Política

Afastamento do deputado Eduardo Cunha da presidência da Câmara reforça tese de cassação

Na última sexta (6), o relator do processo contra Cunha, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), anunciou que pretende antecipar o parecer final, cujo prazo de entrega se encerra em 3 de junho

Afastamento do deputado Eduardo Cunha da presidência da Câmara reforça tese de cassação Afastamento do deputado Eduardo Cunha da presidência da Câmara reforça tese de cassação Afastamento do deputado Eduardo Cunha da presidência da Câmara reforça tese de cassação Afastamento do deputado Eduardo Cunha da presidência da Câmara reforça tese de cassação
Brasília – O deputado afastado Eduardo Cunha fala à imprensa sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal de manter seu afastamento da Câmara (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Brasília – O deputado afastado Eduardo Cunha fala à imprensa sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal de manter seu afastamento da Câmara (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) Foto: Agência Brasil

Brasília – O afastamento do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara fortaleceu a tendência de cassação de seu mandato. Até o julgamento no Supremo Tribunal Federal, anteontem, o processo por quebra de decoro parlamentar seguia a passos lentos no Conselho de Ética da Casa e os membros do colegiado estavam divididos sobre a punição do peemedebista. A tendência agora é que os trabalhos sejam acelerados e que até meados de junho Cunha seja julgado no plenário.

“Acabou. Depois do 11 a 0, quem vai defendê-lo?”, disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), adversário de Cunha, em referência ao resultado da votação dos ministros do Supremo à liminar de Teori Zavascki, que concordou com os argumentos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de que o peemedebista usava o cargo para atrapalhar as investigações da Lava Jato e a análise do processo de cassação de seu mandato no Conselho de Ética.

Na última sexta-feira (6), o relator do processo contra Cunha, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), anunciou que pretende antecipar o parecer final, cujo prazo de entrega se encerra em 3 de junho, e apresentá-lo ainda neste mês. Técnicos legislativos foram consultados pelo relator e informaram que o fato de o peemedebista estar afastado do mandato não impede o prosseguimento da representação. O processo disciplinar já é o mais demorado da história do colegiado.

Pelo cronograma do conselho, nos próximos dias serão ouvidas as testemunhas de defesa, o próprio Cunha – que ainda não manifestou interesse em depor – e no dia 19 de maio termina a fase de instrução processual. A partir daí, Rogério terá regimentalmente dez dias úteis para apresentar seu relatório. Se não houver recursos protelatórios, o relator acredita que o processo estará apto para votação em plenário a partir do dia 22 de junho.

A avaliação entre os deputados é de que Cunha está em seu momento político mais frágil e que a tendência é ver reduzido o número de parlamentares que costumavam garantir apoio a ele. “Mas ele continua com um grupo muito fiel”, comentou Rogério.

Segundo relatos, parlamentares que tendiam a favorecer Cunha no colegiado, como a deputada Tia Eron (PRB-BA), ou os que passaram a ser dúvida de voto, como Paulo Azi (DEM-BA), já indicaram que vão votar pelo pedido de cassação do peemedebista. Antes do afastamento pelo STF, o cenário no colegiado estava empatado, com chances de reversão do quadro em favor de Cunha.

O tamanho real do grupo fiel ao peemedebista será percebido na próxima semana, durante o depoimento das testemunhas de defesa. Independentemente do resultado da votação no conselho, a palavra final sobre o destino de Cunha será do plenário.

Delações. Ontem, o conselho recebeu o conteúdo das delações premiadas dos executivos Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior, da Carioca Engenharia. De acordo com as investigações da Operação Lava Jato, a empreiteira teria pago R$ 52 milhões em propina ao peemedebista. Os documentos servirão de base para o relatório do deputado Marcos Rogério.

A cúpula do colegiado vem sendo pressionada por dois lados: dos aliados de Cunha pedindo que o relatório final proponha uma punição mais branda ao deputado afastado e pelo grupo que gostaria de ver o deputado Waldir Maranhão (PP-MA) fora da presidência da Câmara. O grupo contrário a Maranhão quer acelerar o processo no Conselho de Ética, de forma a cassar Cunha o quanto antes no plenário e assim forçar a realização de novas eleições para o comando da Casa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.