Da esquerda para direita, mandante Lázaro Silva Muniz e executores: Wiglisson Lima, Everton Júnior, Matheus Farias, Felipe Barreto, João Gabriel, Daniel Bredoff, Júlio César, Luiz Gustavo, Talysson Filipe, Adriano Contes e Uadson Gomes (Foto/divulgação: Polícia Civil)
Da esquerda para direita: mandante Lázaro Silva Muniz e executores Wiglisson Lima, Everton Júnior, Matheus Farias, Felipe Barreto, João Gabriel, Daniel Bredoff, Júlio César, Luiz Gustavo, Talysson Filipe, Adriano Contes (foragido) e Uadson Gomes. Foto: Sesp/Divulgação

A Polícia Civil, por meio da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, concluiu as investigações dos seis homicídios ocorridos em 2024 no bairro Jardim Carapina, na Serra. Ao todo, 13 suspeitos foram identificados, sendo que 10 já foram presos.

As informações foram detalhadas nesta quinta-feira (30), durante coletiva de imprensa na Chefatura da Polícia Civil, em Vitória.

Segundo a DHPP, os homicídios ocorreram entre abril e novembro de 2024 e tiveram motivações diversas, como disputas entre facções criminosas, dívidas relacionadas ao tráfico de drogas, ciúmes e, em um caso, motivo fútil.

Entre as vítimas estão Pablo Diógenes Sarmento da Silva dos Santos, morto em abril, e Raulino Souza Dias, executado em novembro na frente da mãe, em uma abordagem que simulou uma ação policial.

Das 13 pessoas identificadas por envolvimento nos assassinatos, três estão foragidas, incluindo suspeitos localizados no estado do Rio de Janeiro.

Veja as vítimas:

Da esquerda para direita Pablo Diógenes, Luiz Henrique, Wiglisson Lima, João Paulo, Raulino Souza, Robson de Oliveira (Foto/divulgação: Polícia Civil)
Da esquerda para direita: Pablo Diógenes, Luiz Henrique, Wiglisson Lima, João Paulo, Raulino Souza Dias e Robson de Oliveira. Foto: Sesp/Divulgação

Nosso objetivo não é apenas prender quem atira, mas identificar e responsabilizar os mandantes, aqueles que comandam o tráfico local e ordenam crimes”, explicou o delegado Rodrigo Sandi Mori.

Ele ressaltou que, desde 2016, a Serra reduziu significativamente o número de homicídios e manteve índices de elucidação e condenação superiores a 80%, um dos maiores do Estado.

Segundo o delegado, os crimes investigados em Jardim Carapina tiveram motivações ligadas principalmente a disputas entre facções criminosas e dívidas relacionadas ao tráfico de drogas.

1. Porteiro foi atraído por mulher

Entre os casos está o homicídio do porteiro Pablo Diógenes, de 29 anos, ocorrido em 7 de abril de 2024.

A vítima foi atraída por uma mulher, identificada como Agatha Joyce da Silva Nascimento, 20 anos, que tinha um relacionamento com Pablo e intermediou o crime a pedido de traficantes locais, que ofereceram a ela a quantia de R$ 5 mil.

Agatha Joyce da Silva Nascimento intermediária de homicídio na Serra
Agatha Joyce da Silva Nascimento foi apontada como intermediária. Foto: Sesp/Divulgação

Pablo foi morto na entrada do bairro por disparos de arma de fogo após ter recebido uma ligação de Agatha para ir até Jardim Carapina. A mulher e os executores foram identificados e presos. Ela responde ao processo em liberdade.

A investigação apontou que Pablo era integrante do Terceiro Comando Puro (TCP), rival do Primeiro Comando de Vitória (PCV), que domina a região de Jardim Carapina.

Na ocasião, traficantes desconfiavam que Pablo estaria envolvido na morte de um homem no Morro do Cruzamento, tio de Agatha. Ela mantinha um relacionamento com a vítima.

2. Motivação: dívida com o tráfico

O caso foi registrado no dia 27 de abril de 2024, no qual vitimou Luiz Henrique Batista da Silva. O crime foi atribuída à Gangue do BDF. O delegado explicou que o crime foi motivado por uma dívida do tráfico de drogas que Matheus Farias Pacheco Souza, o “Boca Preta”, de 26 anos, tinha com a vítima.

No dia do crime, Luiz Henrique foi até Jardim Carapina para o aniversário da avó, mas ao entrar no bairro foi surpreendido pelos executores. Matheus se uniu a Everton Júnior Pena Nunes, o “Goe”, 20 anos, e um adolescente, matando o Luiz a pauladas em um mangue.

Quem são os indiciados pelo crime:

  • Everton Júnior Pena Nunes, o “Goe”, 20 anos – preso
  • Matheus Farias Pacheco Souza, o “Boca Preta”, 26 anos – foragido no Rio de Janeiro
  • Adolescente – executor

3. Morto após ataques contra aliados

O terceiro caso foi registrado no dia 19 de maio de 2024, quando Wiglisson Lima Cardoso, mais conhecido como “WG”, foi morto a mando de Lázaro Silva Muniz, o “Popeye”, 28 anos.

A execução teria acontecido depois que Lázaro descobriu que Wiglisson atuou em um ataque contra integrantes da própria facção na região de Capuaba, em Vila Velha.

Poucas horas do crime, MK foi até Wiglisson, retirou as armas e drogas. Durante a madrugada, Daniel e João Gabriel foram até a residência da vítima, renderam Wiglisson se passando por policiais. Quando ele se entregou, o Daniel efetuou sete disparos de fogo.

Rodrigo Sandi Mori, delegado

Quem são os indiciados pelo crime:

  • Lázaro Silva Muniz, o “Popeye”, 28 anos (mandante) – está preso e, na época, era apontado como chefe do tráfico das bocas do ponto final do Morro do Chatuba
  • Marlon Nascimento da Conceição, o “Marlin” e “Marrom”, 23 anos (intermediário) – preso
  • Marcos Antônio Rosa dos Santos, o “MK”, 32 anos (intermediário) – fugiu para o Rio de Janeiro
  • Daniel Bredoff Firmino, o “Ceará”, 27 anos (executor) – preso
  • João Gabriel Costa Vieira, o “GB”, 25 anos (executor) – preso

4. Morto por dívida de tráfico

João Paulo Medeia Damacena foi assassinado no dia 15 de novembro de 2024 dentro de sua casa e o crime, segundo a polícia, foi motivado por dívidas do tráfico e também ciúmes.

Ele tinha dívidas ligadas ao tráfico de drogas com o primo, Luiz Gustavo de Souza Sobrinho, mais conhecido como “Gustavinho”.

Além disso, João Paulo estava se relacionando com uma jovem que já havia namorado Gustavinho, o que teria gerado ciúmes.

A polícia informou que Gustavinho deu uma arma para que Júlio César Lima Anatório Vieira Cabidelle, o “Menor Capeta”, cometesse o crime. O apontado como executor foi morto em maio deste ano.

Quem são os indiciados do crime:

  1. Luiz Gustavo de Souza Sobrinho, o “Gustavinho”, 21 anos (executor) – está preso
  • Júlio César Lima Anatório Vieira Cabidelle, o “Menor Capeta”, 21 anos (executor) – morto em confronto do dia 10 de maio de 2025.

5. Assassinado na frente da mãe

Um caso de repercussão ocorreu em 19 de novembro de 2024, quando Raulino Souza Dias foi assassinado na frente da mãe. O crime foi determinado por um traficante local após a vítima ser flagrada fornecendo informações a uma facção rival.

Os responsáveis pelo crime, segundo a polícia, são: Lázaro Silva Muniz e Talysson Filipe Lima da Silva. Eles foram presos, enquanto um terceiro envolvido, Adriano Contes Silva, o Gugu, segue foragido no Rio de Janeiro.

Quem são os indiciados pelo crime:

  • Felipe Barreto de Assis, o Barretinho, 27 anos (executor) – está preso
  • Wiglisson Lima Cardoso, 23 anos (executor) – foi assassinado em 29 de maio de 2024
  • Agatha Joyce da Silva Nascimento, 20 anos (intermediária) – responde em liberdade.

6. Assassinado por motivo fútil

No homicídio do dia 20 de novembro, Robson de Oliveira Gomes foi morto por motivo “fútil”, de acordo com a polícia. As investigações identificaram que Robson, enquanto estava embriagado, acabou irritando Uadson Gomes Santos, o “Tim”, 58 anos. Nervoso, Uadson foi até a residência, buscou uma arma e matou Robson.

Quem é o indicado pelo crime:

  • Uadson Gomes Santos, o “Tim”, 58 anos (executor) – preso

Casos denunciados à Justiça e prisões

Ao longo de um ano e três meses de investigações, iniciadas em abril de 2024 e concluídas em julho de 2025, a DHPP elucidou todos os seis homicídios, resultando em denúncias formais à Justiça e prisões.

A metodologia envolveu análise de celulares, depoimentos de testemunhas e diligências em campo, mesmo diante da ação de criminosos que utilizavam capuzes e se passavam por policiais para cometer os crimes.

O delegado Rodrigo Sandi Mori reforçou que o foco não é apenas prender os executores, mas também identificar e responsabilizar os mandantes, garantindo que nenhum crime fique impune, reduzindo a sensação de impunidade, fator que, segundo ele, estimula novos homicídios.

Redação Folha Vitória

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