Política

Base aliada quer PMDB ‘enquadrado’ por Temer

Base aliada quer PMDB ‘enquadrado’ por Temer Base aliada quer PMDB ‘enquadrado’ por Temer Base aliada quer PMDB ‘enquadrado’ por Temer Base aliada quer PMDB ‘enquadrado’ por Temer

Brasília – Os presidentes do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e do DEM, senador Agripino Maia (RN), fizeram chegar ao Palácio do Planalto a mensagem de que é necessário que o governo do presidente em exercício, Michel Temer, “enquadre” o PMDB para evitar “ambiguidade” nas ações da base aliada do Congresso. A maior queixa dos dois é que suas legendas não aceitam assumir sozinhas o desgaste político de serem contra, por exemplo, a concessão de reajustes para o funcionalismo público, enquanto parlamentares do PMDB apoiam essas medidas.

Aécio já avisou a Temer que a bancada tucana do Senado será contra o aumento de salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e gostaria de ver os demais partidos da base comprometidos com o ajuste. O líder do PMDB na Casa, Eunício Oliveira (CE), liderou nos últimos dias um movimento de senadores da base para acelerar a aprovação desse reajuste no plenário, a despeito do parecer contrário à iniciativa do senador tucano Ricardo Ferraço (ES) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), colegiado que discute o mérito da proposta.

Em conversas reservadas, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, chegou a externar ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que desejava ver aprovado o reajuste dos ministros da Corte antes de deixar o comando da Corte, no dia 12 de setembro. Lewandowski preside o julgamento do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, no Senado. Depois disso, Renan passou a trabalhar pela votação da proposta e chamou de “pequenez” as críticas dos tucanos em relação ao impacto fiscal da matéria – que eleva o teto do funcionalismo público e pode causar um “efeito cascata” para União, Estados e municípios.

O presidente do DEM, por sua vez, conversou na manhã de quinta-feira, 26, com o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, e pediu que a base votasse unida em relação a projetos de aumento para servidores. O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), tem sido um dos maiores críticos a esses reajustes e chegou a falar que poderá deixar a base aliada se a proposta for aprovada.

Representantes dos dois partidos reclamam que a postura leniente com o ajuste fiscal do governo pode indicar que Temer ou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, estariam interessados em angariar apoios para a corrida eleitoral de 2018. “Nós apoiamos um projeto para melhorar a situação do Brasil, não um projeto eleitoral, porque o PSDB tem o seu”, disse Aécio.

O governo tem indicado a representantes do PSDB e do DEM que são contrários aos reajustes, mas os aliados cobram uma postura mais firme do PMDB, partido do qual Temer é presidente licenciado. A avaliação é que a fase mais difícil do ajuste nem chegou e não se pode fazer novas concessões.

Capital

Passado o impeachment, o Planalto pretende usar o capital político do governo para aprovar a PEC do Teto dos Gastos e encaminhar a reforma da Previdência. Em jantar na noite de quarta-feira na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Temer, ministros do governo e lideranças partidárias das duas Casas Legislativas definiram uma estratégia para tentar garantir a votação da PEC em plenário em no máximo dois meses e o envio da reforma previdenciária ao Congresso antes das eleições municipais.

Rodrigo Maia vai atuar como uma espécie de coordenador informal dessas votações na Câmara a fim de garantir os votos suficientes para aprová-las sem modificações. O receio do governo é que haja mudanças substanciais às matérias, em especial a PEC do Teto, com a exclusão da saúde, educação e funcionalismo do limitador de gastos.

Maia ficará responsável por fazer um pente-fino dos apoios que o Planalto tem entre os outros 512 deputados. A PEC, por exemplo, precisa do voto de pelo menos 308 deputados em dois turnos de votação na Câmara. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.