Velha política

Sem partido e alinhado com nomes da velha e tradicional política, Jair Bolsonaro completa dois anos à frente da Presidência da República com um estoque de promessas não cumpridas. Na campanha, o candidato rechaçava o “toma lá dá cá” – distribuição de cargos a parlamentares e indicados em troca de apoio à pauta do Planalto no Congresso. Acossado pela pandemia, alvo de dezenas de pedidos de impeachment e colecionando derrotas na Câmara e no Senado, Bolsonaro cedeu ao Centrão, grupo de deputados forjado pelo ex-presidente Eduardo Cunha (MDB-RJ).

Caciques
Líderes no Congresso, da “nova política”, foram substituídos por caciques do MDB e PP. Cargos de segundo e terceiro escalões foram distribuídos aos montes para indicados do Centrão e, hoje, Bolsonaro atua como cabo eleitoral de Arthur Lira (PP-AL), um dos principais expoentes do grupo que tenta suceder Rodrigo Maia no comando da Câmara.

Economia
Na agenda econômica, as promessas prioritárias de Bolsonaro também não saíram do papel. A relação titubeante com o Congresso – marcada por tensões e falta de articulação – travou reformas, privatizações e projetos para retomar a economia.

Costumes
O engajamento de Bolsonaro e ministros para tentar levar Arthur Lira ao comando da Câmara tem dois objetivos: evitar a eventual abertura de processo de impeachment e tentar retomar pautas prometidas na campanha, como a de costumes (escola sem partido, Estatuto da Família e flexibilização do porte, entre outras).

Aliança
Do bloco de oposição na Câmara, apenas o PT reagiu à declaração do presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) de que o grupo suprapartidário formado para a sucessão na Casa pode se consolidar para concorrer à Presidência em 2022.

Centro-direita
Líderes petistas dissociam a eventual aliança na Câmara – o partido ainda não oficializou apoio a nenhuma candidatura – à disputa presidencial. No PDT e PSB, ganha força a defesa por uma aliança de centro-esquerda e centro-direita.

Fichas sujas
Candidatos que tentam a liberação de registros – com base na decisão do ministro do STF, Nunes Marques, que flexibilizou a Ficha Limpa – vão ter que esperar até que o plenário da Corte decida sobre a ação do PDT que provocou reviravolta na legislação.

Barrados
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, já paralisou cinco processos de candidatos que tentam se beneficiar da decisão do ministro Nunes Marques.

Privilegiômetro
Os benefícios tributários – isenções, anistias, remissões e subsídios – somaram mais de R$ 470 bilhões em 2020. O montante daria para bancar a construção de mais de 5.899 UBS (Unidades Básicas de Atendimento). O valor é atualizado diariamente pelo painel Privilegiômetro, da Associação Nacional dos Auditores da Receita Federal (Unafisco).

Já?
A Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco cai como uma luva para o ex-prefeito Geraldo Julio, que almeja ser governador em 2023. Sob seu controle, terá órgãos como AD Diper, Copergas, Suape, Porto do Recife e Porto de Petrolina, que geram milhares de empregos em Pernambuco.

Turismo

A pandemia devastou o turismo em 2020. O setor sofreu uma redução de 900 milhões de turistas na comparação com 2019. As chegadas internacionais caíram 72%, de acordo com a Organização Mundial do Turismo. A esperança do setor se volta para a vacinação e aumento gradual da confiança do consumidor.

Receita
A Coluna deseja aos nobres leitores um 2021 repleto de saúde e boas notícias. E indica a “receita” do saudoso poeta Carlos Drummond de Andrade: “Para ganhar um Ano Novo / que mereça este nome / você, meu caro, tem de merecê-lo / tem de fazê-lo novo / eu sei que não é fácil/ mas tente, experimente, consciente”.

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