A cela da Polícia Federal para onde o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi levado neste sábado, 22, fica em um local isolado dos demais presos na Superintendência da PF em Brasília e recebeu sua atual estrutura após uma reforma realizada nos últimos meses.

A cela foi equipada com um banheiro privativo e ganhou uma estrutura que inclui cama, uma mesa com cadeira, televisão e frigobar. Tem aproximadamente 12 m² e fica próximo de uma área onde o ex-presidente poderá tomar banho de sol.

O espaço havia sido preparado pela PF diante da possibilidade de uma eventual prisão preventiva do ex-presidente. Tem uma estrutura nos moldes de uma “sala de Estado Maior”, prevista na legislação.

Ainda há possibilidade de que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes mande o ex-presidente para o Complexo Penitenciário da Papuda no caso da determinação do cumprimento definitivo da sua condenação por tentativa de golpe.

A ação policial foi planejada na sexta-feira, 21, pela Diretoria de Inteligência Policial (DIP), depois que o ministro Alexandre de Moraes proferiu a decisão de prisão preventiva.

Acolhendo a um pedido da Polícia Federal, que citou riscos à ordem pública pela convocação de uma vigília na porta do condomínio de Bolsonaro, Moraes determinou expressamente que a ordem de prisão fosse cumprida na manhã deste sábado sem uso de algemas e sem “exposição midiática”. Esse cumprimento aos finais de semana é atípico mas pode ocorrer em casos de urgência — o ex-ministro Walter Braga Netto também foi preso em um sábado, por exemplo.

Em nota, a defesa de Bolsonaro disse que a prisão causa “perplexidade” e afirmou que a decisão se baseia em uma “vigília de orações”. Os advogados alegam que o ex-presidente já estava detido em casa, “com tornozeleira eletrônica e sendo vigiado pelas autoridades policiais”, e contestam a “existência de gravíssimos indícios da eventual fuga”. Eles também afirmam que o estado de saúde de Bolsonaro é “delicado” e que sua prisão “pode colocar sua vida em risco”. A defesa informou que vai apresentar recurso.

Comandante do Exército ofereceu instalações militares

O ministro Alexandre de Moraes teve uma reunião no último dia 17 com o comandante do Exército, general Tomás Paiva, na qual conversou sobre a possibilidade de prisão do ex-presidente.

Nessa conversa, Tomás Paiva disse a Moraes que o Exército já tinha à disposição “instalações militares” para uma eventual prisão de Jair Bolsonaro, que é capitão reformado. Ele também abordou a possível prisão dos generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio, que foram condenados na ação da trama golpista. Moraes disse ao comandante que não haveria exposição midiática da prisão dos oficiais, mesmo cuidado que adotou neste sábado em relação a Bolsonaro.

Essa conversou ocorreu na casa de Tomás Paiva e também teve a presença do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.