Quando o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), disse pela primeira vez à coluna De Olho no Poder que iria realizar um evento político com 6 mil pessoas, numa segunda-feira à noite e em Cariacica, para apoiar o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) na corrida ao Palácio Anchieta, a informação foi registrada, mas com a devida prudência que números tão ambiciosos costumam inspirar, principalmente na política.
Afinal, não é incomum que, embalados pela empolgação do palanque, líderes políticos façam previsões superestimadas de seus atos para impressionar aliados e adversários e, de alguma forma, tentar influenciar no resultado. Faz parte do jogo.
Desta vez, no entanto, a realidade correspondeu – ou chegou bem perto – ao entusiasmo da promessa. Na noite da última segunda-feira (09), a casa de shows Matrix Hall lotou, o palco reuniu lideranças políticas de peso, foi cenário de discursos inflamados e o clima era, sem dúvidas, de campanha eleitoral – embora o próximo pleito seja só em outubro do ano que vem.
Tudo sob a batuta de Euclério, que mobilizou aliados para marcar presença em um momento estratégico: Ricardo precisa se firmar como um nome competitivo na disputa pelo Palácio Anchieta para se consolidar na corrida eleitoral – uma vez que tem, no seu encalço, o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (sem partido), que também se movimenta nos bastidores para concorrer ao governo do Estado.
O prefeito demonstrou sua força não apenas pelo público presente, mas pela capacidade de reunir lideranças de diferentes regiões e correntes – como deputados estaduais e federais, prefeitos, vereadores, secretários de governo, lideranças comunitárias e religiosas.
E, ao clássico estilo Euclério de ser, o prefeito também mandou seu recado. Mostrou que, embora não presida nenhuma agremiação partidária, tem capacidade de mobilização e prestígio.
Na última entrevista que deu à coluna, indignado com as movimentações de lideranças da futura federação União Progressista, chegou a dizer que “partido não dá voto” e que a viabilização de Ricardo dependeria também do grupo de aliados.
“Eu estou fazendo a minha parte. Agora se tem alguém torcendo para Ricardo não se viabilizar é porque não está em comunhão com o grupo”, afirmou à coluna, na ocasião.
Também não faltaram alfinetadas direcionadas ao prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), que também é pré-candidato ao governo do Estado e deve ser um dos principais opositores na eleição.
Se havia alguma dúvida, o evento de ontem serviu para consolidar o prefeito do terceiro maior colégio eleitoral do Estado como um dos principais entusiastas – e cabos eleitorais – da pré-candidatura de Ricardo Ferraço – lembrando que o prefeito já foi citado pelo governador Renato Casagrande (PSB) como um possível nome à sucessão governamental.
Euclério tem gestão bem avaliada e foi reeleito em primeiro turno, no ano passado, com 88,4% dos votos. Em um cenário eleitoral que se desenha competitivo, trata-se de um trunfo político que não pode ser ignorado.
Resta saber se toda essa força demonstrada se traduzirá em voto no ano que vem. A conferir.
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