Polícia

Sogra mandou vídeo do genro morto para grupos de WhatsApp

Delegado Rodrigo Sandi Mori, da DHPP da Serra, destacou a frieza de Vanda Oliveira Rosa por planejar assassinato de genro

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Thiago Louzada Charpinel Goulart, de 43 anos - Foto: Sesp
Vanda Oliveira Rosa era sogra de Thiago Louzada Charpinel Goulart. Foto: Sesp/Divulgação

Após o assassinato de Thiago Louzada Charpinel Goulart, de 43 anos, a sogra da vítima, Vanda de Oliveira Rosa, filmou o corpo e enviou o vídeo para diversos contatos. O delegado Rodrigo Sandi Mori, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, classificou a atitude como “de uma frieza inexplicável”.

Ela não demonstrou nenhum arrependimento ou desespero. Poucas horas após o crime, em vez de chorar ou procurar ajuda, estava espalhando imagens do corpo do genro morto.”

Rodrigo Sandi Mori, delegado
Thiago Louzada Charpinel Goulart, de 43 anos - Foto: Sesp
Thiago Louzada Charpinel Goulart, de 43 anos – Foto: Sesp

Professor de jiu-jítsu, educador físico e motorista de aplicativo, Thiago foi morto a tiros no dia 3 de janeiro de 2025, em Vila Nova de Colares, na Serra. Ele foi vítima de uma emboscada planejada pela sogra. A mulher inventou para traficantes que o genro abusava da filha, o que selou sua condenação à morte.

“Foi uma trama covarde, calculada. Ela usou a neta para atrair o pai, sabendo que ele seria executado. Poucas horas depois, ela gravou vídeos e compartilhou o corpo do genro nos grupos de WhatsApp”, disse Rodrigo Sandi Mori

Sogra culpava o genro pela morte da filha

Thiago Louzada e Wanda Oliveira - Foto: Sesp
Thiago Louzada tinha divergências com Vanda Oliveira Rosa. Foto: Sesp/Divulgação

A motivação para o crime começou anos antes. Em 2018, Thiago e a esposa tiveram uma filha, mesmo sabendo dos riscos da gestação para a saúde da mãe, que era diagnosticada com pré-eclâmpsia.

A mulher morreu dias após o parto. Desde então, a criança ficou sob os cuidados da avó materna, Vanda, o que gerava constantes conflitos entre ela e o pai da menina.

De acordo com a polícia, Vanda culpava o genro pela morte da filha e tinha desavenças frequentes sobre a criação da criança. O pai não aceitava que a menina, de 6 anos, usasse maquiagem, salto alto e ficasse em redes sociais reproduzindo coreografias inapropriadas para a idade.

ão poderiam ter filho, porque a gravidez geraria um grande risco para a mãe e também para a criança. (…) Quando ocorreu o parto, poucos dias após, a mulher faleceu. (…) Isso já gerava uma certa mágoa na Vanda, porque ela acreditava que a culpa da morte da filha teria sido por causa do Thiago, que teria engravidado a filha, e eles sabiam que ela tinha aquela pré-eclâmpsia.”

Rodrigo Sandi Mori, delegado

Disputa pela guarda foi estopim para o crime

Thiago estava em processo para obter a guarda definitiva da filha. Segundo Sandi Mori, para evitar que isso acontecesse, Vanda procurou o chefe do tráfico do bairro e disse que o professor abusava sexualmente da criança.

“Em razão disso, 15 dias antes do crime, Vanda foi até o chefe do tráfico (…) e disse para ele que a criança estava sendo abusada sexualmente pelo pai. E todos nós sabemos que no código do tráfico, estupradores e molestadores de crianças são punidos com a morte”, explicou o delegado.

Participaram do crime:

  • Luiz Fernando Moreira Souza, 30 anos, conhecido como Mancha – chefe do tráfico da região e mandante do crime.
Luiz Fernando Moreira Souza - Foto: Sesp
Luiz Fernando Moreira Souza – Foto: Sesp
  • Higor Reis de Jesus, 30 anos – executor.
Hgor Reis de Jesus - Foto: Sesp
Higor Reis de Jesus – Foto: Sesp
  • William dos Santos Pereira, 29 anos – levou o executor ao local e deu fuga.
William dos Santos Pereira – Foto: Sesp
  • Vanda de Oliveira Rosa, 54 anos – sogra e autora intelectual do crime.
Vanda de Oliveira Rosa. Foto: Sesp

Caixa de bombom usada como isca

No dia do crime, Vanda ligou para Thiago, mas ele não atendeu. Em seguida, enviou mensagem dizendo que a filha queria vê-lo. A criança confirmou que só chamou o pai porque a avó prometeu uma caixa de bombom em troca.

“O principal – e o que chamou a nossa atenção – foi o fato da criança ter relatado para a assistente social que ela chamou o pai na casa da tia naquele dia em troca de uma caixa de bombom que a Vanda teria oferecido para ela”, disse o delegado.

Thiago foi até a casa da família. Lá, foi recebido pela sogra e pela tia da criança. Enquanto conversavam, Vanda pediu para a menina entrar e trocar de roupa.

Nesse momento, dois criminosos em uma moto se aproximaram. Higor Reis de Jesus, apontado como executor, efetuou quatro tiros na cabeça de Thiago.

Envolvidos na morte de Thiago Louzada Charpinel Goulart: Luiz Fernando Moreira Souza, Higor Reis de Jesus, William dos Santos Pereira e Vanda de Oliveira Rosa. Fotos: Sesp/Divulgação

Guarda da criança

Após o crime, a menina foi atendida pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e passou a viver com os avós paternos.

“Foi garantido que ela continuasse com a família do pai, que sempre esteve presente. É uma tentativa de preservar ao máximo o bem-estar da criança depois de tudo o que aconteceu”, afirmou o delegado.

Envolvidos foram autuados por homicídio qualificado

As investigações apontaram que Vanda de Oliveira Rosa foi a autora intelectual do crime, responsável por atrair Thiago e inventar a falsa acusação de abuso para convencer os traficantes a executarem o genro.

Luiz Fernando Moreira Souza, conhecido como Mancha, chefiava o tráfico na região, forneceu a arma e ordenou a execução. Higor Reis de Jesus foi o atirador, braço armado do tráfico, responsável por disparar os quatro tiros na cabeça da vítima.

Já William dos Santos Pereira foi o piloto da moto usada no crime e deu fuga ao executor após a ação.

Os quatro envolvidos foram indiciados por homicídio qualificado, por motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima. Luiz Fernando, Higor e William também foram indiciados por associação ao tráfico, com aumento de pena pelo emprego de arma de fogo, haja vista que na análise do aparelho celular dos três ficou configurada a participação deles no tráfico.

Veja o relato do delegado Rodrigo Sandi Mori:

*Texto sob a supervisão da editora Erika Santos

Carlos Raul Rodrigues, estagiário do Folha Vitória
Raul Rodrigues *

Estagiário

Jornalista em formação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e atua como estagiário no Jornal Folha Vitória

Jornalista em formação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e atua como estagiário no Jornal Folha Vitória