
Um policial civil do Departamento Especializado de Narcóticos (Denarc), preso durante a Operação Turquia, é apontado pela Polícia Federal (PF) como responsável por vender drogas apreendidas ao líder do PCC na Ilha do Príncipe, em Vitória. O criminoso denunciava rivais à polícia e, em troca, comprava parte dos entorpecentes apreendidos nas ações.
Segundo a Polícia Federal, o traficante e o policial Eduardo Tadeu Ribeiro Batista Cunha mantinham contato direto, com conversas diárias por WhatsApp e encontros presenciais para combinar o desvio e a revenda de drogas. O intermediário que levava dinheiro e entorpecentes entre os dois também foi preso.
Como funcionava o esquema de desvio de drogas?
De acordo com a PF, o esquema funcionava de forma estratégica: o traficante informava locais onde facções rivais escondiam drogas, e Eduardo apreendia parte do material. Outra parte, no entanto, era desviada e revendida ao mesmo grupo criminoso que havia fornecido as informações.
Dos três policiais civis investigados, apenas Eduardo foi preso, por ser o responsável direto pelas negociações com o líder do PCC. Os outros dois, identificados como Erildo Rosa Júnior e Eduardo Aznar Bichara, tiveram ligação indireta com o esquema e foram afastados das funções até o fim das apurações.
A Operação Turquia é realizada pela PF em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e com apoio da Corregedoria da Polícia Civil.
O Ministério Público e a Polícia Federal informaram que o caso corre sob sigilo judicial e, por isso, não serão concedidas entrevistas por enquanto.
O que diz a Polícia Civil?
A Polícia Civil informou que não compactua com qualquer prática ilícita e que todas as condutas de seus integrantes serão rigorosamente apuradas.
Veja a íntegra da nota:
“A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES) informa que, por meio da Corregedoria Geral da Polícia Civil (CGPC), prestou apoio à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES) em operação destinada ao cumprimento de mandados de busca e apreensão e um de prisão em desfavor de três Oficiais Investigadores de Polícia (OIP) lotados no Departamento Especializado em Narcóticos (Denarc). O servidor detido foi encaminhado ao Alfa 10 (presídio de policiais civis).
A PCES reforça que não compactua com qualquer prática ilícita e que todas as condutas de seus integrantes serão rigorosamente apuradas. A Corregedoria Geral instaurará os devidos procedimentos administrativos internos para verificar eventuais responsabilidades disciplinares dos servidores envolvidos.
As informações referentes à investigação criminal permanecem sob responsabilidade do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPES) e da Polícia Federal (PF).”
O que diz o Sindipol
O Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo (Sindipol) informou que os policiais investigados no âmbito da Operação Turquia estão recebendo assistência jurídica.
*Com informações do repórter André Falcão, da TV Vitória/Record