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Advogado divulga carta pública em defesa da criminalista Beatriz Catta Preta

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São Paulo – O advogado Jorge Béja divulgou pela internet uma carta pública endereçada à criminalista Beatriz Catta Preta. Na semana passada, ela anunciou que decidiu encerrar sua carreira porque se sentia intimidada pela CPI da Petrobras, que insiste em ouvi-la sobre seus clientes e valores que recebeu a título de honorários.

Na carta, Jorge Béja – especialista em Responsabilidade Civil e membro efetivo do Instituto dos Advogados Brasileiros – sugere a Beatriz Catta Preta que “não se deixe abater”.

Catta Preta foi artífice da Lava Jato. Sob sua orientação, nove delatores passaram à Lava Jato informações que fizeram ruir o esquema de corrupção e cartel que se instalou na Petrobras entre 2004 e 2014. Entre os delatores estavam o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa (Abastecimento), o ex-gerente de Engenharia da estatal Pedro Barusco, o lobista Julio Camargo e o empresário Augusto Mendonça.

Um deles, Julio Camargo, incendiou a CPI porque, em depoimento à Justiça Federal, afirmou ter sido pressionado em 2011 pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), atual presidente da Câmara, por uma suposta propina de US$ 5 milhões.

Os aliados de Cunha logo incluíram na pauta da CPI a convocação de Catta Preta sob o argumento de que ela precisa revelar a origem de seus honorários, uma vez que os colaboradores aceitaram devolver aos cofres públicos as fortunas que amealharam em propinas.

Sentindo-se sob ameaçada, sua vida pessoal bisbilhotada, temendo pela segurança dos filhos, amargurada, Catta Preta fechou o escritório e renunciou à defesa dos delatores, de todos eles. “Eu sou constantemente intimidada”, desabafou.

Na carta pública, que publicou na internet, o advogado Jorge Béja sai em defesa de Catta Preta e das prerrogativas da classe. “Temos deveres e obrigações apenas com nossos constituintes. E estes conosco, constituídos. A relação é bilateral e de reciprocidade. Nela, terceiro não intervém. E sigilo, confiança e confidencialidade são as indeléveis garantias, primados e princípios, do múnus de cada um de nós. Em tudo, quanto a tudo e a respeito de tudo mais. Garantias intocáveis, inatingíveis e impenetráveis e que a tudo alcança e abrange. Ontem, hoje e sempre.”

Para o advogado, o sentimento de ameaça “decorre da própria convocação” de Catta Preta. Ele assinala que outros advogados, inclusive defensores de delatores, não foram chamados pela CPI. Apenas Catta Preta. “Você foi a única apanhada, dentre tantos e tantos outros nobres e também talentosos causídicos. Mas apenas você interessa à CPI.”