A Assembleia Legislativa ficou lotada nesta terça-feira (17). Alunos e professores participaram da audiência pública que contou também com a presença do secretário Estadual de Educação, Haroldo Rocha. Corpos docente e discente questionaram projeto do governo do Estado que cria a Escola Viva.
Tanto alunos quanto professores percorreram ruas de Vitória e caminharam até a Enseada para participar da audiência pública.
O objetivo da manifestação foi questionar a falta de diálogo em torno do projeto.
Para o professor de Filosofia Weriquison Simer Curbani, a falta de publicidade sobre o assunto representa um problema.
“Na escola onde leciono não chegou nenhum informativo sobre o assunto. Nenhum professor que eu conversei também foi avisado. O secretário de Educação tem citado muito Darcy Ribeiro, mas eu não acredito que o mesmo daria uma ordem de despejo a professores e alunos”, criticou.
Outra preocupação diz respeito ao horário. O professor Paulo Mota explicou que a rede pública conta com alunos que também trabalham.
“Não podemos aceitar uma escola que vem cortar pela metade o número de alunos e professores. Um modelo de escola em que os alunos não vão poder estagiar e nem trabalhar, sendo que parte deles vem de família carente, que trabalha para ajudar em casa”, apontou.
OPÇÃO
O secretário Estadual de Educação, Haroldo Rocha, explicou que a Escola Viva não obrigará os alunos a aderirem ao Programa. Segundo ele, existem duas opções: escolas de turno normal e de turno integral.
“Sem dúvida na escola de tempo integral o aluno vai aprender muito mais, pois é esse o nosso objetivo. Queremos os alunos aprendam muito mais, de uma forma dinâmica e diferenciada. Vamos começar com um número de escolas e depois vamos avançar”, prometeu.
Questionado sobre a carreira dos professores, Haroldo Rocha assinalou que os profissionais poderão escolher se irão para escolas de tempo integral ou as de tempo normal.
“Nós não vamos reduzir o número de professores, pelo contrário, vamos precisar de mais educadores. A Escola Viva é o modelo de educação que o Brasil precisa e nós teremos no Espírito Santo”, respondeu.
URGÊNCIA
O regime de urgência foi aprovado na sessão da última terça-feira da Ales, o que desagradou o setor. Além do diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo, Cristovam Mendonça, o deputado Sérgio Majeski (PSDB) criticaram o regime de urgência aprovado em plenário.
“Isso vai contra todo modelo acadêmico que queremos. Este tipo de Escola Viva não é modelo para o Espírito Santo, pois contempla menos de 1% das escolas. Não se faz educação sem discutí-la. São cinco escolas que vão servir como marketing. O projeto precisa ser retirado em respeito ao Espírito Santo”, assinalou Mendonça.
“Temos a realidade de alunos que chegaram ao ensino médio sem saber ler e escrever. Isso sim deve ser solucionado. Em minha opinião, não é possível colocar um escola para funcionar em tempo integral sendo que, feito isso, parte dos alunos terá que ser remanejada por falta de espaço, e eu te pergunto: para onde vão esses alunos?”, questionou Majeski.
Atento ao que disse o colega parlamentar, o deputado Sandro Locutor (PPS) pediu a retirada do pedido de urgência.
Ao contrário dos outros parlamentares, o vice-líder do governo, deputado Erick Musso (PP), insistiu na manutenção da urgência.
“A educação do jeito que está não dá para continuar, pois quando saímos pelas ruas para pedir votos o que ouvíamos é de que a educação precisava ser mudada. Eu parabenizo o governo Paulo Hartung pela coragem de criar um projeto como este. A matéria tramita nesta Casa com a mesma urgência que as ruas clamavam quando pediam mais educação”, afirmou.
De acordo com o modelo proposto pelo governo, os alunos deverão permanecer nove horas e meia, sete horas e meia dedicadas dedicados às atividades com orientação pedagógica. Para se alimentar, os alunos terão direito à refeição e lanche.