
Sentado ao lado direito do presidente Lula (PT), no palanque montado no Parque de Exposições de Linhares, Norte do Estado, o governador Renato Casagrande (PSB) participou da cerimônia que deu início ao Programa de Transferência de Renda para agricultores familiares e pescadores artesanais atingidos pela tragédia de Mariana, nesta sexta-feira (11).
Casagrande também acompanhou e se somou às críticas feitas por Lula e pelos ministros ao tarifaço anunciado por Donald Trump aos produtos brasileiros.
Reforçando o que já tinha dito em coletiva de imprensa na quinta-feira (10) sobre o assunto, o governador deu total apoio ao posicionamento do governo Lula, mas rejeitou a possibilidade do País fazer um “duelo” de tarifas.
Num discurso breve, no evento, Casagrande disse que a população capixaba está “inteiramente alinhada” com a posição de Lula de defender a soberania nacional.
“O estado do Espírito Santo, a população capixaba está inteiramente alinhada com a posição que você (Lula) já manifestou de defesa da soberania nacional. Estamos alinhados. Nenhum líder de outro país pode tentar interferir nas instituições do nosso País”, disse Casagrande, sob aplausos da plateia.
O governador disse que Lula “não vacilou” e mostrou posição firme na defesa das instituições. “O presidente da República não vacilou na defesa da soberania nacional, e nós do Espírito Santo imediatamente manifestamos o nosso apoio a essa posição firme de defender as instituições brasileiras”.
Sem duelo
Casagrande, porém, é contrário ao que chamou de “duelo de tarifas”. Durante o evento, Lula disse que se as tentativas de negociação fracassarem, que irá utilizar da Lei da Reciprocidade contra os Estados Unidos: “Se não tiver jeito, nós vamos estabelecer a reciprocidade. Taxou aqui, a gente taxa lá. Não tem outra coisa a fazer”, disse Lula, conforme já noticiado pela coluna.
Casagrande frisou que é preciso ter cautela. “Nossa concordância é que não se pode fazer duelo de tarifas: saca uma tarifa de cá, saca uma tarifá de lá. A posição do governo (federal) é correta, avaliando dentro do prazo que tem na Organização Mundial do Comércio, tendo diálogo com setores da sociedade brasileira sobre qual a melhor opção na defesa do povo brasileiro”.
O governador defendeu também a busca por novos aliados: “É posição de firmeza em defesa da soberania e posição de cautela e busca de aliados para poder romper esse absurdo anunciado pelo presidente Trump”.
ES é um dos que mais perdem
O Espírito Santo é um dos estados que mais serão prejudicados se a taxação de 50% em cima da exportação brasileira entrar em vigor.
De acordo com dados da Câmara Americana de Comércio para o Brasil, divulgados pelo jornal Estadão, o Espírito Santo foi o quarto estado do País que mais vendeu (exportou) para os Estados Unidos em 2024 – num total de 3,1 bilhões de dólares, representando 7,6% de toda a exportação brasileira para os americanos.
O Espírito Santo está atrás apenas de São Paulo, que exportou US$ 13,5 bilhões (33,6%); Rio de Janeiro, com exportação na casa dos US$ 7,2 bilhões (17,9%) e de Minas Gerais, que vendeu para os americanos US$ 4,6 bilhões (11,4%).
Hoje, os Estados Unidos são o principal parceiro comercial do Espírito Santo, representando 28,6% de todas as exportações capixabas, segundo a Federação das Indústrias (Findes). A balança comercial é favorável ao Estado em mais de 1 bilhão de dólares, segundo registros do ano passado.
De acordo com a Findes, os setores mais expostos à nova taxação incluem aço, rochas ornamentais, papel e celulose, minério e café. “Todos com forte peso na estrutura econômica capixaba”.
LEIA TAMBÉM:
“Esse País não abaixará a cabeça para ninguém”, diz Lula no ES
Professora vítima de atentado em Aracruz é homenageada em visita de Lula ao ES
Anúncios, caravanas e carona: tudo sobre a visita de Lula ao ES nesta sexta