O empresário Aridelmo Teixeira, que na última terça-feira (29) se filiou ao PSD, afirmou que há, na oposição ao governo de Renato Casagrande (PSB), pelo menos três nomes que estariam dispostos a disputar o Palácio Anchieta no ano que vem.
Em entrevista exclusiva à coluna De Olho no Poder, Aridelmo confirmou que o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) é o mais cotado do grupo para concorrer ao governo do Estado. Mas também trouxe para o jogo os nomes do ex-governador Paulo Hartung (PSD) e o dele próprio.
“Todos que aceitaram entrar no grupo têm o compromisso de que, se convocados, irão disputar qualquer cargo dentro da majoritária”, disse o empresário.
Em entrevista recente à coluna, Hartung não chegou a descartar, mas deu sinais de que não seria candidato a nenhum cargo no Estado, defendendo a participação de novas lideranças no pleito. Segundo Aridelmo, o ex-governador não iria “se acovardar” se for intimado pelo grupo.
“O que a gente entende é que se ele (Hartung) for intimado pelo grupo, por uma necessidade, ele será (candidato ao governo). Ele não vai se acovardar, não vai correr”, afirmou o aliado.
O grupo ao que o empresário se refere é composto pelos partidos Republicanos, Novo e PSD, que já estão em campo para a formação de uma trincheira na oposição, para o ano que vem.
Há uma expectativa, indicada na fala de Aridelmo, da entrada do PP e do PL no grupo. Hoje, o Progressista já faz parte da gestão da Prefeitura de Vitória, mas também integra o governo do Estado. E o Partido Liberal tem se aproximado de Pazolini.
Aridelmo também contou a razão de não fazer parte da gestão no segundo mandato de Pazolini como prefeito e qual será sua missão agora no novo partido. Também falou sobre o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, e sua tentativa de entrar no PSD.
Leia a entrevista abaixo:
COLUNA DE OLHO NO PODER – Sua troca do Novo pelo PSD foi só por causa de estrutura mesmo?
ARIDELMO TEIXEIRA – Estrutura e momento. É preciso ter as pessoas, as lideranças que pensam no Estado de forma estratégica, atuando num segmento. E, na política, você não consegue influenciar um partido, um grupo, se estiver do lado de fora. Tem que ser marinheiro junto, remando junto, estar no barco junto.
Se olhar no cenário nacional, Eduardo Leite foi para o PSD, Ratinho Júnior foi, Raquel Lyra foi. Está todo mundo com esse pensamento: temos que montar uma estrutura forte com o nosso conhecimento científico para colocar à disposição da sociedade brasileira.
E aí, você vai ficar no seu conforto? Tem um Brasil, o Espírito Santo que precisa de uma estrutura política forte com esse viés. Então, todo mundo tem que dar o seu sacrifício.
Uma coisa não atrapalha a outra, o Novo vai continuar crescendo. Vou continuar ajudando, eu adoro o Novo, sua filosofia, mas é um partido em construção. É importante que ele exista, que continue crescendo, que lá na frente será protagonista nesse processo.
Aí tem o outro partido precisando de estruturação, já tem tempo de TV, tem recurso, tem estrutura, tem produção, tem uma gestão profissional em nível nacional. Ou seja, tem pensamento unificado, tem participação ativa, tem uma estrutura necessária para fazer esse movimento.
Seria para ter voz?
Para ter voz. As lideranças estão todas reunidas, pensando no Brasil, a maioria dos estados não tem um candidato ao governo. Tem um pensamento, uma disposição. E o grupo vai trabalhar para construir isso.
No nosso caso, aqui, nós temos hoje, no grupo, um candidato natural que é o Pazolini. Ele é o nosso candidato preferencial, mas não é único, porque a situação pode agravar ou outras demandas aparecerem. Então, teremos outros quadros no grupo que podem assumir a candidatura sem desvio de projeto.
Quem seriam esses outros quadros?
Pode ser o próprio Paulo, eu posso assumir. Nós estamos num grupo onde tem talentos, tem experiência, resultados entregues à sociedade com alta relevância, unidos no propósito para desenvolver o Espírito Santo da forma que ele merece.
Você vê lá o que nós fizemos na Prefeitura de Vitória. Se pegar a Prefeitura de Vitória dos últimos 20 anos e comparar com a dos últimos quatro anos, você vai ver a diferença. E o Espírito Santo pode mais, todo mundo já sabe disso, só precisa que o grupo faça isso acontecer, de fato.
Você acha que Hartung disputaria? Porque quando ele me deu entrevista sinalizou que quer apostar em novas lideranças. Você acha que ele encararia um plano B?
Não diria que seria um plano B, não. O que a gente entende é que se ele for intimado pelo grupo, por uma necessidade, ele será. Ele não vai se acovardar, ele não vai correr. Ele vê a necessidade de novos atores. Quando ele fala de novos atores, ele não está falando de pessoas jovens, são novas figuras políticas, novos nomes, novas lideranças que tenham experiência, resultados independentes dos outros.
Todos que estão no grupo sabem que pode sobrar para ele uma missão que não necessariamente é a que ele começou o projeto. E é o caso do Paulo. Ele vê necessidade desse grupo se fortalecer com novas lideranças. E ele sabe o tamanho dele, ele está recuado, está trabalhando como consultor, na reestruturação, no planejamento do grupo.
Mas todos que aceitaram entrar no grupo têm o compromisso de que, se convocados, irão disputar qualquer cargo dentro da majoritária.
Então eu posso dizer que hoje nesse grupo há pelo menos três nomes que podem ser candidatos ao governo?
Perfeitamente.
Pazolini, Hartung e o senhor? Nessa ordem?
Nessa ordem.
E o Senado?
Então, esses três podem ser para qualquer um desses cargos ou até mesmo para nenhum, se não for necessário. Hoje é o natural (ter candidato), dado o grande desempenho que temos na Prefeitura de Vitória. Mostramos que não adianta ter máquina grande, muito partido, cada um pensando só no seu umbigo. Fizemos uma eleição modesta em termos de estrutura, só trabalhando com o povo, entregando resultado ao povo. E fomos eleitos, reeleitos em primeiro turno.
Então, Pazolini reuniu as credenciais de conversar com as pessoas, ter clareza de plano, clareza de entrega, são muitos resultados em pouco tempo. Ele foi boicotado por todos os lados, sem dinheiro do Estado, sem dinheiro da União.
Esse projeto não é um voo de galinha para quatro anos, é um projeto para 20 anos. Estamos formando novas lideranças também.
Hoje quem faz parte desse grupo? Falando em partidos…
Então, partidos que já declararam que estarão no grupo tem o Republicanos, o PSD e o Novo, esses são os três partidos.
E o Progressistas?
Ele se manifesta que sim, contamos que ele irá (fazer parte do grupo). Tem o Evair que anda conosco. Mas não temos o feeling do partido para dizer que ele está conosco. A ideia é estar nesse grupo, trabalhando a viabilização do Pazolini como nosso candidato. Esses três partidos estão consolidados em termos de projeto, de visão. A estrutura interna de todos pode ser equalizada, todo mundo com visão única, olhando numa única direção. Mas está todo mundo pronto para jogar o jogo. Se for um goleiro expulso, alguém da linha tem que assumir o gol.
Nesse grupo vai ter convite ou espaço para o PL?
PL é um partido de direita, os espaços reservados são para esses partidos. O PL é um grande ativo. Teremos o maior prazer de tê-lo no grupo comandando junto conosco.
Mas aí não contraria um pouco aquilo que o senhor falou na ocasião de sua filiação ao PSD de fugir da polarização, fazer um caminho de centro-direita?
Quando você entra num grupo, ele tem uma filosofia, ok? Então o grupo não vai mudar sua filosofia para acolher as pessoas, eu mesmo sou do grupo, para entrar no grupo oficialmente da forma que está lá, opa, a visão é essa, esse é o caminho.
Então tem pessoas dentro do PL que pensam exatamente dessa forma, tem uns que pensam um pouco diferente, mas o norte é possível conciliar. Então, sim, espaço tem, mas não para as questões extremadas. Conversar na política, eu acho fundamental. Eu jamais deixo de atender alguém. Eu penso que a política é para servir a sociedade, e a sociedade é fragmentada.
Você não conseguirá atender a sociedade pensando exclusivamente. Se eu tenho essências, a ideia é não abrir mão delas. Por exemplo, a economia de mercado. Disso não tem como abrir mão. Fora isso, fora a essência do caminho, fórmulas para resolver o mesmo problema têm que servir.
Não vamos querer cortar a ideia de ninguém. Dizer: ‘você tem que parar de falar disso’. Se ele acredita, ele pode. O que nós estaremos trabalhando? É para essa pauta aqui. Eu sou obrigado a parar de falar? Não. Você tem liberdade de expressão, todo mundo tem, por isso que se chama partido.
O que temos que construir é o método de debate. Não é fugir das pautas, porque as pautas são as pautas da sociedade. Tem que discutir é o método de interação e busca de solução, equilíbrio, experiência e resolutividade. Esse é o norte que esse grupo elegeu como sendo a bússola dos membros que estarão compondo o grupo, liderando o processo que esperamos, que temos convicção de que será vitorioso, para transformar a vida do capixaba em termos de dar a ele mais do que espera e pode.
Nesse mandato, o senhor não quis fazer parte da gestão de Vitória? Foi feito algum convite?
Sim, eu preferi ficar aqui. Mas eu continuo ajudando. Eu faço reunião com os secretários quase toda semana. Mas o projeto de 2026 demanda carinho e atenção. Eu não sei fazer esse tipo: tem secretário que passa duas vezes por semana na secretaria, não é o caso da Prefeitura de Vitória, mas é o comum.
E eu mergulho nas coisas. Se eu pego a coisa para fazer, é para fazer. E esse projeto de 2026 precisa de atores que estejam à disposição do projeto. E hoje eu estou nesse lugar, agora começo a viajar, montar as chapas.
O senhor vai ajudar nessa construção? Alguém cotado para vir para o PSD?
Sim.
Quem?
Aí tem que guardar um pouquinho (risos)
Mas, por agora?
A princípio é para segunda semana de agosto. Se eu falar, frustra, atrapalha. Já temos um acordo, estamos negociando com o partido para liberá-los.
Então é um parlamentar?
São parlamentares.
Mas seria para a construção das chapas proporcionais?
Sim. Nós vamos chegar com chapa cheia.
Acredita que a polarização nacional possa tomar conta da próxima eleição?
Pode. O problema é que o centro sempre é muito fragmentado. Se você olhar hoje todas as pesquisas, um lado tem 15 % garantido, o outro lado tem 15%. Você tem então 70% que aceita conversar. Mas se colocar sete candidatos de centro, os dois lá vão para o segundo turno.
Sobre Pazolini, ele é candidatíssimo ao governo do Estado, não é?
Sim. Mas, hoje ele está indo pelo clamor das ruas e pelo apoio que ele tem recebido. É um projeto pessoal dele? Não é. Você vê o outro lado, é um projeto pessoal, o cara quer a qualquer custo. O outro está brigando, querendo um partido, mas ali com Pazolini, não.
Falando em Arnaldinho, ele esteve também com o Kassab tratando sobre filiação ao PSD. Como está essa situação? Ele pode entrar no partido?
Pode, mas ninguém vai entrar aqui com cargos definidos, projetos pessoais. O canal está aberto, só que é um projeto coletivo, não é um projeto pessoal. Isso foi dito. Está disposto? Pode estar no grupo, pode ajudar.
Eu não tenho nada contra as ambições dele. As portas estão abertas. Eu estou montando um grupo com um projeto para a sociedade. Quem vai puxar a fila não é o Aridelmo, nem o Paulo, nem Pazolini. É o ambiente, a estrutura. Aquele que tiver melhor condição de conduzir a sociedade é quem vai liderar.
E é um projeto de oposição ao atual governo. Será que nessa circunstância, o Arnaldinho entraria também?
Aí é uma decisão dele. Isso está dado.
Na sua filiação, não foi falado sobre ele?
Não. A minha entrada é independente, não estou trazendo ninguém comigo, estou trazendo ideias, trabalho, direção, entrega, experiência. Não tem condicionamento, não vou assumir cargo nenhum no partido. Se precisar, estou à disposição, mas estou vindo para somar. Eu não estou vindo pra ser ungido.
Nós falamos de nomes para o governo do Estado, aí você falou que esses mesmos nomes podem disputar o Senado. Mas, hoje, quais os nomes do grupo que estão se movimentando nesse sentido?
Supomos que ficaremos só nesses três partidos: Novo, PSD e Republicanos. O Novo pode vir para o Senado, o PSD pode vir ao Senado…
Pode negociar também com o PL uma cadeira ao Senado?
Pode. Se o PL estiver no grupo, ele também tem espaço, é uma honra.
PL pode entrar na gestão de Pazolini, tem esse convite?
Acho que o PL não tem essa pretensão, nesse momento. Tem uma indecisão nacional que segura diversas decisões.
O senhor diz das possíveis federações?
Se vai ter federação ou se Bolsonaro será ou não candidato.
Mas o Bolsonaro não está inelegível?
Mas o Lula estava preso um ano antes. Lula estava atrás das grades, com condenações em todas as instâncias.
Mas o senhor acredita que o cenário hoje é favorável a isso?
Se a situação do Lula mudou porque a gente não pensaria nisso? A inelegibilidade imposta a Jair Bolsonaro, por ter se reunido com os embaixadores, é extremamente frágil para qualquer democracia. O que os americanos fizeram? Tinha processo contra o Trump e o povo disse o quê? ‘Está eleito!’. O que o Supremo de lá fez? Extinguiu o processo. A voz do povo é que é a voz.
Mas estamos nesse ponto, estamos falando sobre as decisões nacionais.
O PSD vai ter candidato a presidente da República? Já bateu o martelo?
Vai ter. No Espírito Santo, a direção nacional liberou a estadual para ter candidato ao governo, mas dentro desse projeto maior: de que poderíamos abrir mão para um projeto que seja idêntico, similar, com a mesma direção e que some isso ao projeto nacional.
Então, o PSD está junto com esse grupo nacional, nós estamos reproduzindo esse grupo nacional no Espírito Santo, que é o que as pesquisas indicam: que a maioria da sociedade quer essa alternativa.
Quem está mais forte no PSD para a disputa ao Planalto?
Olha, dentro do PSD, quem tem mais expressão, hoje, é o Ratinho Júnior, principalmente pelas entregas que ele conseguiu fazer.
O Eduardo Leite está trabalhando melhor agora do que na primeira tentativa dele de ser presidente, que ocorreu uma briga interna no PSDB que destruiu o partido. Depois daquela disputa, ele saiu, o outro saiu e o partido morreu.
Eu tenho essa preocupação com projetos pessoais, o nível de risco é muito elevado, não só para o postulante, como para sociedade. Nós somos uma democracia, precisamos dos partidos. Nossa missão, enquanto cidadãos, é fortalecer os partidos e é nessa linha que estamos atuando.
Deixamos os projetos pessoais fora da canoa e estamos construindo uma canoa com projetos de Estado, projetos de desenvolvimento, projetos cidadãos. Então, para entrar nessa canoa, tem que ter esse desprendimento para que a gente consiga fazer as transformações que precisam.
Qual o próximo passo?
O próximo passo no nosso processo é pilotar no sentido de construir chapas com competitividade no grupo. Nós temos que fazer um grande grupo na Assembleia, um grande grupo na Câmara, no Senado e fazer o governo do Estado. Essa é a nossa meta para avançarmos no Espírito Santo e no Brasil. Esses são próximos passos para o ano de 2026.
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