Política

Bolsonaro veta ampliação das emendas 'cheque em branco' para as bancadas em 2022

Bolsonaro veta ampliação das emendas ‘cheque em branco’ para as bancadas em 2022 Bolsonaro veta ampliação das emendas ‘cheque em branco’ para as bancadas em 2022 Bolsonaro veta ampliação das emendas ‘cheque em branco’ para as bancadas em 2022 Bolsonaro veta ampliação das emendas ‘cheque em branco’ para as bancadas em 2022

O presidente Jair Bolsonaro vetou a possibilidade de as bancadas estaduais no Congresso indicarem emendas na modalidade “transferência especial” em 2022, período eleitoral. Esses recursos são repassados diretamente para o caixa de Estados e municípios sem fiscalização federal. Pela agilidade, foram apelidados de “PIX orçamentário”. Pela ausência de controle, receberam o nome de “cheque em branco”. A decisão está no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira. Bolsonaro sancionou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2002 na sexta-feira, mas o texto e os respectivos vetos foram publicados somente hoje.

Ao vetar o dispositivo, o Executivo destacou que as transferências especiais são autorizadas pela Constituição apenas para as emendas individuais, aquelas indicadas por cada deputado e senador no Orçamento. “Ademais, a proposição legislativa contraria o interesse público ao permitir às referidas emendas alocarem os recursos a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios por meio de transferência especial ou com finalidade definida”, diz a mensagem do Planalto.

Apesar desse tipo de repasse ser previsto na Constituição só para emendas individuais, o Congresso tentou ampliar o modelo para as emendas de bancada, incluídas pelo conjunto de parlamentares de cada Estado, por meio da LDO sem alterar a Constituição. O impasse foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), que ainda não decidiu a questão.

Mesmo no caso das emendas individuais, o formato é questionado por técnicos e órgãos de controle. Conforme o Broadcast Político revelou, esse repasse foi usado por dois em cada três congressistas neste ano, inclusive repassando dinheiro para prefeituras comandadas por familiares. O modelo foi copiado em pelo menos dez Estados, que criaram as transferências especiais nas Assembleias Legislativas para repassar recursos indicados por deputados estaduais.

O veto ainda poderá ser derrubado pelo Congresso. Foi o que ocorreu na LDO de 2021. As bancadas, porém, ainda não colocaram nenhum recurso como transferência especial, diante da insegurança jurídica e do impasse no STF. Se a possibilidade for validada para 2022, as bancadas estaduais poderão repassar aproximadamente R$ 7 bilhões para Estados e municípios nesse formato direto no próximo ano. O pagamento ocorre de maneira mais rápida do que outras emendas, que possuem entraves burocráticos e controle federal. Mesmo se a transferência especial for autorizada, o valor não deve chegar a esse patamar. Isso porque o fundo eleitoral, que bancará as campanhas em 2022, sairá justamente da reserva destinada a essas emendas coletivas.