Política

Brasil critica ONU por questionar capacidade do País em lidar com corrupção

Brasil critica ONU por questionar capacidade do País em lidar com corrupção Brasil critica ONU por questionar capacidade do País em lidar com corrupção Brasil critica ONU por questionar capacidade do País em lidar com corrupção Brasil critica ONU por questionar capacidade do País em lidar com corrupção

Genebra – O governo brasileiro criticou abertamente a ONU por produzir um informe que questiona a capacidade do País em lidar com a corrupção do setor privado e sua influência em campanhas eleitorais. O documento foi apresentado nesta quinta-feira, 16, em Genebra numa reunião do Conselho de Direitos Humanos das Nações.

Nele, os peritos da ONU apontam que empresas no Brasil usaram o financiamento de campanha para influenciar autoridades e impedir que uma maior regulação sobre suas atividades fosse realizada. “O grupo de trabalho notou preocupações sobre a influência indevida do setor corporativo nos processos regulatórios e políticos”, indicou a entidade. Segundo a ONU, “a capacidade do governo de monitorar operações empresariais pode, em alguns casos, ser afetada por processos de financiamento político e pelo lobby corporativo”.

A entidade não cita exemplos, mas alerta que os “recentes escândalos de corrupção envolvendo as maiores empresas e políticos eleitos” exacerbam essa percepção. Com instruções de Brasília, a embaixadora do País na ONU, Regina Dunlop, tomou a palavra na reunião para criticar o documento. “A referência dá a ideia equivocada que o Brasil não quer ou não consegue lidar com os escândalos de corrupção, o que é longe da verdade”, disse.

“Basta ler o noticiário para concluir o contrário: que nossas instituições fortes e democráticas estão conduzindo um forte combate contra a corrupção em nosso País”, disse a embaixadora.

Dante Pesce, chefe dos peritos da ONU e principal autor do informe, garantiu à reportagem que a crítica brasileira não vai afetar sua versão no documento. “O Brasil tem o direito de criticar o documento. Mas ele não será modificado. Essa é a nossa avaliação sobre o que ocorre no País”, insistiu.

Em dezembro, um grupo de peritos da ONU esteve no Brasil para uma missão de dez dias para avaliar o comportamento das empresas. Um dos pontos mais preocupantes para a ONU é a relação do setor privado com organismos de regulação. Para a entidade, existe uma “influência indevida” de empresários no governo, o que tem impedido punições mais duras por eventuais crimes e violações de regras ambientais ou de direitos humanos.

“O governo brasileiro aponta que as instituições democráticas competentes – incluindo procuradores e juízes – estão desempenhando suas atividades de forma normal, investigando e eventualmente punindo, levando em consideração a lei anticorrupção que faz empresas serem responsáveis por atos de corrupção”, alertou a diplomata brasileira em resposta.

No informe, os peritos pedem que o governo tome medidas para lidar com tais preocupações. A ONU reconhece que, em setembro de 2015, o Supremo Tribunal Federal estabeleceu que doações de empresas para partidos políticos são “inconstitucionais” e que, para futuras eleições apenas indivíduos podem fazer a doação.