Política

Centrão barra líder do PSDB na pasta de Geddel

Centrão barra líder do PSDB na pasta de Geddel Centrão barra líder do PSDB na pasta de Geddel Centrão barra líder do PSDB na pasta de Geddel Centrão barra líder do PSDB na pasta de Geddel

Brasília – A forte reação do Centrão, que ameaçou bloquear a reforma da Previdência no Congresso, abortou nesta quinta-feira, 8, a nomeação do líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), para comandar a Secretaria de Governo no lugar do ex-ministro Geddel Vieira Lima. O bloco, formado por 13 partidos da base aliada – entre os quais PTB, PSD e PP -, se rebelou por considerar que o Palácio do Planalto articulou uma manobra para ajudar a reconduzir Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Casa.

O presidente Michel Temer chegou a convidar Imbassahy, mas desistiu do anúncio diante da pressão. Temer também ficou contrariado com rumores de que a Secretaria de Governo, sob a gestão do PSDB, terá agora maior peso, assumindo funções antes conduzidas pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, como a negociação da dívida dos Estados e a relação com governadores. Em conversas reservadas, o presidente atribuiu os “vazamentos” ao PSDB e negou que a pasta será “turbinada” para abrigar o partido aliado.

Diante dos ânimos exaltados, até mesmo o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, telefonou para deputados do Centrão e disse que o presidente ainda não havia decidido quem seria o sucessor de Geddel. No fim do dia, o Planalto se viu às voltas com uma nova crise política, escancarada com a revolta de deputados do Centrão, que foram procurar Temer.

Com cerca de 200 parlamentares na Câmara, o grupo alega ter ficado isolado na disputa pela presidência da Casa porque a entrega da Secretaria de Governo a Imbassahy fortalece a candidatura de Maia (DEM-RJ), já que ele terá o apoio do PSDB. A pasta é justamente responsável pela articulação política com o Congresso. Desgastado com o episódio, Temer conversou ontem com Maia, no Planalto.

Representação

O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel, disse que seu partido ficará “subrepresentado” na equipe de Temer. “O PMDB não vai criar problemas para o presidente, mas é natural que, mais adiante, queira o reconhecimento por estar abrindo mão de um espaço importante”, afirmou. “Não vamos disputar a presidência da Câmara e estamos sinalizando boa vontade com Michel, mas logicamente o PMDB precisa sobreviver.”

Geddel caiu no dia 25 do mês passado, após ser acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de interferir indevidamente para mudar decisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) que embargou a construção de um prédio de luxo, nos arredores de uma área tombada, em Salvador.

Se assumir a Secretaria de Governo, o PSDB não apenas ampliará o seu espaço no primeiro escalão, de três para quatro ministérios, como entrará no “núcleo duro” do Planalto. “Trata-se de um posto da maior importância. É o coração político”, afirmou o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).

A decisão de Temer de aumentar o espaço do PSDB na equipe também tem o objetivo de “segurar” o partido no governo. Nos últimos dias, diante do agravamento da recessão, os tucanos fizeram várias críticas à condução da política econômica, sob o argumento de que é preciso ir além do ajuste fiscal.

Proposta

A Secretaria de Governo já havia sido oferecida ao PSDB, mas os tucanos resistiam em aceitá-la, alegando que o posto é uma fonte de desgastes políticos. A preferência dos tucanos sempre foi por maior protagonismo na área econômica. O presidente, porém, não gostou nada de ver seus aliados “fritando” Meirelles e reiterou a confiança no comandante da economia.

Antes desse novo impasse, Temer pretendia anunciar o sucessor de Geddel somente depois das eleições que renovarão o comando da Câmara e do Senado, em fevereiro de 2017. Foi o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que aconselhou o presidente a apressar a nomeação.

O problema é que toda a estratégia do Planalto para esconder o apoio à reeleição de Maia foi exposta ontem, com o “vazamento” da indicação de Imbassahy para a Secretaria de Governo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.