Política

Após ameaças, evento em SC quer debater ódio na internet

O evento será realizado entre 8 e 18 de agosto, na cidade do norte catarinense. O tema será Literatura em Movimento

Após ameaças, evento em SC quer debater ódio na internet Após ameaças, evento em SC quer debater ódio na internet Após ameaças, evento em SC quer debater ódio na internet Após ameaças, evento em SC quer debater ódio na internet
Foto: Reprodução / Pexels

A organização da 13.ª edição da Feira do Livro de Jaraguá do Sul (SC), informou na quarta-feira, 17, que, após o cancelamento da participação da jornalista Miriam Leitão e do sociólogo Sérgio Abranches no evento por causa de ameaças, será proposta uma mesa de debate sobre “ódio em tempos de internet”.

“Começamos a receber mensagens, e mensagens pesadas, que não dá nem para repetir”, afirmou o coordenador artístico do evento, Carlos Henrique Schroeder. “Me senti envergonhado de ter de anunciar esse cancelamento, mas, diante do conteúdo das ameaças, a prudência falou mais alto. Relutei, tive vontade de bancar a vinda deles, mas melhor assim do que ter um evento marcado por sangue. Estamos estudando uma substituição na programação e pensamos em fazer uma mesa para debater o ódio em tempos de internet”, disse Schroeder.

O evento será realizado entre 8 e 18 de agosto, na cidade do norte catarinense. O tema será Literatura em Movimento.

Schroeder atribuiu as ameaças a simpatizantes bolsonaristas e disse que, diferentemente da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no Rio, que reuniu um grupo reduzido de manifestantes contrários à participação do jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, “aqui seria diferente, seria uma multidão deles”.

“Só não deixei a coordenação do evento porque, se não houver feira, é uma vitória para eles”, afirmou Schroeder.

O conselho do evento é formado por cinco integrantes. Após análise da situação, foi decidida, por três votos a dois, a suspensão dos convites feitos a Miriam e a Abranches. Ao comentar sobre o assunto em sua coluna diária na rádio CBN, a jornalista classificou as manifestações como “intolerantes”.

O cancelamento foi anunciado na terça-feira, 16, um dia após o evento divulgar a programação deste ano. A “pressão” contra a participação da jornalista e do sociólogo começou na tarde de segunda-feira. Em seguida, foi criada uma petição online que recolheu 3.294 assinaturas. Além da mobilização nas redes, os organizadores relataram as ameaças, o que, segundo eles, motivou o cancelamento.

‘Plural’

Em nota, a organização da feira de Jaraguá do Sul afirmou que “nunca, em toda sua história, a festa da literatura foi atacada pela escolha de seus convidados”. “A feira do livro, em suas 12 edições, sempre foi marcada por ser um evento plural, que promove o conhecimento por meio da literatura, teatro, música e artes visuais. Reiterando, a Feira do Livro é, e sempre foi, um evento de difusão do livro e da leitura, sem fins políticos, religiosos ou ideológicos”, diz o comunicado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.