Polícia

Vídeo mostra ação policial com uso de spray de pimenta e chutes na Serra

Dono da loja levou um mata-leão e mulher levou chutes e spray de pimenta. PM diz que ação ocorreu por descumprimento de lei municipal

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Confusão entre policiais militares e donos de distribuidora na Serra
Confusão entre policiais militares e donos de distribuidora na Serra. Foto: Videomonitoramento

Imagens de uma câmera de segurança registraram uma ação da Polícia Militar com uso de força durante uma abordagem na madrugada deste sábado (29), em frente a uma loja de conveniência no Bairro das Laranjeiras, em Jacaraípe, na Serra. O vídeo mostra momentos de tensão entre policiais e frequentadores do local.

Nas imagens, é possível ver um policial militar imobilizando um homem com um mata-leão, enquanto outro agente empurra e aponta uma arma para uma pessoa que estava filmando a abordagem.

Em outro trecho, uma policial usa spray de pimenta contra duas pessoas que estavam na calçada. A gravação também mostra uma mulher sendo chutada, empurrada e recebendo múltiplos jatos de spray de pimenta no rosto. Ela chega a cair no chão durante a confusão.

Testemunhas alegam abuso de autoridade e afirmam que os policiais não estavam identificados.

É trabalhador, não tem vagabundo aqui, não!, grita um dos moradores no vídeo, enquanto acompanhava a cena.

VEJA O VÍDEO:

Ação policial motivada porque estabelecimento estava aberto após as 23h

Segundo a Polícia Militar, a ocorrência foi motivada por descumprimento de uma lei municipal que determina o fechamento de distribuidoras de bebidas até às 23h. De acordo com a corporação, o estabelecimento permanecia aberto após o horário permitido, e a ação visava encerrar o funcionamento do local.

O homem imobilizado no vídeo é Eduardo Emerich Rosa, dono da loja. Ele contou que desmaiou após ser colocado em um mata-leão. Apesar de ter sido levado pelos policiais, disse que não chegou a ser autuado na delegacia.

“Estava tendo uma festa de São João na rua, que acabou naquele horário. No entanto, a gente já estava indo embora. Estávamos do outro lado da rua com as minhas filhas. Após isso, eu atravessei a rua, parei na frente da loja. O policial me disse que eu não podia trabalhar e que ia me deixar uma notificação. Eu me identifiquei com o meu nome completo e dados pessoais. Depois, eu falei para ele entrar, pois eu iria pegar os documentos, mas, quando eu virei, um dos policiais me arrastou pelo braço, me enforcou e, depois disso, não me lembro de mais nada”, contou o dono do estabelecimento.

Mulher recebeu spray de pimenta no rosto

A mulher que aparece nas imagens sendo empurrada e atingida com spray de pimenta é Jennifer Carolina, esposa de Eduardo e também responsável pelo local. Ela relatou que ficou com hematomas, lesões nas unhas e dificuldades para enxergar após a exposição repetida ao spray.

“Estava tudo bem. Eles estavam conversando normalmente. Em nenhum momento houve alguma alteração de antes as partes. Mas, depois da agressão, eu já fiquei fora de mim. Além dos policiais que estavam com o meu marido, tinham outros policiais fazendo uma barreira. Quando eu tentei passar, um dos policiais me empurrou brutalmente e eu caí. Eu queria ajudar o meu marido. Outro policial me deu um chute no estômago”, contou.

Segundo o casal, apesar da fachada do estabelecimento ainda indicar que se trata de uma distribuidora, a documentação foi atualizada e o espaço passou a funcionar como loja de conveniência — atividade que, de acordo com eles, pode operar 24 horas.

Os proprietários apresentaram documentos e alvarás, incluindo um laudo do Corpo de Bombeiros que, segundo eles, autoriza o funcionamento do estabelecimento no novo formato.

Após o ocorrido, Eduardo e Jennifer afirmaram que já procuraram um advogado e pretendem acionar a Justiça.

O que diz a Polícia Militar

Em nota, a Polícia Militar informou que o dono tentou resistir à ação policial e que, enquanto a equipe tentava algemar o proprietário, clientes e funcionários começaram com xingamentos aos militares e se aproximaram da equipe afirmando que o homem não poderia ser detido.

A nota ainda diz que, por isso, os policiais precisaram usar spray de pimenta. Disseram ainda que no boletim não consta que o proprietário do estabelecimento apresentou o citado documento aos militares.

Já a Polícia Civil informou que o suspeito, de 38 anos, foi conduzido à Delegacia Regional da Serra, assinou um termo circunstanciado por desacato, e foi liberado após assumir o compromisso de comparecer em juízo.

*Com informações do repórter André Falcão, da TV Vitória/Record

Redação Folha Vitória

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Redação Folha Vitória é a assinatura coletiva que representa a equipe de jornalistas, editores e profissionais responsáveis pela produção diária de conteúdo do Folha Vitória. Comprometida com a excelência jornalística, a equipe atua de forma integrada para garantir informações precisas, atualizadas e relevantes, sempre alinhada à missão de informar com ética, democratizar o acesso à informação e fortalecer o diálogo com a comunidade capixaba. O trabalho do grupo reflete o padrão de qualidade da Rede Vitória de Comunicação, consolidando o veículo como referência em jornalismo digital no Espírito Santo.

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