Cinco homens foram indiciados pela tentativa de homicídio dos policiais militares Saimen Oliveira Rodrigues e Marcos Vinicius Trindade Santana, atacados em maio de 2024, no bairro Cidade Pomar, na Serra. Dois dos investigados já foram presos, enquanto outros três permanecem foragidos.
A polícia identificou cinco criminosos no veículo. O resultado da investigação foi divulgado nesta terça-feira (25), durante coletiva de imprensa em Vitória, conduzida pela equipe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra.
Veja a função atribuída a cada um na ação:
- Joelson Nascimento de Jesus, 30 anos — “Gugu”

Apontado pela polícia como uma das principais lideranças do tráfico de drogas no bairro Cidade Pomar. Ele estava armado dentro do veículo e fugiu após o ataque aos policiais.
O soldado Saimen o reconheceu por foto durante o depoimento. Segundo a DHPP-Serra, Gugu foi um dos que saiu armado do lado direito do carro no momento da fuga. O suspeito segue foragido.
- Pabllo Corrêa Valadares, 30 anos — “Pablo Escobar”

Considerado braço direito de Gugu no tráfico local. Ele também estava no carro no momento da abordagem e participou diretamente da ação armada.
Pabllo foi preso meses depois, em setembro de 2023, após um confronto com a Polícia Militar, no qual acabou baleado. Saimen também o reconheceu por fotografia.
- David dos Santos, 27 anos — “Menor David”

Estava no banco traseiro do veículo durante o confronto após o disparo contra Saimen, David foi alvejado e socorrido ao Hospital Jayme Santos Neves, onde recebeu voz de prisão. Foi o primeiro envolvido formalmente identificado no caso.
- Rodrigo Ramos de Amaral, 39 anos — motorista

Era o motorista e proprietário do veículo. Segundo a polícia, dirigiu durante a fuga e participou dos disparos. Após o crime, se apresentou na delegacia no dia seguinte, acompanhado por advogado, antes de ter a prisão decretada.
Em seu depoimento, ofereceu uma versão considerada “fantasiosa” pelos investigadores, afirmando ter sido coagido a dirigir. A polícia descartou essa hipótese.
Rodrigo e a esposa ainda teriam tentado enganar as investigações: ele pediu que ela registrasse uma falsa ocorrência de roubo do carro — informação posteriormente desmentida.
- Marcos Vinicius Ramos de Amaral, 36 anos — irmão do motorista

Estava no banco traseiro, atrás do motorista. Assim como Rodrigo, chegou a se render inicialmente, mas depois fugiu com os demais.
Como aconteceu o crime
Na madrugada de 1º de maio do ano passado, os soldados Saimen e Santana realizavam patrulhamento quando perceberam um veículo em atitude suspeita. Assim que os ocupantes notaram a presença da viatura, o motorista realizou uma manobra brusca e deu início à fuga.
De acordo com o adjunto da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, delegado Pedro Henrique, os policiais passaram a emitir ordens de parada, que foram ignoradas. Durante a perseguição, os criminosos efetuaram disparos de arma de fogo contra os militares.
Após alguns metros, o carro dos suspeitos colidiu contra um muro na rua Jabuticaba, já no bairro Cidade Pomar. Nesse momento, parte dos ocupantes desceu do veículo e houve confronto com a polícia.
Enquanto o soldado Santana rendia dois suspeitos que haviam se entregado, o motorista e seu irmão, o soldado Saimen se aproximou do veículo para verificar se havia mais ocupantes, seguindo o procedimento padrão de abordagem. Nesse instante, foi atingido na cabeça por um disparo efetuado de dentro do carro, de forma que, segundo a polícia, foi “covarde e brutal”.
Mesmo baleado, o policial conseguiu observar os criminosos fugindo e forneceu posteriormente informações essenciais para a identificação dos envolvidos. Saimen ficou 15 dias em coma, 78 dias internado e, após longa recuperação, prestou depoimento considerado decisivo para o avanço da investigação.
Apesar da dinâmica estar completamente esclarecida, a autoria exata do disparo que atingiu o soldado Saimen ainda não foi definida. Isso porque dois suspeitos estavam no banco traseiro, do lado onde o tiro partiu, e ambos estavam armados.
A identificação final ocorrerá durante a fase processual.
Recuperação do policial

Após sobreviver a um ferimento grave e ter perdido massa encefálica, o soldado Saimen surpreendeu a equipe médica ao recuperar funções motoras e cognitivas. Ele prestou depoimento meses depois, confirmando toda a dinâmica observada no dia e reconhecendo os suspeitos. Os laudos periciais apontam que ele não teve perda de memória ou danos cognitivos.