Polícia

Sogra prometeu bombom a neta para atrair professor de jiu-jítsu para a morte

De acordo com a polícia, o intuito de Vanda de Oliveira Rosa era atrair Thiago Louzada Charpinel Goulart para uma emboscada

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Vanda de Oliveira Rosa está presa. Foto: Sesp/Divulgação
Vanda de Oliveira Rosa está presa. Foto: Sesp/Divulgação

A investigação do assassinato do professor de jiu-jítsu Thiago Louzada Charpinel Goulart, de 43 anos, revelou que a sogra dele pediu à neta para chamar o pai para ir visitá-la em troca de uma caixa de bombom. De acordo com a polícia, o intuito de Vanda de Oliveira Rosa era atrair a vítima para uma emboscada.

Thiago foi assassinado no dia 3 de janeiro deste ano, em Vila Nova de Colares, na Serra. Segundo a Polícia Civil, no dia do crime, Vanda ligou para Thiago, mas ele não atendeu. Em seguida, enviou mensagem dizendo que a filha queria vê-lo. A criança confirmou que só chamou o pai porque a avó prometeu uma caixa de bombom em troca.

O principal – e o que chamou a nossa atenção – foi o fato da criança ter relatado para a assistente social que ela chamou o pai na casa da tia naquele dia em troca de uma caixa de bombom que a Vanda teria oferecido para ela.”

Rodrigo Sandi Mori, delegado

Professor de jiu-jítsu, educador físico e motorista de aplicativo, Thiago foi vítima de uma emboscada planejada pela sograVanda de Oliveira Rosa, de 54 anos. A mulher inventou para traficantes que o genro abusava da filha, o que selou sua condenação à morte.

Sogra culpava o genro pela morte da filha

A motivação para o crime começou anos antes. Em 2018, Thiago e a esposa tiveram uma filha, mesmo sabendo dos riscos da gestação para a saúde da mãe, que era diagnosticada com pré-eclâmpsia.

A mulher morreu dias após o parto. Desde então, a criança ficou sob os cuidados da avó materna, Vanda, o que gerava constantes conflitos entre ela e o pai da menina.

Thiago Louzada e Wanda Oliveira - Foto: Sesp
Thiago Louzada era genro de Vanda Oliveira Rosa. Foto: Sesp/Divulgação

De acordo com a polícia, Vanda culpava o genro pela morte da filha e tinha desavenças frequentes sobre a criação da criança. O pai não aceitava que a menina, de 6 anos, usasse maquiagem, salto alto e ficasse em redes sociais reproduzindo coreografias inapropriadas para a idade.

No ano de 2018, Thiago era casado com a filha de Vanda. Os dois sabiam que não poderiam ter filho, porque a gravidez geraria um grande risco para a mãe e também para a criança. (…) Quando ocorreu o parto, poucos dias após, a mulher faleceu. (…) Isso já gerava uma certa mágoa na Vanda, porque ela acreditava que a culpa da morte da filha teria sido por causa do Thiago, que teria engravidado a filha, e eles sabiam que ela tinha aquela pré-eclâmpsia.”

Rodrigo Sandi Mori, delegado

Disputa pela guarda foi estopim para o crime

Thiago estava em processo para obter a guarda definitiva da filha. Segundo Sandi Mori, para evitar que isso acontecesse, Vanda procurou o chefe do tráfico do bairro e disse que o professor abusava sexualmente da criança.

“Em razão disso, 15 dias antes do crime, Vanda foi até o chefe do tráfico (…) e disse para ele que a criança estava sendo abusada sexualmente pelo pai. E todos nós sabemos que no código do tráfico, estupradores e molestadores de crianças são punidos com a morte”, explicou o delegado.

Participaram do crime:

  • Luiz Fernando Moreira Souza, 30 anos, conhecido como Mancha – chefe do tráfico da região e mandante do crime.
Luiz Fernando Moreira Souza – Foto: Sesp
  • Higor Reis de Jesus, 30 anos – executor.
Hgor Reis de Jesus - Foto: Sesp
Higor Reis de Jesus – Foto: Sesp
  • William dos Santos Pereira, 29 anos – levou o executor ao local e deu fuga.
Luiz Fernando Moreira Souza - Foto: Sesp
Luiz Fernando Moreira Souza – Foto: Sesp
  • Vanda de Oliveira Rosa, 54 anos – sogra e autora intelectual do crime.

Guarda da criança

Após o crime, a menina foi atendida pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e passou a viver com os avós paternos.

“Foi garantido que ela continuasse com a família do pai, que sempre esteve presente. É uma tentativa de preservar ao máximo o bem-estar da criança depois de tudo o que aconteceu”, afirmou o delegado.

Sogra gravou e enviou vídeo do genro morto para grupos de WhatsApp

Horas após o assassinato, Vanda filmou o corpo e enviou o vídeo para diversos contatos. O delegado Rodrigo Sandi Mori classificou a atitude como “de uma frieza inexplicável”.

“Ela não demonstrou nenhum arrependimento ou desespero. Poucas horas após o crime, em vez de chorar ou procurar ajuda, estava espalhando imagens do corpo do genro morto”, destacou o delegado.

Envolvidos foram autuados por homicídio qualificado

As investigações apontaram que Vanda de Oliveira Rosa foi a autora intelectual do crime, responsável por atrair Thiago e inventar a falsa acusação de abuso para convencer os traficantes a executarem o genro.

Luiz Fernando Moreira Souza, conhecido como Mancha, chefiava o tráfico na região, forneceu a arma e ordenou a execução. Higor Reis de Jesus foi o atirador, braço armado do tráfico, responsável por disparar os quatro tiros na cabeça da vítima.

Já William dos Santos Pereira foi o piloto da moto usada no crime e deu fuga ao executor após a ação.

Os quatro envolvidos foram indiciados por homicídio qualificado, por motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima. Luiz Fernando, Higor e William também foram indiciados por associação ao tráfico, com aumento de pena pelo emprego de arma de fogo, haja vista que na análise do aparelho celular dos três ficou configurada a participação deles no tráfico.

Veja o relato do delegado Rodrigo Sandi Mori:

Carlos Raul Rodrigues, estagiário do Folha Vitória
Raul Rodrigues *

Estagiário

Jornalista em formação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e atua como estagiário no Jornal Folha Vitória

Jornalista em formação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e atua como estagiário no Jornal Folha Vitória