Câmara de Vereadores aprova projeto que proíbe passaporte vacinal em Vitória Câmara de Vereadores aprova projeto que proíbe passaporte vacinal em Vitória Câmara de Vereadores aprova projeto que proíbe passaporte vacinal em Vitória Câmara de Vereadores aprova projeto que proíbe passaporte vacinal em Vitória
Crédito: Teo Santos/Câmara de Vitória
Crédito: Teo Santos/Câmara de Vitória

Por 9 votos a 4, a Câmara de Vitória aprovou o projeto 174/2021 do vereador Gilvan da Federal (Patriota) que proíbe a exigência do passaporte vacinal em estabelecimentos públicos ou privados da capital. A sessão – que começou às 9h30 e terminou às 12h11 e analisou apenas esse projeto – contou com a presença de quatro deputados estaduais e de dois vereadores de fora, além de manifestantes nas galerias a favor do projeto.

Além de proibir a exigência de passaporte vacinal em estabelecimentos comerciais, a matéria também prevê multa a quem quiser fazer a exigência do comprovante de vacinação em seu estabelecimento, segundo o parágrafo 3º do artigo 1º.

Já o artigo 2º estende a proibição para as escolas: “O disposto nesta lei abarca inclusive o direito dos pais e responsáveis de matricularem seus filhos regularmente em instituições de ensino, esporte e lazer públicas ou privadas sem que lhes seja exigida a comprovação da imunização do menor ou pessoa sob sua guarda/tutela”. Como o artigo não especifica a vacina da Covid, pode ser entendido como a cobrança da carteirinha de vacinação para todas as demais vacinas, o que é regido por uma lei estadual.

Votaram a favor do projeto: André Brandino, Armandinho Fontoura, Dalto Neves, Denninho Silva, Duda Brasil, Gilvan da Federal, Leandro Piquet, Luiz Emanuel e Maurício Leite. Votaram contra: Karla Coser, Camila Valadão, Aloisio Varejão e Anderson Goggi. Luiz Paulo Amorim não votou.

O presidente da Casa, Davi Esmael, não vota, mas fez discurso a favor do projeto, inclusive segurou a sessão – mesmo com gritos e xingamentos vindos da galeria direcionados aos parlamentares contrários ao projeto, o que em outras ocasiões já fez derrubar a sessão. Em pelo menos três ocasiões o presidente afirmou que “o importante era aprovar a matéria”. O líder do prefeito, Duda Brasil, chegou a pedir respeito da galeria aos vereadores, principalmente às duas vereadoras da oposição.

Galeria foi ocupada por manifestantes a favor do projeto / Divulgação

A sessão começou com um bate-cabeça na votação do parecer da Comissão de Saúde. Duda Brasil tinha apresentado um parecer contrário ao projeto. André Brandino, que faz parte da comissão, apresentou um a favor. O parecer do Duda foi colocado em votação para os três vereadores da comissão votarem. Duda votou a favor, Brandino foi contra e Anderson Goggi votou contra também, o que causou estranhamento no plenário e fez o parecer de Brandino, então, ser colocado em votação.

No parecer de Brandino, a favor do projeto, o autor votou a favor, Goggi votou contra e Duda também votou a favor. Depois Goggi, que é contra o projeto, se explicou, disse que ficou confuso e votou errado, dizendo que era pra ter votado a favor do parecer de Duda. Mas o que chamou a atenção foi o fato de Duda, que fez um relatório contra o projeto ter, depois, votado a favor, no parecer de Brandino, ou seja, contra o que ele mesmo defendeu em seu parecer.

O vereador Duda foi questionado sobre o que teria ocorrido, no intervalo de dois minutos entre a votação dos dois pareceres, para que ele mudasse de entendimento entre uma votação e outra. Questionado se houve algum tipo de acordo, ele negou e em nota, respondeu: “Nas argumentações feitas em plenário, tanto na urgência quanto hoje, fizeram com que hoje o voto fosse a favor do PL. Ainda assim continuamos a favor da vacina e de todas as outras medidas sanitárias”.

Os deputados Capitão Assumção, Carlos Von, Danilo Bahiense e Torino Marques sentaram-se à mesa da Casa, juntamente com os vereadores Rômulo Lacerda (Vila Velha) e Lucas Recla (João Neiva). Durante os discursos, foi lembrado que o requerimento de urgência para o mesmo projeto na Assembleia foi derrotado, conforme noticiou a coluna De Olho no Poder publicada na manhã desta segunda-feira (14).

O projeto agora segue para a análise da Prefeitura de Vitória, que pode sancioná-lo, vetá-lo ou devolvê-lo sem manifestação, como ocorreu com o projeto “Eu escolhi esperar”, que foi promulgado (virou lei) e deve ser aplicado nas escolas e postos de saúde. Karla e Camila lembraram que o prefeito defende o passaporte vacinal e inclusive colocou como medida para que o Carnaval de Vitória, com o desfile das escolas de samba, aconteça.

Piquet e Luiz Emanuel falaram que a portaria do governo discrimina os segmentos, uma vez que pede o passaporte para os comerciantes mas não pede, por exemplo, nas igrejas e nos ônibus. “Há uma incoerência na portaria”, disse Piquet, referindo-se à portaria 020-R, publicada pelo governo.

Há entendimento no STF que o que prevalece, durante a pandemia, é a lei mais restritiva e, por ser uma portaria estadual, a Câmara Municipal de Vitória não teria a competência para ir contra, devido à constitucionalidade. Essa competência caberia à Assembleia, onde também tramita projeto semelhante. A portaria foi construída após reuniões e acordos entre a secretária estadual de Turismo, Lenise Loureiro, e representantes dos segmentos de bares, restaurantes e eventos, conforme noticiado pela coluna.

 

Fabiana Tostes

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.