Política

Após exoneração de funcionários, museu Sarney fecha as portas

Após exoneração de funcionários, museu Sarney fecha as portas Após exoneração de funcionários, museu Sarney fecha as portas Após exoneração de funcionários, museu Sarney fecha as portas Após exoneração de funcionários, museu Sarney fecha as portas

São Luís – A Fundação José Sarney, hoje batizada de Fundação da Memória Republicana, fechou suas portas nesta sexta-feira, 16, após exoneração dos 48 servidores comissionados que trabalhavam no local. No dia 2 de janeiro, o governador Flávio Dino (PC do B) assinou um decreto exonerando todos os ocupantes dos cargos comissionados no Estado.

A presidente da instituição, Anna Graziela Costa, decidiu então finalizar toda a programação e atividades oferecidas pela fundação. A ex-chefe da Casa Civil no governo de Roseana Sarney declarou que não tem como manter a estrutura do local em funcionamento sem funcionários.

“Após a exoneração dos servidores, encaminhei ao governador um ofício, solicitando uma resposta à atual situação, mas nunca fui respondida”, disse. O secretário de Articulação Política, Márcio Jerry (PC do B), por sua vez, disse apenas que “a Fundação José Sarney não é preocupação prioritária do governo”. O museu é um órgão ligado à secretaria de Estado de Cultura.

O secretário acusou a fundação de servir a fins privados. “Solicitamos um estudo para saber a que se destinam os recursos públicos dentro do museu. Uma instituição pública não pode se prestar a atender interesses privados. A proposta também trata de explicar porquê um museu destinado a guardar a memória de todos os ex-presidentes guarda somente a memória de um (José Sarney)”, destacou.

A presidente da fundação reage. “Não há culto à personalidade de Sarney, o que contamos para o Brasil e o Maranhão é uma parte da história da República. Só existe uma sala em toda nossa estrutura com o acervo do José Sarney”, sustentou.

A responsável pelo museu disse ainda que a comunidade do Desterro, bairro histórico e decadente da capital, “está triste” com o fechamento da instituição, pois lá eram desenvolvidos trabalhos sociais e culturais, que envolviam a comunidade.

Segundo Anna Graziela, entre 2011 e 2014, 70.450 pessoas visitaram o espaço. “Estão achincalhando o nosso trabalho. Lamento pela cultura, educação e turismo do nosso Estado”, completou, informado que está repassando ao governo do Estado a responsabilidade sobre a guarda e manutenção do prédio, uma vez que o contrato com a empresa de vigilância privada foi suspenso.

A fundação foi criada pelo próprio Sarney – adversário político de Dino – para guardar documentos, homenagens e presentes recebidos no período em que ocupou o Palácio do Planalto (1985-1990).

Institutos criados por outros ex-presidentes, como Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardozo, são mantidos com doações privadas. Segundo dados da Secretaria de Planejamento do Maranhão, os museu custou aos cofres públicos R$ 8,1 milhões entre 2012 e 2014. O dinheiro inclui despesas com salários, serviços de manutenção e investimentos.

A estatização da Fundação Sarney ocorreu em 2011 por iniciativa da então governadora Roseana Sarney (PMDB), filha do ex-presidente. A medida foi aprovada pela Assembleia Legislativa, após projeto do governo enviado em regime de urgência.

O nome da instituição passou a ser Fundação da Memória Republicana Brasileira. O imóvel, onde está instalada a Fundação da Memória Republicana, era o antigo Convento das Mercês, construído no século XVII, sob a supervisão de Padre Antônio Vieira.

Em resposta às críticas da gestão Flávio Dino, Sarney comparou o adversário ao ditador soviético Josef Stalin. “Nunca fiz nenhuma promoção pessoal minha al . O Stalin é que mandou refazer a enciclopédia russa, retirando o nome dos que não apoiavam o regime e a ele mesmo; exemplo maior, Trotsky”, disse Sarney.

Colaborou Fábio Brandt