir ou construir na área de 101 mil metros quadrados, por decisão judicial, depois que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) conseguiu embargar o início da demolição de antigos galpões de açúcar localizados no terreno.

Na nota de repúdio, o MPF em Pernambuco destacou que a reintegração ocorreu “sem conhecimento prévio do Ministério Público e dos representantes do movimento de ocupação”, com o descumprimento de “todos os protocolos de execução de ordens de reintegração de posse das Secretarias estaduais de Defesa Social e de Direitos Humanos, que visam à desocupação pacífica e à garantia da integridade física dos ocupantes”.

Prisões

Quatro foram detidos por “desobediência, incitação à violência e ameaça aos policiais” durante a reintegração. Foram elas a arquiteta Cristina Lino Gouveia, de 33 anos, os estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o peruano Librian Shiozawa e o argentino Milton Ivan Petruczok, além de Jordi Ricardo Souza da Hora.

À tarde, mais duas prisões: Manoela de Barros Umbertino Guerra, por ter abandonado seu veículo na rua, desobedecendo ordem policial, e Davidson Pereira de Aguiar, 19 anos, por portar, de acordo com a PM, duas garrafas de coquetel molotov. Depois de prestarem depoimento todos foram liberados.

Anistia Internacional

 

No seu site na Internet, a Anistia Internacional pediu “investigação imediata dos abusos cometidos pela Polícia Militar”, ao condenar “o uso excessivo da força e de das chamadas armas menos letais (balas de borracha, gás lacrimogêneo, spray de pimenta)” utilizadas para desocupar o Cais José Estelita.