As esposas de pastores de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, vão continuar sem ter um dia para homenageá-las. O vereador Delandi Macedo (Podemos) recuou e vai retirar da pauta da Câmara Municipal o projeto de lei, de sua autoria, que cria o Dia da Esposa do Pastor.
“A proposta foi muito criticada nas redes sociais e tomou uma visibilidade muito negativa. Acredito que foi mal compreendida já que se trata de uma homenagem às mulheres que fazem a diferença junto às comunidades pois, nelas, há igrejas lideradas por pastores e, ao lado deles, há o apoio anônimo, sem descanso, dessas esposas para que o trabalho religioso não pare”, justificou.
Macedo, que também é pastor, havia proposto a data de 1º de março para homenagear as esposas dos líderes evangélicos. Ele diz que foi motivado para que essas mulheres ganhassem reconhecimento e que, diferente, de outras datas comemorativas, o foco não seria numa categoria profissional.
“A esposa do pastor é alguém que vive no entorno do trabalho que o pastor faz. Sofre todas as aflições, cuida das tarefas de casa e sai em defesa do trabalho do marido na igreja. Na maioria das vezes, não há um reconhecimento dela porque a mulher do pastor não é pastora. A proposta de lei era simplesmente isso: dar essa visibilidade, mas o efeito foi outro”, lamentou.
Ele disse que não quis se aprofundar sobre as críticas e parou de ler os comentários nas redes sociais. “Mas até onde li o que mais escreveram foram que eu deveria me preocupar em propor leis envolvendo temas mais importantes. Acontece que eu estou no meu terceiro mandato e também me pauto em outros assuntos. Já tenho uma atuação na área da saúde, sou presidente desta comissão aqui da Câmara, além de me envolver em discussões e propostas envolvendo meio ambiente e agricultura. O Dia da Esposa do Pastor era simplesmente uma homenagem. Nada demais”, pontuou.
Ele protocolou o projeto no dia 26 de outubro. Não havia uma previsão de quando seria votado em plenário. O vereador acredita que a resistência a sua ideia de homenagear as mulheres dos pastores evangélicos é fruto de uma dupla discriminação. “Acho que o projeto sofreu, primeiro, uma discriminação religiosa. Há dia de tudo e ninguém reclama. E, em segundo lugar, essa crítica carrega uma discriminação contra a mulher”, finalizou.