Política

BC terá de registrar 'pedaladas' futuras em suas estatísticas

BC terá de registrar ‘pedaladas’ futuras em suas estatísticas BC terá de registrar ‘pedaladas’ futuras em suas estatísticas BC terá de registrar ‘pedaladas’ futuras em suas estatísticas BC terá de registrar ‘pedaladas’ futuras em suas estatísticas

Brasília – As novas estatísticas do Banco Central com os resultados das contas públicas terão de captar o estoque das chamadas “pedaladas fiscais” e as que vierem a ser praticadas pelo governo federal no futuro. É o que recomenda parecer da área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) que subsidiará o julgamento do recurso apresentado pela União. O governo busca evitar a regularização das pedaladas fiscais, como ficou popularmente conhecido o atraso no pagamento de dívidas do governo junto aos bancos públicos.

Na prática, o BC passará a funcionar como um “vigia” e terá de registrar imediatamente em suas estatísticas fiscais qualquer pedalada identificada. O BC poderá criar uma nova série – paralela às estatísticas fiscais tradicionalmente divulgadas – incorporando as pedaladas. Essa série será mais adaptada às necessidades da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), depois que o TCU considerou irregular as pedaladas e determinou ao governo que esses atrasos fossem quitados.

No parecer, a área técnica do TCU considerou, no entanto, que o BC não cometeu erro ao deixar de registrar nos resultados fiscais de 2013 e 2014 as pedaladas feitas pela equipe do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega. Entre as pedaladas, estão débitos ao Banco do Brasil, BNDES e FGTS.

O TCU queria inicialmente que o BC recalculasse os resultados fiscais do passado, incorporando as pedaladas. Mas o parecer técnico, que ainda terá que ser analisado pelo relator do recurso, ministro Vital do Rêgo, antes de ser levado a plenário, avaliou a inconveniência de alterar a metodologia, reconhecendo que as estatísticas do BC observam finalidade própria.

Banco do Brasil

No caso específico dos débitos ao BB referentes a subsídios de operações de crédito agrícola, o parecer do TCU vai além e afirma que ausência de captação desses atrasos decorre do tipo de enquadramento contábil realizado pelo banco. “Se equívoco há, o que deve ser discutido é o próprio critério contábil adotado pelo Banco do Brasil”, afirma o parecer.

Os técnicos concordaram também com o entendimento do BC de que não deve haver uma “supervalorização” do papel das estatísticas macroeconômicas do setor produzidas pelo autoridade monetária. “Não cabe a essas estatísticas, de propósitos bem mais específicos, reger a gestão fiscal e o processo orçamentário no País.” O parecer considerou que as pedaladas fiscais foram feitas para burlar a correta estimativa da situação fiscal do País.

Em abril, a União foi condenada, de forma unânime, pelo TCU pelas manobras fiscais e, por isso, recorreu. Agora, o governo trabalha para que o julgamento do recurso seja realizado somente em 2016. Mas o ministro Vital do Rêgo quer que julgamento ocorra ainda este mês.