Política

Antes de Bolsonaro, deputado viralizou denunciando alta em supermercado

"Se a gente não gritar agora, daqui a pouco vai ter arroz de R$ 40, daqui a pouco vai ter feijão de R$ 30", diz o deputado

Antes de Bolsonaro, deputado viralizou denunciando alta em supermercado Antes de Bolsonaro, deputado viralizou denunciando alta em supermercado Antes de Bolsonaro, deputado viralizou denunciando alta em supermercado Antes de Bolsonaro, deputado viralizou denunciando alta em supermercado
Foto: Divulgação/Abas

Nesta sexta-feira, 4, Jair Bolsonaro pediu aos donos de supermercado mais patriotismo para evitar inflação dos alimentos. O presidente disse que não vai mudar nada na canetada, mas mostrou preocupação com os aumentos. Dois dias antes, o deputado estadual de Minas Cleitinho Azevedo (Cidadania-MG) fez um vídeo comparando preços antes e depois da pandemia. O vídeo foi a publicação com mais interações e a mais compartilhada do Facebook na quarta-feira, 2, de acordo com o CrowdTangle, a ferramenta de Insigths da rede social. Foram 990 mil compartilhamentos, mais de 236 mil interações e quase 59 mil comentários. O deputado ganhou 50.200 novos seguidores desde quarta-feira.

Usando uma camisa do América-MG e máscara ao entrar no supermercado, Cleitinho fala em tom exaltado. “Se a gente não gritar agora, daqui a pouco vai ter arroz de R$ 40, daqui a pouco vai ter feijão de R$ 30”, diz ele na gravação. Itens como arroz e óleo chegavam a custar o dobro do valor cobrado em março no vídeo do parlamentar.

O economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz, selecionou sete produtos básicos e verificou que, em 12 meses até agosto, esses produtos subiram, em média, 28,9% no atacado e 23,8% no varejo.

Cleitinho diz que era músico e que começou a sofrer boicotes por criticar políticos. A escassez de trabalho na música fez com que ele entrasse para a política a pedido de moradores de Divinópolis, sua cidade natal, e ele acabou escolhendo o Cidadania por ter um amigo no partido. Ele conseguiu se eleger vereador e dois anos depois voltou a se arriscar em uma eleição, dessa vez para conquistar uma cadeira na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

O deputado ganhou notoriedade local ao pedir, sem sucesso, para a Alemg instalar um chuveiro em seu gabinete. “Eu não queria morar na Assembleia, era só dormir porque só tem sessão de terça, quarta e quinta”, explica. Cleitinho afirma que dispensou o auxílio moradia e paga um apartamento com o salário que ganha como deputado.

Eleições municipais de 2020

Com a fama na região de Divinópolis, não demorou para que chegassem os pedidos de apoio. Mais do que isso, candidatos a prefeito da cidade convidaram o irmão de Cleitinho, Gleidson Azevedo, para ser pré-candidato a vice. “Eu não acho que deva existir vice, para mim vice deveria ser um secretário, então eu falei para o meu irmão: “Se você quiser entrar para a política, sai como prefeito que eu te apoio”.

O Cidadania, no entanto, já tem candidato próprio para a prefeitura de Divinópolis, o deputado federal Fabiano Tolentino, que já se afastou do cargo para a campanha. Gleidson foi obrigado, então, a se filiar ao PSC. Sem querer, Cleitinho colocou o irmão na vida política em novembro de 2019 com uma brincadeira feita sobre as denúncias que recebe dos eleitores. “Podem continuar mandando denúncias, que vou rodar o estado inteiro, estou aqui pra isso! Sou empregado do povo e se precisar, eu me multiplico”, escreveu ele na legenda de uma foto com Gleidson publicada no Facebook. Resta saber se Gleidson vai conseguir espelhar o sucesso do irmão.