Política

Aliado de Alcolumbre, MDB retoma protagonismo no Senado

O movimento ocorre em meio à dificuldade de articulação política do presidente Jair Bolsonaro

Aliado de Alcolumbre, MDB retoma protagonismo no Senado Aliado de Alcolumbre, MDB retoma protagonismo no Senado Aliado de Alcolumbre, MDB retoma protagonismo no Senado Aliado de Alcolumbre, MDB retoma protagonismo no Senado
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Depois de amargar seu pior resultado eleitoral em 2018 e cair no ostracismo com o fim do governo Michel Temer, o MDB volta a ocupar um espaço de poder na política brasileira. O movimento ocorre em meio à dificuldade de articulação política do presidente Jair Bolsonaro, que tem recorrido a caciques emedebistas para fazer andar sua agenda no Congresso.

Na prática, o MDB se uniu ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), após ter perdido o comando da Casa. Na reta final da reforma da Previdência, no último dia 23, foi o gabinete da liderança do MDB – e não a sala da presidência, ao lado – o local da negociação de um acordo de última hora entre governo e oposição que garantiu aposentadoria especial por periculosidade. O líder da bancada do MDB, Eduardo Braga (AM), articulou as maiores derrotas do ministro da Economia, Paulo Guedes, ao longo da tramitação: a retirada das mudanças na pensão por morte e no pagamento do abono salarial. O partido tem a maior bancada do Senado: 13 integrantes entre os 81 senadores.

Adversário de Alcolumbre na eleição, Renan Calheiros (MDB-AL) virou seu aliado, mas votou contra a reforma da Previdência. “Davi está indo muito bem. Reagiu a perseguições do Ministério Público, defendeu o Congresso e tem procurado estabelecer prioridade na agenda econômica”, disse Renan ao jornal O Estado de S. Paulo. O senador deixou clara a aproximação com Alcolumbre ao viajar com ele para Alagoas em visita a áreas atingidas pelo vazamento de óleo no litoral nordestino. “Ele está tendo mais facilidade do que eu em fazer algumas coisas. Eu enfrentaria mais resistências e teria mais problemas”, disse Renan.

O MDB admite até mesmo apoiar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para permitir a reeleição de Alcolumbre no comando da Casa, o que também autorizaria Rodrigo Maia (DEM-RJ) a disputar a recondução à presidência da Câmara. “É claro que é viável debater (esse assunto no Senado), mas o plenário é soberano.” O MDB não esconde, porém, a possibilidade de tentar voltar ao comando do Senado.

Em diversas sessões, é Braga quem fica de frente para Alcolumbre sinalizando o fechamento de acordos no plenário. Foi assim nas votações da Previdência e na rejeição de indicados ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

O presidente nacional da sigla, Baleia Rossi, relaciona a articulação do MDB no Congresso ao alinhamento que o partido tem com a pauta econômica do governo Bolsonaro.

Governo

Mesmo próximo da agenda econômica, comandantes do partido negam que tenham um alinhamento automático com Bolsonaro. O partido se define como independente e defende pautas da equipe econômica. Com dificuldades de articulação, Bolsonaro recorreu a emedebistas para negociar a relação com parlamentares. Depois de já ter um integrante do partido como líder do governo no Senado, escolheu Eduardo Gomes (MDB-TO) como líder do governo no Congresso. Na Esplanada, o Ministério da Cidadania é liderado por um integrante do partido, Osmar Terra. “Temos compromisso com a pauta, não teremos nenhum outro tipo de relação que, no passado, foi uma característica do governo”, afirmou Rossi. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.