
Toneladas de maconha, cocaína e outras drogas distribuídas para as facções criminosas que agem no Espírito Santo chegam ao Estado pela BR-101. A informação é da Polícia Rodoviária Federal (PRF-ES).
Nos últimos cinco anos, 14,5 toneladas de drogas ilícitas foram apreendidas no Espírito Santo, média de quase 4 toneladas por ano. Entre os materiais confiscados estão 121,6 mil kg de maconha, 350,2 mil kg de cocaína, 33,8 mil kg de crack e 594 mil kg de haxixe.
A PRF também interceptou 11.330 caixas de cigarros contrabandeados e 378 unidades de anfetaminas e barbitúricos.
Essas informações chegam à PRF através de denúncias. Através do próprio trabalho interno da nossa inteligência, a gente consegue acompanhar, monitorar as ações desses grupos criminosos.
Cleverson Lopes, chefe de Operações da PRF-ES
Segundo a corporação, 55% de todas as apreensões registradas no Estado ocorrem na BR-101, que segue como a principal porta de entrada de cargas destinadas a abastecer facções criminosas capixabas. A maioria da carga vem em caminhões.
Grande parte da droga tem origem no Paraguai, responsável por cerca de 80% da maconha consumida no Brasil.
De acordo com a PRF, o material entra no país principalmente por meio de rodovias e segue para centros de distribuição, entre eles, o Rio de Janeiro, antes de chegar ao Espírito Santo. Quando são flagrados, os transportadores dessas drogas são presos em flagrante.
Compartimentos ocultos para driblar a polícia
Um veículo de passeio tem muitos pontos internos que são alvo da criatividade bandida em esconder drogas para transportar o material ilícito por estradas brasileiras. A PRF-ES trabalha para combater a rota do tráfico e a entrada do material no Espírito Santo por vias terrestres,
Para tentar driblar a fiscalização, traficantes utilizam veículos com compartimentos ocultos, tanques de combustível adaptados, porta-malas e porta-luvas modificados, além de caminhões e até táxis.
Mulas do tráfico
A PRF-ES destaca que a maior parte dos detidos durante o transporte das drogas são as chamadas “mulas do tráfico”, pessoas que, em sua maioria, não integram a cúpula das organizações criminosas. Muitos dos presos afirmam desconhecer o conteúdo transportado.
Boa parte das nossas detenções, os condutores, aqueles que estavam transportando aquelas drogas, são pessoas que não fazem diretamente ligação com o tráfico, porém estão no trânsito das rodovias no dia a dia. Muitas vezes é um motorista que está em dificuldades financeiras. São muitas alegações deste tipo. É o que a gente chama de ‘mula’, aquela pessoa que recebe uma quantia em dinheiro para transportar determinada carga.
Cleverson Lopes, chefe de Operações da PRF-ES
Após cada prisão, as informações coletadas são repassadas à Polícia Civil e a outras forças de segurança, que buscam identificar remetentes e destinatários das cargas, chegando a integrantes de maior influência dentro das facções.
“As pessoas detidas são fruto de investigações policiais, que verificam o rastro. A gente tenta localizar este rastro que com certeza houve uma comunicação com essa pessoa. Que tipo de comunicação foi feita? Então, a gente tenta, sim, ‘linkar’ com as ações das grandes organizações criminosas”, destaca o chefe de Operações da PRF-ES
*Com informações da repórter Nathália Munhão, da TV Vitória/Record