O advogado Eumar Novacki, que defende o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (2) a absolvição dele no processo da trama golpista.
A situação do ex-ministro é uma das mais complicadas no processo. Torres mantinha em casa uma cópia de minuta para anular o resultado das eleições e era secretário de Segurança do Distrito Federal no 8 de Janeiro.
Além disso, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que segundo a denúncia montou operações direcionadas para dificultar o voto no Nordeste no segundo turno das eleições de 2022, compõe a estrutura administrativa do Ministério da Justiça.
A estratégia da defesa foi tentar desqualificar as provas da Procuradoria-Geral da República (PGR), principalmente a “minuta golpista”, em uma tentativa de neutralizar as acusações.
Novacki reafirmou que Anderson Torres não escreveu o rascunho e que um arquivo idêntico circulou na internet em dezembro de 2022. A defesa sustenta que “foi dado um peso descomunal” ao documento e alega que ele nunca foi debatido pelo ministro.
O advogado também tentou desvincular o ex-ministro dos atos golpistas na Praça dos Três Poderes. Torres estava de férias com a família em Miami na data da invasão.
Ele havia sido nomeado uma semana antes para comandar a Secretaria de Segurança do Distrito Federal, cargo que ocupava antes de integrar o governo federal, e já havia promovido mudanças na cadeia de comando da pasta e das Polícias Civil e Militar.
A defesa nega omissão, afirma que a viagem estava marcada há meses e que ele só embarcou aos Estados Unidos porque não havia informações sobre o risco de atos violentos em Brasília.
Eumar Novacki argumentou ainda que Torres tomou providências para tentar desmobilizar os acampamentos bolsonaristas no Distrito Federal.
A denúncia também destaca que o ex-ministro participou da transmissão ao vivo feita por Bolsonaro no dia 29 de julho de 2021, no Palácio da Alvorada, que segundo a Procuradoria-Geral da República marca o início da trama golpista.
Na live, Bolsonaro fez acusações sem provas contra as urnas e a segurança do processo eleitoral.
Segundo a defesa, Anderson Torres foi “convocado” por Bolsonaro e apenas leu informações sobre o sistema eleitoral, “seguindo orientação de sua assessoria”, sem emitir juízo de valor sobre os dados.
O julgamento foi suspenso após a manifestação do advogado e será retomado nesta quarta-feira (3) para a continuidade das sustentações orais das defesas.