Política

Casa Civil atuou por aprovação de pacote de verbas em ano eleitoral

Casa Civil atuou por aprovação de pacote de verbas em ano eleitoral Casa Civil atuou por aprovação de pacote de verbas em ano eleitoral Casa Civil atuou por aprovação de pacote de verbas em ano eleitoral Casa Civil atuou por aprovação de pacote de verbas em ano eleitoral

A Casa Civil, chefiada pelo ministro Ciro Nogueira, articulou a aprovação do pacote que libera recursos públicos neste ano de eleição. As propostas, que vão desde autorizar a distribuição de cestas básicas até a compra de tratores para beneficiar aliados, foram aprovadas na terça-feira, dia 12.

Os dois projetos que autorizam as despesas durante a campanha eleitoral foram propostos pelo governo e aprovados em menos de 20 minutos pelo Congresso. As medidas alteram as leis orçamentárias de 2022, tornando ainda mais sigiloso o orçamento secreto. As iniciativas permitem ainda que uma despesa já prevista para um determinado ano tenha sua data alterada, o que, segundo especialistas, contraria a lei eleitoral e a Constituição.

Uma das mudanças, classificada como inconstitucional pelas consultorias da Câmara e do Senado, autoriza que o recurso já garantido para uma obra seja pago para outro fornecedor. No dia 6 de julho, após as consultorias do Congresso se posicionarem contra o projeto, o secretário especial de Relações Governamentais da Casa Civil, Bruno Grossi, compartilhou uma mensagem em um grupo de WhatsApp com assessores do Legislativo defendendo a medida.

“Permita-me discordar dos argumentos, haja vista que as informações que constam da Nota de Empenho não são e nem deveriam ser regulados pela Constituição. Em nenhum momento estamos alterando os requisitos (programação) aprovada na LOA (Lei Orçamentária Anual)”, escreveu.

Chamada nos bastidores de “pedalada orçamentária”, a manobra preocupa especialistas, que veem a possibilidade de bilhões do Orçamento serem manipulados para atender a interesses políticos. Ciro Nogueira é apontado como um dos padrinhos da mudança. Na prática, a alteração no pagamento das despesas, incluindo aquelas carimbadas por emendas parlamentares e verbas do orçamento secreto, fere o princípio da anualidade do Orçamento, que obriga o Executivo a fazer o desembolso da verba no ano em que ela foi aprovada.

No mesmo grupo de WhatsApp, Grossi saiu em defesa da iniciativa. “De forma alguma (fere a anualidade). O empenho se destina a garantir o cumprimento do objetivo da programação. Isso em nada será alterado. O pior é não garantir a execução efetiva da programação”, escreveu.

DESCONTROLE

Na versão final da proposta aprovada, os parlamentares foram além: ampliaram a manobra para retirar o dinheiro já empenhado e também para mudar o fornecedor que receberá o recurso e a localidade, até mesmo trocando o objeto da contratação, sem que haja nenhuma discussão ou planejamento.

Um dos efeitos práticos é que políticos que romperem com prefeitos de determinada cidade poderão punir a traição, realocando os recursos em outro município de um aliado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.