Casagrande chama de “tema não verdadeiro” debate na Câmara sobre teto de ICMS dos combustíveis Casagrande chama de “tema não verdadeiro” debate na Câmara sobre teto de ICMS dos combustíveis Casagrande chama de “tema não verdadeiro” debate na Câmara sobre teto de ICMS dos combustíveis Casagrande chama de “tema não verdadeiro” debate na Câmara sobre teto de ICMS dos combustíveis
Casagrande chama de "tema não verdadeiro" debate na Câmara sobre teto de ICMS dos combustíveis

Numa live de aproximadamente 30 minutos com o presidenciável do PDT, Ciro Gomes, o governador Renato Casagrande chamou de “tema não verdadeiro” o debate que a Câmara tem feito em cima de um projeto que impõe um teto na cobrança do ICMS dos combustíveis e disse ter a “impressão” que o governo federal quer mudar a política de preços de combustíveis da Petrobras.

A Câmara Federal deve colocar em pauta nesta quarta-feira (25), em sessão extraordinária, o Projeto de Lei Complementar 18/22 que considera como essenciais bens e serviços relativos a combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo, limitando a aplicação de impostos, como o ICMS. A proposta fixa um teto de 17% para a cobrança desse tributo.

“A Câmara dos Deputados está discutindo um tema que não é um tema verdadeiro. A hora que você estabelece uma legislação sobre o ICMS do combustível – que não tem problema nenhum a gente discutir –, mas a gente sabe que mesmo que possa reduzir o valor do ICMS, nós não vamos deixar de ter aumento dos combustíveis se a gente continuar com essa paridade internacional”, respondeu Casagrande ao ser questionado por Ciro sobre a mudança no comando da Petrobras. “Nós sabemos que as únicas razões para termos esse preço de combustível do jeito que ele é hoje é a paridade internacional e a instabilidade política que a gente vive no Brasil e fora do Brasil, que afetam o valor do dólar e do petróleo”, complementou.

O projeto é polêmico, tem apelo popular e potencial para abrir uma nova crise entre governadores e o presidente da República. Embora o projeto seja de um deputado federal do Ceará, nos bastidores, está sendo encampado pelo presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, e a análise que se faz é que com a padronização do ICMS e uma possível redução no valor dos combustíveis e da inflação, Bolsonaro poderia lucrar politicamente e os estados, prejudicados em suas finanças.

Hoje, a alíquota de ICMS sobre os combustíveis nos estados varia de 25% a 34%. No Espírito Santo, a alíquota é de 27% e está congelado na tabela de preços de combustíveis de setembro do ano passado. Os estados calculam que o projeto, se aprovado, irá causar um rombo nos cofres públicos de até R$ 100 bilhões em arrecadação. E isso num ano eleitoral, de escolha de novos (ou recondução dos atuais) governadores.

Deputados aliados do governo federal pressionam pela aprovação da proposta. Parlamentares ligados aos governadores – ou ligados a algum projeto para a disputa pelo governo em seus redutos – pressionam para uma compensação aos estados. E deputados que são aliados tanto do Presidente quanto dos governadores – há casos no Espírito Santo – estão numa sinuca de bico. Às vésperas do início da campanha eleitoral, porém, é certo que ninguém quer se queimar votando contra a possível redução no preço dos combustíveis para a população.

Casagrande, em sua fala, também deu a entender, que o projeto e as mudanças no comando da Petrobras podem ser uma jogada política. “Minha impressão é que o governo (federal) está tentando criar um ambiente para mudar a política de preço na Petrobras e isso não ser tão desafiador para o Presidente num momento eleitoral. É de tentar fazer, através da mudança dos diretores e da instabilidade na Petrobras, mudanças no conselho que permitam fazer essa mudança da política de preço”, avaliou.

O governador disse ainda que vê uma “desmoralização” da empresa. “A Petrobras é uma empresa muito importante, precisa ser preservada, protegida. Nós sabemos de sua importância estratégica e o que gente pode ver com isso, Ciro, é uma desmoralização da empresa e isso nos preocupa”.

Casagrande entrou no “game”

Durante a live “Ciro Games”, o presidenciável do PDT rasgou elogios ao governador Casagrande, dizendo ser o socialista um exemplo de homem público e estadista, afirmando que é admirador da gestão de Casagrande e o chamou de amigo. Porém, não deixou de fazer perguntas embaraçosas ao governador que é também secretário-geral do PSB nacional.

Embora seja do campo de centro-esquerda, Ciro tem batido, com a mesma força, tanto em Bolsonaro quanto em Lula e não poupa críticas ao PT, com quem o PSB fez aliança, oferecendo o nome de vice (Geraldo Alckmin) para a chapa de Lula.

Ciro questionou Casagrande sobre a polarização Lula x Bolsonaro, sobre a federação com o PT e a eleição de outubro. “Talvez seja a eleição mais importante da história recente. Vamos debater o papel das instituições. A democracia estará colocada em debate”, respondeu.

O governador também contou o motivo de ter sido contra a federação com o PT. Disse que a “aglutinação” com o PT poderia ocasionar o “enfraquecimento de um partido histórico” como o PSB, que teria de lançar menos nomes para deputados federais.

“O pragmatismo de uma federação poderia levar ao enfraquecimento da nossa sigla partidária, da política que a gente preserva. Nós somos aliados do PT, fomos aliados do PDT, mas nós somos diferente. Estamos no campo progressista e ficar quatro anos como partido único, enfrentar eleições municipais, poderia causar um rombo muito forte no PSB”, justificou o socialista.

Casagrande também afirmou que, com relação à aliança nacional entre PT e PSB, alguns ajustes precisam ser feitos nos estados e citou o Espírito Santo como um dos lugares onde há “dificuldade” para esses ajustes. Aqui, o PT tem a pré-candidatura ao governo do senador Fabiano Contarato.

“Nós temos ainda decisões a serem tomadas no Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, São Paulo. Tem uma aliança nacional formada, consolidada, bem organizada. E temos até julho para decidir alguns estados. Poderemos ter os partidos com candidaturas diferentes. Outros estados poderemos ter junções das candidaturas, mas ainda temos muitas pontas a serem organizadas, que eu acho que é natural”, disse Casagrande, que complementou:

“Ninguém pode tirar o desejo de alguém ter uma candidatura, seja ela viável ou não. Cada partido tem que avaliar o que é mais importante para si. Para o PT é mais importante tentar eleger a candidatura à Presidência da Republica, então o PT precisa fazer essa reflexão estado por estado. Já o PSB, que tem candidatos nos estados, tem que avaliar até onde pode ir na aliança com o PT”.

Ciro também questionou Casagrande se ele não vê a polarização como “muito perigosa” para o país. “É perigoso sim, mas não podemos tirar a sabedoria da população. Tudo indica uma polarização, mas vai começar programa de TV, debates, temos uma série de fatos e cenas que vão acontecer. A polarização muitas vezes enfraquece e fragiliza a construção de propostas, isso é uma realidade. Cada candidatura tem que apresentar suas propostas e a sociedade exigir que sejam aprofundadas. Você tem colaborado com esse debate”, disse o governador a Ciro. Em 2018, Casagrande declarou apoio a Ciro Gomes no 1º turno da eleição presidencial.

Fabiana Tostes

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.

Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.