Assembleia cancela sessão em homenagem ao Golpe Militar de 1964 Assembleia cancela sessão em homenagem ao Golpe Militar de 1964 Assembleia cancela sessão em homenagem ao Golpe Militar de 1964 Assembleia cancela sessão em homenagem ao Golpe Militar de 1964
Ales: 13 partidos representados
Ales: 13 partidos representados

Por 15 votos contra 6, a Assembleia cancelou na manhã desta quarta-feira (30) a sessão em homenagem à ditadura militar proposta pelo deputado estadual Capitão Assumção e que ocorreria amanhã, dia 31 de março – alusão ao dia do Golpe Militar de 1964. A sessão foi noticiada, em primeira mão, pela coluna “De Olho no Poder”, ontem. A sessão gerou protestos e repúdio de vários setores da sociedade.

Ainda ontem, a deputada Iriny Lopes protocolou um requerimento cancelando a sessão, que foi votado na manhã desta quarta-feira (30). Assumção, em seu discurso, defendeu a sessão, apresentando um convite afirmando que seria sobre a Marcha da Família. No requerimento da sessão, porém, a inscrição era de “Sessão Especial em alusão aos 58 anos da revolução de 31 de março de 1964”, e, ontem, sua assessoria confirmou que haveria homenageados e entrega de honrarias. Mas, negou passar quem seriam os homenageados.

Já Iriny alegou que não há o que comemorar sobre um período triste da história, em que políticos foram cassados, pessoas torturadas e mortas e que apologia à tortura e à violência é crime. Após a defesa dos dois, o presidente da Ales, Erick Musso, colocou o requerimento em votação.

Votaram pelo cancelamento da sessão: Iriny, Sergio Majeski, Raquel Lessa, Marcos Madureira, Marcos Garcia, Luiz Durão, Luciano Machado, Janete de Sá, Adilson Espíndula, Bruno Lamas, Dary Pagung, Emilio Mameri, Freitas, Gandini e Hudson Leal.

Já os deputados Capitão Assumção, Carlos Von, Danilo Bahiense, Marcos Mansur, Theodorico Ferraço e Torino Marques votaram contra o requerimento da Iriny e a favor de manter a sessão. Outros oito deputados não votaram. São eles: Alexandre Xambinho, Coronel Quintino, Hércules Silveira, Rafael Favatto, José Esmeraldo, Marcelo Santos, Renzo e Vandinho Leite. O presidente, Erick Musso, não vota.

Após a votação, Assumção discursou dizendo que “hoje é um dia lamentável para a democracia”. Deputados que votaram com ele, alegaram censura.

Na hora de Janete discursar e justificar seu voto, Assumção veio com dedo em riste contra ela, a interrompendo aos gritos: “Você não vai tripudiar em cima do meu nome”. Janete, então, pediu ao presidente que assegurasse sua fala e que não iria aceitar que um homem a afrontasse. Deputados se movimentaram para acalmar os ânimos.

Pedido de cancelamento

Logo que teve ciência da sessão, por meio da coluna, a OAB-ES protocolou um requerimento ao presidente da Assembleia pedindo o cancelamento. Entre outras coisas, alegou que o período da ditadura militar não é um fato que deva ser rememorado como “uma homenagem” e sim como a evidência do que não é exercício da democracia. “Foi um tempo catastrófico que não deve ser retomado”, disse o presidente da OAB-ES, José Carlos Rizk Filho.

Na noite de ontem, a Associação Nacional de História, Seção Espírito Santo (ANPUH-ES) emitiu uma nota de repúdio com relação à sessão. A Associação lembrou que em 1969, os mandatos dos deputados estaduais Helsio Pinheiro Cordeiro, Dailson Laranja e José Ignácio Ferreira foram cassados pelo AI-5 e pediu o cancelamento da sessão.

“O passado não é o que certas pessoas querem, muito menos quando são usados recursos públicos para defender interpretações não só falsas, mas conectadas a um projeto que visa acabar com a própria liberdade para que ele possa ser debatido, revisto e reconsiderado. Há limite para tudo”, diz trecho da nota.

A sessão de hoje da Assembleia não foi transmitida pelas redes sociais. O setor de Comunicação da Casa informou que, por motivos técnicos, a sessão estava sendo transmitida apenas pela TV Ales.

Veja o momento em que Assumção interrompe Janete:

Fabiana Tostes

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.